29 de mar. de 2020

Uma vida iluminada - Liev Schreiber


 
Tristes guerras

Tristes guerras
si no es amor la empresa.

Tristes. Tristes.

Tristes armas
si no son las palabras.

Tristes. Tristes.

Tristes hombres
si no mueren de amores.

Tristes. Tristes.

Miguel Hernández





14 de mar. de 2020

"Marielle, presente!" de Daniel Fernandes



Marielle, presente!

Jamais calarão a tua voz
Cada palavra tua
É a multidão nas ruas
Gritando teu nome
Pelos que tem fome
De viver em paz
Jamais apagarão o teu olhar
Esse poder lunar
Movendo as marés
Pra inundar o Rio
O asfalto, a praça, a Avenida
Brasil
Teus filhos não fogem à luta
A bala não cala a fala
E nem mata o amor
Teu nome no muro
É a morte do algoz
Sob o poder do sol
E viverás em nós
Presente
Porque somos nós

Daniel Fernandes





13 de mar. de 2020

“Jogo do Corona Vírus” de Narwal Tabarca ensina as crianças a lavarem as mãos




Olá!

Eu sou Cida Alves, psicóloga, doutora em Educação. Trabalho na área da saúde, na Prefeitura de Goiânia (GO). Administro o blog “Educar Sem Violência”.


Normalmente, eu me dirijo a vocês para tratar de temas que envolvem o sofrimento emocional, psíquico de pessoas que estão em situação de violência.

Hoje, excepcionalmente, vou tratar de outro assunto, também ligado à saúde, mas totalmente fora do foco do blog. Trata-se do Corona Vírus, tema igualmente importante, e já classificado como uma pandemia.


Nesse sentido, eu ressalto a importância de buscarmos informações, com respaldo científico, para nos proteger da doença causada pelo vírus. Procure dados em institutos de saúde conceituados, de referência. Ouça profissionais sérios, que são do campo científico. E jamais reproduzam notícias que não venham de fontes seguras e éticas. Não compartilhem informações duvidosas e alarmantes em suas redes sociais ou em sua convivência familiar, de trabalho etc. Isso só gera medo e em nada ajudará nas medidas de prevenção do vírus. Pânico, agora, não vai ajudar em nada!


Vou tentar falar aqui de como ocorre a transmissão do Corona Vírus. É importante conhecermos esse processo para depois entendermos as medidas de proteção.


A transmissão do Corona Vírus se dá a partir das gotículas da saliva de pessoa que foi infectada. Portanto, uma medida importante é cumprir a etiqueta respiratória. Sempre que for tossir ou espirar (evitando a difusão das gotículas da saliva pelo ar), use um lenço de papel. Ou então, procure tossir com a boca colada no seu braço ou dentro da sua própria blusa. Nunca tossir sem uma proteção ou anteparo. 


Se você estiver com os sintomas de tosse seca e espirro, procure ficar mais resguardada. Fique em casa. Evite locais com grandes aglomerações de pessoas e sem ventilação. Caso os sintomas não desapareçam busque um atendimento médico. 


Agora, a mais importante de todas as medidas de proteção: lavar as mãos. Faça isso durante várias vezes ao dia, principalmente se vier de locais de grandes aglomerações. Pensando nessa ação preventiva, que deve ser feita de forma metódica, que compartilho aqui o “Jogo do Corona Vírus”. Você poderá ensinar esse jogo às suas filhas e aos seus filhos, sobrinhas e sobrinhos e alunas e alunos – para que todos aprendam a lavar as mãos, de forma correta e eficiente, ao longo do dia.


O “Jogo do Corona Vírus” foi criado pela enfermeira Narwal Tabarca e nós fizemos uma adaptação para o português. Seu objetivo é, prioritariamente, ensinar a criança a lavar as mãos, durante todo o dia. Isso é feito por intermédio da brincadeira, sem uso do medo e mantendo o vínculo positivo com ela. Mas, ressalto, o jogo vale pra todos, de qualquer faixa etária.


Com o aprendizado do “Jogo do Corona Vírus”, nós estaremos protegendo não só as nossas crianças, mas todos aqueles indivíduos mais vulneráveis a essa doença, que são os idosos, e as pessoas que apresentam algum tipo de doença crônica, como diabetes, problemas cardíacos e respiratórios.

Agora, uma última dica: vamos evitar os abraços, os beijos, os contatos mais íntimos – pelo menos por enquanto. Vamos fazer esse sacrifício até que se consiga controlar essa pandemia. Pois, essas atitudes podem valer uma vida. Mas nada de pânico, nem exageros.


