30 de set. de 2012

A beleza é sempre maior que qualquer enquadre!

 

Belezas diferentes 2

 

 

A autêntica beleza é rebelde, insubordinada, surpreendente e jamais se deixa capturar pelas amarras dos padrões impostos.

 

Belezas diferentes 3

28 de set. de 2012

Atletas de nado sincronizado da espanha denunciam treinadora por maus tratos e assédio moral

 

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“A prática da violência, como toda ação, muda o mundo, mas a mudança mais provável é para um mundo mais violento (ARENDT, 1994, p.58).

Todo ato violento está orientado por uma razão instrumental, ou seja, uma crença irrefutável e amoral de que o fins justificam os meios.


Abaixo alguns depoimentos das atletas:

“Ana Violán, que fez parte da equipe até 2007, contou que uma vez estava passando mal e pediu à treinadora para sair da piscina porque sentia vontade de vomitar. ‘Não, engole porque ainda resta uma hora e meia para terminar (o treino)’, foi a resposta que recebeu. ‘Se sair, você vai para casa e não precisa voltar, completou Anna Tarrés, segundo relato de Violán.

’Fora da água, sua gorda! Vai procurar um psicólogo! Nem venha fazer o próximo (exercício), se você come tudo que se move!’ Segundo as atletas, essas eram frases comuns proferidas por Tarrés. A denúncia começou com a nadadora Paola Tirados, que colocou um texto na internet. Em seguida ela recebeu apoio de outras 14 colegas, que assinaram o manifesto”.

“As nadadoras reconhecem o valor dos resultados obtidos pela treinadora. Mas explicam que decidiram contar suas histórias para revelar o sofrimento que ficou ‘escondido sob as medalhas. E explicam por que se mantiveram caladas e só decidiram levar à tona o que viveram depois que Anna Tarrés foi demitida. ‘Nós mesmas temos parte da culpa’, admitem. ‘Achávamos que Anna era uma figura inatingível. Ou você estava com ela, ou contra ela. E estar contra ela era despedir-se da própria carreira’, escreveram”.

Veja a mais AQUI



REFERÊNCIA:

ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: Relume-Damara, 1994.

 


 

26 de set. de 2012

Violência na educação de crianças um passado que insiste em não passar.

 

Montaigne

“Em vez de convidar as crianças para as letras, na verdade não se mostra a elas mais do que crueldade e horror. Eliminem a violência e a força: nada há, em minha opinião, o que envileça tanto uma natureza bem-nascida. Se desejas que sinta temor pela vergonha e pelo castigo, não lhe habitues a isso” (Montaigne, 1533 - 1592).

 

Em pleno século XXI: professor no Egito “educa” crianças pequenas com castigos físicos.

 

 

Em pleno século XXI: escola no EUA usa eletrochoque como método aversivo em adolescente portador de necessidades especiais.

 

Vídeo, que mostra jovem amarrado, foi feito em 2002 mas só divulgado agora em 2012.

 


Americana processa escola que usa choque para tratar filho deficiente

Uma americana está processando a escola onde havia matriculado seu filho deficiente após descobrir que ele foi amarrado e recebeu choques elétricos. A prática foi documentada em vídeo em 2002, mas as imagens só foram divulgadas neste ano. Segundo veículos de imprensa dos Estados Unidos, Andre McCollins, então com 18 anos, também foi mantido em uma sala, sem alimentação, durante sete horas.

O jovem estava matriculado na Judge Rotenberg Center, uma escola para alunos com necessidades especiais de Canton, Massachusetts. A instituição defende o uso dos choques como aversivos, argumentando que são uma alternativa a medicamentos, isolamento ou expulsão em casos de distúrbios severos de comportamento. A terapia, porém, foi questionada pela ONU, segundo a rede de TV ABC.

Veja reportagem completa AQUI

 


24 de set. de 2012

Quem tem medo da Ira Muçulmana?

