24 de fev. de 2019

"This Is America" por Childish Gambino - Isto é Brasil por Luciene Nascimento

  

"Nunca esqueci Soninha Freitas palestrando em bê-a-bá, sobre a complexidade do problema do racismo no Brasil. Ela dizia algo como:
‘Bom exemplo é a construção:
pense em paredes de uma residência, tijolos formam a estrutura com concreto, arquitetura tem formato e aparência. Sociedade é construção e racismo é o cimento, componente estrutural, formador fundamental do interior e do acabamento.’
Nessa fala eu acrescento:
nossa estrutura social foi forjada no sofrimento, houve esforço intencional atuante, fraudulento, apoio internacional à tese do branqueamento, descolorindo e repintando tinta de sangue e caneta; se não branqueou os corpos, alvejou as almas pretas, impôs ao traço apagamento. Resultado: parda, morena, mulata, mestiça, 400 anos de injustiça e a paz se fez mais omissa que a melanina na sua tez?
Então compreenda de uma vez:
se a tua história te pigmenta e a sociedade te lê marginal, a necessidade te orienta a querer justiça racial, mas eu sugiro que seja atenta, não só cortar o eufemismo, mas lutar por protagonismo no que realmente te representa porque se o racismo que experimenta respeita regra geral é mais cruel pra quem aparenta quanto mais preta mais desigual mas há motivo de luta pra todas nós afinal preferida ou preterida preta ou parda IBGE a vantagem é auferida
por quem o sistema racista quer.
Queremos desconstrução porque tentar sugar cimento
sem romper essa estrutura, é como por atadura em anos de adoecimento.
Conserto é planejamento, consciência e postura análise de conjuntura, vontade, conhecimento. Educação rima com coisas muito simples. Rima com escola falando das coisas nossas mas não só em novembro, rima com aprender que questão racial é esforço coletivo, que ter medo da polícia não é por acaso que a propaganda não é inocente, que se a senhora preta não te olha nos olhos pra falar com você doutor é responsabilidade sua educar os seus filhos pra respeitar os meus filhos para que as próximas senhoras pretas não tenham esse peso no olhar [...]" (Luciene Nascimento).
 


16 de fev. de 2019

"Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês" Mangueira - Samba Enredo 2019






Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira - Samba-Enredo 2019




10 de fev. de 2019

Vaca Profana de Caetano Veloso em memória de Sabrina Bittencourt



"Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada

Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada"

Caetano Veloso 

2 de fev. de 2019