30 de out. de 2020

“No princípio era uma cena de felicidade…” - Rubem Alves






 A rosa não mais floresce

 

Faz uns meses, viajei pela Europa por duas semanas. Visitei os lugares que os turistas visitam, vi as obras de arte que os turistas vêem. Coisas lindas, comoventes. Mas não ficaram. Foram logo esquecidas. O que ficou foi um livro que encontrei numa livraria. Comprei. Pinturas e desenhos de um artista que eu não conhecia, Carl Larsson, sueco, nascido em 1853 (Taschen, 1994). O filósofo alemão Ludwig Feuerbach diz que a nossa imagem aparece espelhada naquilo que vemos. Ao ver as telas de Larsson descobri quem sou. Reconheço o gênio de pintores modernos como Picasso, Dali, Miró. Inventaram novas linguagens plásticas. Gênios. Mas eu nunca me vejo refletido nelas. Suas obras me causam assombro. Mas não as amo. Não quereria viver dentro delas. As telas de Larsson, ao contrário, me dariam felicidade se eu estivesse dentro delas. São cenas de felicidade infantil: uma casa com fumaça saindo da chaminé, fogão de ferro com gato e panelas, um quintal com galinhas deitadas no capim, um cachorro diante da porta, crianças nuas nadando, menina com um gato, menina debaixo da mesa, menina pescando, a família colhendo maçãs…

Os críticos de arte, ao examinar uma tela, trazem consigo uma parafernália de informações sobre estilos, influências, técnicas, linguagens. Eles são seres de “consciência crítica”. Eu, ao contrário, me esqueço de tudo o que sei ao olhar as telas de Larson. Viro criança novamente – consciência totalmente ingênua. Nada tenho a ver com os críticos de arte e especialistas em estética que estão em busca das novas linguagens da pintura. Eu gostaria mesmo é de viver dentro das cenas simples que Larsson pinta com precisão e olhar amoroso. Sou um romântico.

“No princípio era uma cena de felicidade…” A alma, no seu lugar mais profundo, é uma cena de felicidade. Viver é sair por aí, ou procurando a cena feliz ou tentando construir a cena feliz. O amor por um homem ou por uma mulher acontece quando, repentinamente, ao ver um rosto, tem-se a impressão de havê-lo visto lá, dentro da cena da alma: “Quando te vi amei-te já muito antes, / Tornei a achar-te quando te encontrei. / Nasci para ti antes de haver o mundo” (Fernando Pessoa). Amamos uma pessoa porque a sua imagem se insere na cena de felicidade que havia na memória “antes de haver o mundo”… A paixão acontece quando o rosto real à minha frente coincide, na minha fantasia, com a imagem perdida que busco (para completar a cena).

Os dois, à mesa do restaurante. A comida e a bebida são desculpas. Os dois estão em busca da imagem perdida. Os rostos são os mesmos. Eles se reconhecem. Os retratos o comprovam. Mas as imagens amadas fugiram dos rostos conhecidos, os mesmos rostos. O poema de Cassiano Ricardo “Teu Retrato” sugere, de forma triste e amorosa, esse escorregar dolorido da imagem amada para fora do rosto conhecido. “Por que tenho saudade/ de você, no retrato, / ainda que o mais recente?/ E por que um simples retrato,/ mais que você, me comove,/ se você mesma está presente?/ Talvez porque o retrato/ (exato, embora malicioso)/ revele algo de criança/ (como, no fundo da água,/ um coral em repouso)./ Talvez porque o seu retrato/ mais se parece com você /do que você mesma ( ingrato).”

Os dois, à mesa do restaurante. A comida e a bebida são desculpas. Os dois estão em busca da imagem perdida. Os rostos são os mesmos. Eles se reconhecem. Os retratos o comprovam. Mas as imagens amadas fugiram dos rostos conhecidos, os mesmos rostos. O poema de Cassiano Ricardo “Teu Retrato” sugere, de forma triste e amorosa, esse escorregar dolorido da imagem amada para fora do rosto conhecido. “Por que tenho saudade/ de você, no retrato, / ainda que o mais recente?/ E por que um simples retrato,/ mais que você, me comove,/ se você mesma está presente?/ Talvez porque o retrato/ (exato, embora malicioso)/ revele algo de criança/ (como, no fundo da água,/ um coral em repouso)./ Talvez porque o seu retrato/ mais se parece com você /do que você mesma ( ingrato).”