 

A capa de uma revista dos EUA (veja acima) mostra a posição obtusa da mídia de massa nas duas últimas semanas: um mundo muçulmano está ardendo em um sentimento de ira contra o ocidente por conta de um filme islamofóbico e hordas de manifestantes violentos pelas ruas ameaçam a todos nós... Mas é verdade isso? Cidadãos e as novas mídias estão respondendo, e o site Gawker fez uma sátira brilhante desta onda mostrando imagens alternativas à "ira muçulmana" (no Twitter, várias pessoas responderam à 'hashtag' #MuslimRage, usada ao longo deste artigo):

 

 

7 coisas que não lhe contaram sobre a "#MuslimRage":

Como qualquer pessoa, a maioria dos muçulmanos acharam o vídeo islamofóbico de 13 minutos de má qualidade e ofensivo, e os protestos se espalharam rapidamente, tocando em feridas compreensíveis e duradouras sobre o neo-colonialismo dos EUA e a política externa ocidental no Oriente Médido, assim como a sensibilidade religiosa no que diz respeito a representações do profeta Maomé. Mas frequentemente a cobertura de mídia omite algumas informações importantes:

  1. As estimativas iniciais mostram que a participação em protestos contra o filme representam de 0,001 a 0,007% da população mundial de muçulmanos: 1.5 bilhão de pessoas - essa porcentagem representa uma pequena fração do número de pessoas que marcharam pela democracia durante a Primavera Árabe.
  2. A grande maioria dos protestos foram pacíficos. As violações das embaixadas estrangeiras foram quase todas organizadas ou nutridas por indivíduos do movimento salafista, um grupo radical islâmico que se preocupa mais com destruir os grupos islâmicos populares moderados.
  3. Oficiais líbios e americanos de alto escalão estão divididos sobre se o assassinato do embaixador dos EUA na Líbia foi planejado previamente para coincidir com o aniversário do 11 de setembro, e portanto não estaria relacionado com o filme.
  4. Além dos ataques feitos pelos grupos militantes radicais na Líbia e Afeganistão, uma avaliação das notícias atuais feita no dia 20 de setembro sugeriu que os manifestantes mataram, ao todo, zero pessoas.
  5. Quase todos os líderes mundiais, muçulmanos ou ocidentais, condenaram o filme, e quase todos eles condenaram qualquer tipo de violência que possa vir a acontecer enquanto resposta.
  6. O papa visitou o Líbano no auge da tensão, e líderes do Hezbollah participaram do sermão papal, abstiveram-se de protestar sobre o filme até que a santidade deixasse o local, e clamaram por mais tolerância religiosa. Sim, isso aconteceu.
  7. Após o ataque em Bengazi, cidadãos comuns foram às ruas da cidade e em Tripoli com cartazes, muitos deles escritos em inglês, com pedidos de desculpas e afirmando que a violência não os representava, nem sua religião.


Além dos pontos listados acima, há um grande número de notícias que foram ignoradas pela mídia na semana passada para dar margem a capa da revista Newsweek, a #MuslimRage e a cobertura dos conflitos. Na Rússia, dezenas de milharesprotestaram nas ruas de Moscou contra o presidente russo Vladimir Putin. Centenas de milhares de portugueses e espanhois marcharam em protestos contra austeridade; e mais de um milhão de catalãos marcharam por independência.


Ira Muçulmana ou Estratégia Salafista

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Conheça o Sheikh Abdallah, o apresentador de TV salafista que divulgou publicamente o filme. Foto: Ted Nieter

O filme "A Inocência dos Muçulmanos" foi escolhido e distribuído com legendas por Salafistas da extrema direita - seguidores radicais de um movimento islâmico apoiado há muito tempo pela Arábia Saudita. O filme era uma produção barata, desastre no YouTube até que o apresentador de TV egípcio salafista, Sheikh Khaled Abdullah (à cima) começou a divulgá-lo para seus espectadores no dia 8 de setembro. A maioria dos muçulmanos insultados ignoraram o filme ou protestaram pacificamente, mas os salafistas, de posse de suas bandeiras pretas, lideravam os provocadores dos protestos mais agressivos que invadiram embaixadas. Os líderes do partido salafista egípcio participaram do protesto em Cairo que culminou na invasão da embaixada dos EUA.