Depois que passar essa onda do Corona Vírus a gente pode voltar

a abraçar, beijar, dar chamego... Atitudes, vocês sabem, marcantes do brasileiro. Eu mesma sou assim: adoro abraçar, beijar, ser calorosa. Sou, sem dúvida, uma pessoa do contato.


Mas, por enquanto, ficam aqui só minhas palavras, minhas dicas, que espero sejam úteis. O abraço virá depois. E muito obrigada!

11 de mar. de 2020

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás homenageia mulheres goianas com Comenda Berenice Teixeira Artiaga - Pronunciamento de Cida Alves


“É vergonhoso que o Brasil seja o quinto país mais violento contra mulheres em um ranking de 83 países. Em 2019 ocorreram 1.314 feminicídios. Um a cada 7 horas. Um aumento de 12% em relação ao número de casos registrados em 2015, ano em que foi sancionada e entrou em vigor a lei do feminicídio.

O estado de Goiás, vergonhosamente, é o segundo mais violento para meninas e mulheres. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás dão conta de que ocorreram, em 2019, aqui 781 estupros; 15.599 ameaças; 10.497 lesões corporais e 9.441 crimes contra a honra, que são a calúnia, a difamação e a injúria contra nós, mulheres. Aconteceram ainda 40 feminicídios no estado.

É preciso lembrar ainda que de cada 13 mulheres assassinadas no Brasil, oito são negras. Mais de 60% das mulheres que denunciam violência doméstica utilizando o ligue 180 do Governo Federal são negras. Elas são as maiores vítimas de homicídio e de feminicídio no Brasil. São crimes cometidos em função da raça e do gênero”.

Adriana Accorsi – Deputada Estadual (PT – Goiás)













Boa tarde a todas e a todos!

Mais um 8 de março passou e estamos aqui nos questionando se este é um momento de comemoração ou não.  O que sabemos é que graças à luta de tantas mulheres, temos direitos à voz, à educação, ao trabalho, ao voto, à participação em todos os espaços de poder. Contudo, ainda temos um caminho muito longo a percorrer até a igualdade que sonhamos.

Pesquisa divulgada esta semana dá conta de que o mercado de trabalho brasileiro é injusto com as mulheres. Apesar do cenário ter melhorado desde 2018, quando dados do IBGE apontavam que as mulheres recebiam 70% dos rendimentos pagos aos homens na mesma função, a diferença ainda é muito grande.

A Agência Brasil divulgou esta semana que a diferença, antes de 30%, agora é de 47,24%, com os homens ganhando, em média, r$ 3.946 e nós, mulheres, r$ 2.680.

Neste cenário de desigualdade social, a mulher ainda é a responsável pelas tarefas domésticas, pela educação dos filhos, na maioria dos lares, enfrentando jornadas duplas e até triplas de trabalho.

A diferença de oportunidades para a mulher trabalhadora, para a mulher que estuda para se qualificar é muito grande.  A mulher vence, mas sabe todo o sacrifício que fez para que isso ocorra. Somos guerreiras!

É vergonhoso que o Brasil seja o quinto país mais violento contra mulheres em um ranking de 83 países. Em 2019 ocorreram 1.314 feminicídios. Um a cada 7 horas. Um aumento de 12% em relação ao número de casos registrados em 2015, ano em que foi sancionada e entrou em vigor a lei do feminicídio. 

O estado de Goiás, vergonhosamente, é o segundo mais violento para meninas e mulheres. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás dão conta de que ocorreram, em 2019, aqui 781 estupros; 15.599 ameaças; 10.497 lesões corporais e 9.441 crimes contra a honra, que são a calúnia, a difamação e a injúria contra nós, mulheres. Aconteceram ainda 40 feminicídios no estado.

É preciso lembrar ainda que de cada 13 mulheres assassinadas no Brasil, oito são negras. Mais de 60% das mulheres que denunciam violência doméstica utilizando o ligue 180 do Governo Federal são negras. Elas são as maiores vítimas de homicídio e de feminicídio no Brasil. São crimes cometidos em função da raça e do gênero.

Todos ficamos estarrecidas com a morte brutal da gerente de supermercado Fernanda Souza, de 33 anos, que desapareceu em bela vista dia 19 de fevereiro deste ano e foi morta a pauladas pelo namorado, um rapaz de 22 anos que ela havia conhecido há pouco tempo. Ele foi preso no Tocantins, confessou o crime, indicou onde havia abandonado o corpo e suicidou-se na cadeia. Este caso chocou goiás e o Brasil, demonstrando a crueldade destes crimes que tanto fazem as famílias sofrerem hoje.

