7 de nov. de 2011

O bullying pode ser evitado – Suplemento Especial do jornal O Popular

 

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O suplemento especial de domingo (06/11/2011) do jornal O Popular abordou o tema Bullying, veja abaixo a entrevista com a psicóloga Cida Alves.

 

 

“O bulliyng pode ser evitado”

Você acredita que as pessoas são espontaneamente generosas, respeitosas e solidárias, ou que esses valores devem ser aprendidos e exercitados? Onde fica a escola nisso?

O ser humano não nasce pronto e acabado. Acredito que as experiências e os valores sociais podem tanto potencializar a generosidade como a competição desleal. A construção da generosidade exige atos coerentes do mundo adulto, não adianta proferir lindos discursos sobre ética e solidariedade se não somos modelos exemplares desses conceitos. Mas que falar de fraternidade e cooperação é preciso que os educadores sejam fraternos e colaboradores.

Qual a importância da escola na formação social de seus alunos?

Em um contexto de mudanças nos papéis familiares, em que as mulheres passam a ocupar um lugar de importância no mundo do trabalho, as crianças ingressam cada dia mais cedo e dedicam a maior parte de seu tempo com atividades escolares – assim, este local tem um papel determinante no processo de socialização de meninos e meninas. Ela contribui com parte da identidade de ser e pertencer ao mundo, oferecendo modelos de aprendizagem por meio da aquisição dos princípios éticos e morais. As instituições de ensino deixam de ser meras retransmissoras do saber científico organizado culturalmente e passam a interferir em todos os aspectos relativos aos processos de socialização e individuação da criança, como o desenvolvimento das relações afetivas, a habilidade de participar em situações sociais, a aquisição de destrezas relacionadas com a competência comunicativa, o desenvolvimento da identidade sexual, das condutas pró-sociais e da própria identidade pessoal.

Como os pais podem perceber se a escola se preocupa ou não com a socialização dos alunos?

Um importante indicador é a maneira como professores e direção lidam com as opiniões, as preocupações e sentimentos dos alunos. Ou seja, se a escola possui eficientes e generosos canais de comunicação com os estudantes.  Por isso é importante que os pais se informem sobre o projeto pedagógico e acompanhem de perto as atividades promovidas. Professores e diretores, não podem ignorar as queixas e pedidos de ajuda das crianças que estão sofrendo pela violência cometida por outros colegas. Humilhar, constranger e bater não é apenas uma brincadeira inofensiva de criança. São, sim, violência.

Qual a melhor forma de conduzir a socialização no ambiente escolar?

Considerando os conhecimentos construídos pela área do desenvolvimento infantil e promovendo uma prática pedagógica que entenda a criança como um sujeito de direitos, que precisa participar da construção de seus próprios conhecimentos e, acima de tudo, ser ouvida.  As práticas escolares devem ser mediadas pela cooperação e não pela competição, por isso é importante, também que o projeto político pedagógico da escola se estruture a partir da compreensão de que a criança é um ser singular e, ao mesmo tempo, apresenta múltiplas capacidades que precisam ser desenvolvidas. Ao valorizar apenas a memorização de conteúdos a escola presta um grande desserviço ao desenvolvimento dos estudantes, pois não os percebe como pessoas complexas e de múltiplas inteligências.

Qual é o papel da família na formação social dos filhos?

A escola não pode ser responsabilizada por tudo, ela também tem limites. A família e a sociedade contribuem com a realidade da violência na escola, quando valorizam as formas violentas de resolver conflitos, quando usam de violências físicas e psicológicas na educação e no cuidado familiar. A violência na escola é um reflexo da violência presente no conjunto geral das relações sociais.

Um levantamento feito pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que quase um terço dos estudantes das 26 capitais do país e do Distrito Federal já sofrem algum tipo de bullying? Quais as consequências reais desses números E o que pode ser feito a respeito, dentro da escola nas famílias?

Sim. O bulliyng, como qualquer violência, pode ser evitado. Uma das formas de se evitar o bulliyng é não tratar os alunos como número. A escola precisa de ambientes e momentos que valorizem a relação de confiança e de respeito às diferenças. Se queremos contribuir no processo educativo, com a formação de sujeitos éticos e solidários, não podemos tornar a instituição de ensino um espaço de mero exercício da competição e do individualismo, no qual o que vale é o aluno se dar bem.

Fonte: Jornal O Popular, suplemento “Como escolher a escola do seu filho”, em 06 de novembro de 2011. Edição e textos: Valéria Belém e Karen Farias. Projeto gráfico e diagramação: Lúcio Rodrigues e Marcelo Roriz. Fotos: Cristina Cabral, Sebastião Nogueira, Zuhair Mohamad e Wildes Barbosa.

Um comentário:

  1. A entrevista trata-se de um assunto polemico, eu acho que se o bullying pode ser acabado entao que os cidadãos ajudem.Porque o bullying não pode de ipotese nenhuma acabar so com uma pessoa,todos devem ajudar.Eu tenho nojo das pessoas que praticam o bullying porque eles praticam esse ato mas não sabem a dor de uma pessoa que passa por isso.Parabens aos pais que ajudam os seus filhos a superar isso.

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