Como a extrema direita nos EUA ou na Europa, a estratégia salafista e arrastar a opinião pública para a direita, aproveitando-se de oportunidades para espalhar o ódio e demonizar os inimigos de sua ideologia. Essa abordagem lembra muito o apelo anti-muçulmano do pastor americano Terry Jones (o primeiro a divulgar o filme no Ocidente) e outros extremistas nesse lado do mundo. Entretanto, nas duas sociedades os moderados ultrapassam (e muito!) em número os extremistas. Uma figura pública da Irmandade Muçulmana do Egito (o mais forte e popular oponente político dos salafistas no Egito) escreveu um artigo no New York Times dizendo: "Não responsabilizamos o governo americano ou seus cidadãos pelos atos daqueles que abusam das leis que protegem a liberdade de expressão".

 

A boa cobertura jornalística

Um solitário grupo de jornalistas e acadêmicos se aproximaram dos protestos com a intenção de entender de verdade as forças por trás das manifestações. Entre eles, Hisham Matar, que descreve com afinco a tristeza na cidade de Benghazi após a morte do embaixador Steven, e Barnaby Phillips, que explora como os conservadores islâmicos manipularam o filme em prol de si mesmos. A antropóloca Sarah Kendzior alerta para que não se trate o mundo muçulmano como uma unidade homogênea. E o professor Stanley Fish aborda a seguinte questão: porque tantos muçulmanos são tão sensíveis a representações muito pouco lisonjeiras do Islã.

Fonte: equipe da Avaaz - publicado em 20 de setembro de 2012.

23 de set. de 2012

Achadouros de infância….

Estimado leitor para encantar o seu domingo deixo o olhar sensível sobre a infância do poeta mato-grossense Manoel de Barros e do filme francês “Les Choristes”. Um olhar azul que é capaz de enxergar nas crianças música e poesia.

 

Menino azul

“As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis:

Elas desejam ser olhadas de azul

Que nem uma criança que você olha de ave”.

Manoel de Barros

 

Meninas cereias

 

“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade. Mas o que eu queria dizer sobre o nosso quintal é outra coisa. Aquilo que a negra Pombada, remanescente de escravos do Recife, nos contava. Pombada contava aos meninos de Corumbá sobre achadouros. Que eram buracos que os holandeses, na fuga apresssada do Brasil, faziam nos seus quintais para esconder suas moedas de ouro, dentro de grandes baús de couro. Os baús ficavam cheios de moedas dentro daqueles buracos. Mas eu estava a pensar em achadouros de infâncias. Se a gente cavar um buraco ao pé da goiabeira do quintal, lá estará um guri ensaiando subir na goiabeira. Se a gente cavar um buraco ao pé do galinheiro, lá estará um guri tentando agarrar no rabo de uma lagartixa. Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos (...)” (Manoel de barros).

 

 

 

 

“Como uma carícia no oceano

O leve pouso da gaivota

Nas pedras de uma ilha submersa

A efêmera brisa do inverno

Enfim o seu sopro gelado se foi

Longe nas altas montanhas

Encara o vento e abre as asas

Na aurora cinza do leste

Acha um caminho para o arco-íris

E a primavera vai se revelar

Calmamente sobre o oceano”.

“Les Choristes”

 

 

 


 

Resenha Crítica do filme “A voz do Coração”

(“Les Choristes” - França- 2004)

“A voz do coração”, filme de Christophe Barratier, reporta à França da década de 40 – mais precisamente em 1949, três anos após o término da 2ª Guerra Mundial-, fase em que muitas mulheres, no período do conflito bélico, sofreram abusos sexuais, violências físicas, psíquicas e muitos de seus maridos e filhos foram mortos nos combates. Resultado disso: muitas crianças nasceram fruto dos muitos estupros; outras foram abandonadas ou tiveram seus pais mortos; outras entregues ao internato, pois, diante da grande quantidade de homens mortos devido à guerra e a economia está em colapso, as mulheres tiveram que largar suas vidinhas domésticas e abrir mão da educação familiar de seus filhos; passaram a arregaçar as mangas nas fábricas caso não quisessem morrer de fome. Não faltou, nessa época, propagandas elegantes e cartazes convidativos incentivando o quão maravilhoso e honroso para o Estado era o trabalho feminino.