É importante ter mulheres em todos os espaços de poder para que possamos pautar e trazer à tona os nossos sofrimentos, sonhos e necessidades. É de minha autoria, por exemplo, a lei que reserva vagas de empregos para as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar nas empresas prestadoras de serviços em Goiás, projetos de lei que garantem a aplicação de medida coercitiva administrativa ao agressor para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher e que institui uma campanha permanente de combate ao machismo e à valorização das mulheres na rede pública estadual de ensino. Está em andamento nesta casa, projeto de lei de minha autoria também que proíbe pessoas condenadas pela Lei Maria da Penha serem contratadas como comissionadas no estado.

Muitos projetos e leis aprovadas para favorecer as mulheres são resultado de um trabalho árduo aqui na Assembleia Legislativa, onde apenas a deputada Lêda Borges e eu representamos o universo feminino goiano. É preciso aumentar o número de mulheres na política. Ocupamos apenas 20% das cadeiras nos legislativos municipais, estaduais e no federal. Somos minoria, apesar de representarmos a maior parcela dos eleitores brasileiros. É preciso conquistar mais espaços de poder em sindicatos, associações, empresas, governos.

Comemorar o 8 de março e tudo o que ele representa é fortalecer a luta por direitos e por igualdade de oportunidades. A luta é para fortalecer as estruturas de combate à violência como delegacias de atendimento à mulher, por exemplo.

Em Goiás, apenas 10% das cidades goianas possuem DEAMS e em muitas faltam estrutura, faltam delegados, não funcionam nos finais de semana ou à noite. Não cumprem sua finalidade. É preciso estruturá-las. É preciso fazer abrigos para mulheres e seus filhos vítimas de violência doméstica e, com uma rede de apoio, transformar a vida dessas famílias.

Importante também é transformar a cultura machista, origem de toda essa violência contra a mulher. Fazer entender que a mulher não serve ao homem, que ela não é um objeto de prazer. Quero chamar a atenção dos homens goianos. Esta luta contra a violência contra a mulher é deles também porque a mulher agredida ou morta pode ser, a qualquer momento, a mãe, a esposa, a filha dele. É preciso romper com hábitos machistas no dia a dia, como piadas que desvalorizam mulheres, que inferiorizam o papel da mulher na nossa sociedade. É salutar que modifiquem esses comportamentos que reforçam o machismo.

Estamos em um momento muito perigoso no nosso país. O Governo Federal, que além de cortar recursos, de fechar a secretaria especial de políticas públicas para a mulher, cortou todos os recursos que vinham para estados e municípios para projetos de combate à violência contra a mulher, e, com suas falas e atitudes, demonstra ódio e desprezo pelas mulheres e isso repercute na sociedade como um mau exemplo, e com certeza é um dos fatores para a gente ter hoje o maior número de feminicídios de nossa história.

Exigimos respeito e isso passa por direitos iguais no trabalho, em casa, nas leis. Respeitem nossa dignidade e a nossa vida!

Por isso tudo é tão importante reconhecer hoje a luta de duas mulheres que dedicam suas vidas a esta luta, tenho a honra de homenagear com a comenda Berenice Artiaga as queridas Maria Aparecida Alves, psicóloga, doutora em educação pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás em intercâmbio com a Univerdat de Barcelona e que há mais de 20 anos atua no atendimento às pessoas em situação de violência. Integrante da Rede "Não bata. Eduque!". Minha querida amiga Cida Alves é psicóloga do Núcleo de Vigilâncias das Violências e de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Aaúde de Goiânia e administradora do blog Educar Sem Violência e cofundadora do Bloco Não é Não, em Goiânia. 


Homenageio hoje também a querida e combativa jornalista, membro da Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, ativista e artesã licoreira, Laurenice Noleto. Nonô Noleto tem décadas de trabalho como ativista dos direitos das mulheres no estado de Goiás. Ela é formada pela Universidade Federal de Goiás. Foi a primeira editora do telejornal da TV Brasil Central, onde trabalhou por 23 anos, tendo chegado à direção geral do complexo de comunicação (rbc-am, rbc-fm e tbc). Trabalhou em Brasília, na cobertura da constituinte, em 1988, para a folha de São Paulo e Correio Braziliense. De volta à Goiânia, trabalhou por quase 5 anos como correspondente regional do jornal o Estado de São Paulo. Reafirmo aqui que é uma honra para mim homenagear essas duas amigas, que tanto fizeram pelas mulheres em Goiás. 


Vamos continuar a luta por igualdade, companheiras, para que em breve possamos comemorar sem ressalvas o 8 de março!
Obrigada a todas e a todos!

Deputada Estadual Adriana Accorsi – PT Goiás
 

 






Fotos: Corado, Maianí Gontijo e Michelly Matos - Goiânia, Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, 10 de março de 2020.