Os dois, à mesa do restaurante. A comida e a bebida são desculpas. Os dois estão em busca da imagem perdida. Os rostos são os mesmos. Eles se reconhecem. Os retratos o comprovam. Mas as imagens amadas fugiram dos rostos conhecidos, os mesmos rostos. O poema de Cassiano Ricardo “Teu Retrato” sugere, de forma triste e amorosa, esse escorregar dolorido da imagem amada para fora do rosto conhecido. “Por que tenho saudade/ de você, no retrato, / ainda que o mais recente?/ E por que um simples retrato,/ mais que você, me comove,/ se você mesma está presente?/ Talvez porque o retrato/ (exato, embora malicioso)/ revele algo de criança/ (como, no fundo da água,/ um coral em repouso)./ Talvez porque o seu retrato/ mais se parece com você /do que você mesma ( ingrato).”

Os dois, à mesa do restaurante. A comida e a bebida são desculpas. Os dois estão em busca da imagem perdida. Os rostos são os mesmos. Eles se reconhecem. Os retratos o comprovam. Mas as imagens amadas fugiram dos rostos conhecidos, os mesmos rostos. O poema de Cassiano Ricardo “Teu Retrato” sugere, de forma triste e amorosa, esse escorregar dolorido da imagem amada para fora do rosto conhecido. “Por que tenho saudade/ de você, no retrato, / ainda que o mais recente?/ E por que um simples retrato,/ mais que você, me comove,/ se você mesma está presente?/ Talvez porque o retrato/ (exato, embora malicioso)/ revele algo de criança/ (como, no fundo da água,/ um coral em repouso)./ Talvez porque o seu retrato/ mais se parece com você /do que você mesma ( ingrato).”

Os dois, à mesa do restaurante. A comida e a bebida são desculpas. Os dois estão em busca da imagem perdida. Os rostos são os mesmos. Eles se reconhecem. Os retratos o comprovam. Mas as imagens amadas fugiram dos rostos conhecidos, os mesmos rostos. O poema de Cassiano Ricardo “Teu Retrato” sugere, de forma triste e amorosa, esse escorregar dolorido da imagem amada para fora do rosto conhecido. “Por que tenho saudade/ de você, no retrato, / ainda que o mais recente?/ E por que um simples retrato,/ mais que você, me comove,/ se você mesma está presente?/ Talvez porque o retrato/ (exato, embora malicioso)/ revele algo de criança/ (como, no fundo da água,/ um coral em repouso)./ Talvez porque o seu retrato/ mais se parece com você /do que você mesma ( ingrato).”

 

"A Rosa não mais Floresce" do livro O AMOR QUE ACENDE A LUA de Rubem Alves




Foto: Cena do filme “Viver duas vezes” de María Ripoll

24 de out. de 2020

«La historia es nuestra y la hacen los pueblos»: El último discurso de Salvador Allende #APRUEBO #ConvenciónConstituyente #NuevaConstitucion

 


Amigos míos: Seguramente ésta es la última oportunidad en que me pueda dirigir a ustedes.

La Fuerza Aérea ha bombardeado las torres de Radio Portales y Radio Corporación. Mis palabras no tienen amargura, sino decepción, y serán ellas el castigo moral para los que han traicionado el juramento que hicieron… soldados de Chile, comandantes en jefe titulares, el almirante Merino que se ha autodesignado, más el señor Mendoza, general rastrero, que sólo ayer manifestara su fidelidad y lealtad al gobierno, también se ha nominado Director General de Carabineros. Ante estos hechos, sólo me cabe decirle a los trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar! Colocado en un tránsito histórico, pagaré con mi vida la lealtad del pueblo.

Y les digo que tengo la certeza de que la semilla que entregáramos a la conciencia digna de miles y miles de chilenos, no podrá ser segada definitivamente. Tienen la fuerza, podrán avasallarnos, pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen… ni con la fuerza. La historia es nuestra y la hacen los pueblos.

 

Trabajadores de mi patria: Quiero agradecerles la lealtad que siempre tuvieron, la confianza que depositaron en un hombre que sólo fue intérprete de grandes anhelos de justicia, que empeñó su palabra en que respetaría la Constitución y la ley y así lo hizo. En este momento definitivo, el último en que yo pueda dirigirme a ustedes, quiero que aprovechen la lección. El capital foráneo, el imperialismo, unido a la reacción, creó el clima para que las Fuerzas Armadas rompieran su tradición, la que les enseñara Schneider y que reafirmara el comandante Araya, víctimas del mismo sector social que hoy estará en sus casas, esperando con mano ajena reconquistar el poder para seguir defendiendo sus granjerías y sus privilegios.