Diante disso, de todo esse contexto social, o filme narra a história dessas crianças órfãs, delinqüentes ou sem aparente futuro que vivem em uma instituição de ensino no qual, pode ser observado, não há uma preocupação com o ensinar, naquilo que envolve uma educação que capacite os alunos a refletirem os diversos assuntos de forma crítica, mudança de comportamento, assimilação de valores éticos e morais para se tornarem cidadãos de fato.

No colégio - se é que pode chamar aquela instituição de colégio, pois concernente a seus métodos repressores assemelha-se tranquilamente a um reformatório - observa-se, logo na entrada, os seguintes dizeres: “No fundo do poço”. Ou seja, teria realmente essa instituição um olhar social na intenção de compartilhar e trabalhar a aprendizagem e sua avaliação, respeitando os seres humanos que ali se encontram? É lógico que não! O que se observa em “A voz do coração”, antes da chegada do professor de música, Clémente Mathieu, é justamente o contrário, o que se verifica é uma educação repressora.

Se pensarmos numa suposta didática daquela instituição - e quando digo suposta é por perceber que não há nada que se assemelhe ao conteúdo e a teoria da qual a didática carrega em si , como, por exemplo, planejamento e estratégias adotadas pela equipe docente na intenção de estabelecer de forma significativa o ensino e a aprendizagem- verifica-se, portanto, que as experiências dos alunos naquele local é totalmente inversa, basta, para tanto, observar o lema pelo qual o diretor Rachin se baseia: “ação e reação” como método de correção. Tudo isso para que os internos possam aprender a se comportarem, caso contrário, seriam confinados em uma solitária. Método esse que tende a adestrar os alunos no objetivo de adquirir deles bom comportamento advindo do medo, da repressão e, tendo como resposta: crianças agressivas, com baixa estima por não encontrar naquele ambiente nenhuma afetividade ou algo que o incentive e estimule para o processo de socialização.

A chegada do professor de música, por sua vez, e através dele, o ensino adquire novo enfoque: tem-se agora um profissional que conduzirá os alunos a perceberem uma nova realidade bem diferente do que a instituição impunha, avaliará suas habilidades fazendo com que, dentro de um aspecto humanístico e de afeto ante aos alunos, promova a auto-estima em cada um, se sentindo úteis e, não, como sendo parte do mobiliário de uma sala de aula.

É muito comum hoje em dia, e basta observar dentro da sala de aula, certos alunos quietinhos no canto, não falam, não participam de certas atividades e muitos dos professores nem se quer procuram saber o porquê daquilo. Não se interessam, configurando numa espécie de abandono de forma indireta por meio desse profissinonal. No filme, tal aspecto também é abordado de forma crítica em relação ao aluno que , não possuindo uma voz adequada para o canto, mesmo assim, não foi posto de lado, mas aproveitado uma outra habilidade sua para que este não se sentisse abandonado, excluído das atividade. Apesar da situação e cena se mostrarem engraçadas, esse aluno, que não possuía habilidade alguma para o canto, acaba ajudando o professor servindo de “estante”, digamos assim, para segurar a partitura. De uma forma ou de outra, ele também estava atuando junto à turma.

Ser professor não é somente transmitir o conteúdo da disciplina, mas deve estar atento aos seus alunos, as suas pontencialidades e dificuldades, orientando-os a construírem o conhecimento necessário para uma vida social mais digna. É capacitar, ajudar a se tornarem sujeitos pensantes e não repetidores de uma gama de informações.

Diante disso, é importante que o profissional de educação perceba e desenvolva as habilidades que cada um de seus alunos possuem; isto deve ser trabalhado e desenvolvido no discente para que este não veja a escola como um lugar enfadonho e sem perspectiva.

O longa de Christophe Barratier, como foi analisado aqui, aborda a educação em seus vários aspectos, e, dentro deles, cito dois por serem expressivos: as atitudes autoritárias por parte do diretor da instituição que se estabelece na incoerência dos tratos com os alunos, falta de respeito ante ao ser humano e imposição pessoal para prevalecer o que ele acha que é certo; e o segundo aspecto envolve as atitudes humanísticas cujos elementos principais deve inserir afetividade, respeito e dedicação, contribuindo de forma significativa para melhorar a auto estima do aluno e, com isso, estimular a confiança em ultrapassar suas dificuldades de aprendizagem e superação de obstáculos que cada idade exige.