 

Me dirijo, sobre todo, a la modesta mujer de nuestra tierra, a la campesina que creyó en nosotros; a la obrera que trabajó más, a la madre que supo de nuestra preocupación por los niños. Me dirijo a los profesionales de la patria, a los profesionales patriotas, a los que hace días estuvieron trabajando contra la sedición auspiciada por los Colegios profesionales, colegios de clase para defender también las ventajas que una sociedad capitalista da a unos pocos. Me dirijo a la juventud, a aquellos que cantaron, entregaron su alegría y su espíritu de lucha. Me dirijo al hombre de Chile, al obrero, al campesino, al intelectual, a aquellos que serán perseguidos… porque en nuestro país el fascismo ya estuvo hace muchas horas presente en los atentados terroristas, volando los puentes, cortando la línea férrea, destruyendo los oleoductos y los gaseoductos, frente al silencio de los que tenían la obligación de proceder: estaban comprometidos. La historia los juzgará.

 

Seguramente Radio Magallanes será callada y el metal tranquilo de mi voz no llegará a ustedes. No importa, lo seguirán oyendo. Siempre estaré junto a ustedes. Por lo menos, mi recuerdo será el de un hombre digno que fue leal a la lealtad de los trabajadores. El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse.

Trabajadores de mi patria: tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo, donde la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre para construir una sociedad mejor. ¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores! Éstas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano. Tengo la certeza de que, por lo menos, habrá una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición.

Salvador Allende








Foto: Divulgação na internet

23 de out. de 2020

Prevenção de Violências na Primeira Infância e Promoção da Saúde Física e Mental – 3ª Semana do bebê da SME de Goiânia

 




Palestra para famílias e educadores, apresentando a relevância do tema. Ministrado por Cida Alves, doutora em educação e psicóloga do Núcleo de Vigilância das Violências e Promoção da Saúde da SMS de Goiânia.

22 de out. de 2020

O Brasil em análise| Contardo Calligaris

“Todas as relações de poder no Brasil são absolutamente habitadas pelo fantasma da escravidão”

Contardo Calligaris



18 de out. de 2020

12 de out. de 2020

Yusuf / Cat Stevens - Where Do The Children Play? (Onde As Crianças Brincam?)


Where Do The Children Play

 

Well, I think it's fine
Buildin' jumbo planes
Or takin' a ride
On a cosmic train.
Switch on Summer
From a slot machine.
Yes, get what you want to, if you want,
'Cause you can get anything.

I know we've come a long way.
We're changin' day to day,
But tell me, where do the children play?

Well, you roll on roads
Over fresh green grass
For your lorry loads
Pumpin' petrol gas
And you make them long
And you make them tough,
But they just go on and on, and it seems
That you can't get off.

Oh, I know we've come a long way.
We're changin' day to day,
But tell me, where do the children play?

Well, you've cracked the sky.
'Scrapers fill the air,
But will you keep on buildin' higher
'Til there's no more room up there?
Will you make us laugh?
Will you make us cry?
Will you tell us when to live?
Will you tell us when to die?

I know we've come a long way.
We're changin' day to day,
But tell me, where do the children play?

Cat Stevens





“Quem acredita em crescimento infinito em um planeta fisicamente finito, ou é louco, ou é economista.”

David Attenborough



10 de out. de 2020

O que políticas públicas intersetoriais podem fazer pela criança? Painelista: Ana Estela Haddad


“Um menino nasceu, o mundo tornou a começar”

Guimarães Rosa









Descrição: O desenvolvimento da criança é contemplado diretamente em objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 ( Organização das Nações Unidas): acabar com a pobreza (ODS 1) e a fome (ODS 2); assegurar vida saudável (ODS 3) e educação inclusiva e de qualidade (ODS 4); e promover a igualdade de gênero (ODS 5), o crescimento econômico sustentável (ODS 8) e a cultura de paz (ODS 16). Os ODS somente serão alcançados por meio da implementação de programas e decisões, públicas ou privadas, que articulem saberes e competências de diferentes áreas do conhecimento. A Profa. Ana Estela Haddad nos apresentará sua perspectiva sobre este tópico.

Mediadores: Profa. Luciane R. R. Sucasas da Costa (Faculdade de Odontologia – UFG), Profa. Naraiana de Oliveira Tavares (Faculdade de Educação - UFG) e Prof. Paulo Sérgio Sucasas da Costa (Faculdade de Medicina – UFG).

Painelista:

Ana Estela Haddad, que tem expertise na temática da primeira infância, com destaque para: No período de 2013-2016, coordenou a Política Municipal para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância na Cidade de São Paulo - São Paulo Carinhosa, com o objetivo de promover o desenvolvimento físico, motor, cognitivo, psicológico e social das crianças com idade entre 0 (zero) e 6 (seis) anos. Desde 2019, é membro da Red Líderes por La Primera Infancia, na América Latina, liderada pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, com apoio da Bernard van Leer Foundaiton e da Children's Investment Fund Foundation.

Marta Maria Alves da Silva: Médica pela UFG. Mestre em Saúde Coletiva pela UNICAMP. Especialista em Epidemiologia pela Universidade John Hopkins. Coordenou a Área de Vigilância e Prevenção de Violências no Ministério da Saúde (2005 a 2016). Atualmente trabalha no Núcleo de Vigilância às Violências e Promoção da Saúde da SMS Goiânia e no Hospital das Clínicas da UFG.

Realização: Faculdade de Odontologia da UFG

Parcerias: Faculdade de Medicina e Faculdade de Educação da UFG Gestão do Canal UFG Oficial: Pablo Lisboa; Ana Paula Vieira; Fabrício Soveral; Marina Sousa; Wesley Menezes

Foto: Criança do grupo indígena Paiter Surui no Brasil - reprodução internet

9 de out. de 2020

"Prevenção de violências na Primeira Infância e promoção da saúde física e mental" - 3ª Semana do Bebê da SME de Goiânia

 



“Quem Educa Marca o Corpo do Outro”

Fátima Freira Dowbor






Tema: "Prevenção de violências na Primeira Infância e promoção da saúde física e mental"

Painelista: Dra. Cida Alves.

Objetivo: dialogar com pais e educadores sobre o desenvolvimento infantil e os impactos das violências na Primeira Infância e apresentar os conceitos de Estresse Tóxico e as Práticas Parentais Positivas. É possível e muito prazeroso a longo prazo educar as crianças sem violências físicas e psicológicas. 


Foto: XI Jogos dos Povos Indígenas 2011 - Ministério do Esporte, Governo Federal do Brasil

5 de out. de 2020

Promoção da Saúde e do desenvolvimento infantil saudável e alimentação segura e saudável - 3ª Semana do Bebê da SME de Goiânia

Cantiga da babá

Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de caracóis.
Mas ele quer cortar o cabelo,
porque é pescador e precisa de anzóis.
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
Eu queria dar ao menino
uma casinhas de arame e algodão.
Mas ele diz que não pode ser anjo,
pois todos já sabem que ele é índio e leão.
(Este menino está sempre brincando,
dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um anjo escondido,
um anjo que troça de mim.)

Cecília Meireles




Tema: "Promoção da saúde e do desenvolvimento infantil saudável e alimentação segura e saudável"

Painelistas: Marta Silva e Adriana Crispim.

Objetivo: Apresentar aos pais, gestores(as) e profissionais da saúde, educação e assistência social e cuidadores(as) de crianças a importância da educação positiva e do fortalecimento dos laços parentais na primeira infância como o objetivo de se promover saúde, promover o desenvolvimento infantil saudável e prevenir doenças, violências e outros agravos à saúde. Dentre as ações promotoras de saúde, se destacará a importância do aleitamento materno e da alimentação saudável e segura. 


1 de out. de 2020

Prevenção e diagnóstico precoce de violências sexuais contra crianças - #3ªSemanadobebê SME de Goiânia



O Núcleo de Vigilância das Violências e Promoção da Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia, em parceria com a UFG Reitoria Digital, participará da 3ª Semana do Bebê – Conectados Pela Primeira Infância promovida pela Secretaria Municipal de Educação.


Tema: "Prevenção e diagnóstico precoce de violências sexuais contra Crianças" - 
Painelista: Dra. Cida Alves.


Objetivo: dialogar com pais e educadores sobre o desenvolvimento infantil, prevenção primária de violências sexuais, sinais e sintomas das violências e orientações quanto aos cuidados com as vítimas.