Portanto, eis um excelente filme que demonstra que, acima de tudo, o amor, a bondade, o respeito e, principalmente, a sensibilidade e a compreensão devem fazer parte de qualquer currículo e método de ensino no caminhar do profissional de educação.

Fonte: Poesia em Si

20 de set. de 2012

Minha solidariedade a Isadora Faber e o seu audaz “Diário de Classe”

 

Diário de Classe

Isadora Faber, do ‘Diário de Classe’, vai parar na delegacia.

Estou aqui embasbacada com mais um absurdo Made In Brazil. Quando via a notícia hoje de manhã fiquei tão indignada, gente desde quando as questões da educação passaram a ser tratadas pela polícia?

Quantos passos nós educadores - ditos homens e mulheres adultos, recuamos quando não sabendo lidar com as críticas apelamos para a censura e a repressão. As críticas são oportunidades de grandes e profundas aprendizagens. Olha, nos adultos temos uma facilidade para por o nosso dedo em riste, como é simples e quase automático fazermos avaliações, criticar e, às vezes até mesmo retaliar, os jovens que estão na condição de aprendiz.

Mas agora chegou a nossa vez, essa garotada está se empoderando e assumindo o seu protagonismo no mundo, com os instrumentos de comunicação que tem em mãos os meninos e as meninas do Brasil aprenderam direitinho a “lição” e hoje disparam os seus dedinhos para as nossas falhas e debilidades.

MAS TEM NOVIDADE BOA AÍ!!! Não vamos perde a oportunidade que essa garotada criou ao levantar o tapetão do mundo adulto e mostrar sem nenhum pudor o tanto de lixo que existe lá em debaixo.

E ante ao lixo encontrado o que devemos fazer? Ora, arregaçar as mangas da camisa, pegar baldes, rodos e vassouras e humildemente ajudar a limpar a sujeira que fizemos. Não é assim que falamos que gente crescida faz? Reconhecendo os erros e agindo no sentido de repará-los nós adultos apontamos o caminho para as novas gerações.  Acredito que não existe outra saída ante as críticas e as revelações que essa menininha fofa, danada, inteligente, linda criou pra toda a sua escola e para nós educadores brasileiros.

Receba o meu beijo Isadora Faber

Cida Alves

 


Sobre a Intimação Judicial

O motivo do B.O. foi o fato de Isadora ter postado na página do Facebook que sua professora teria realizado uma aula sobre política e internet, para humilhar a menina em sala. Junto com seus pais, Isadora foi à diretoria da escola para esclarecer a situação e a professora teria se desculpado. Veja abaixo o fragmento do post que motivou a ação criminal contra Isadora Faber:

“Em agosto, Isadora publicou na página alguns dos episódios de discórdia entre ela e a professora de português:

‘Hoje a professora de português Queila preparou uma aula pra me ’humilhar’ na frente dos meus colegas, a aula falava sobre politica e internet, ela falava que ninguém podia falar da vida dos professores, porque nós podíamos ter feito muitas coisas erradas pra eles odiarem e etc. Eu e acho que a maioria dos meus colegas entenderam o recado 'pra mim’'. Além disso quando vou até o refeitório as cozinheiras começam a falar de mim, na minha frente e rir, eu e a Melina (minha colega) fomos reclamar com a diretora, então ela disse que eu tenho que aguentar as consequências e que a partir de agora seria assim com todos, não resolveu o problema. Confesso que fiquei muito triste ...”, dizia um dos textos” (Fonte: G1 Santa Catarina).

 


Vejas mais notícias:

Isadora Faber é intimada após sua professora a denunciar por difamação

Isadora Faber, dona da página "Diário de Classe", vai à delegacia por difamar professora

Isadora Faber, do ‘Diário de Classe’, vai parar na delegacia 

Conheça o perfil “Diário de Classe a verdade…” de Isadora Faber

17 de set. de 2012

Defensores Públicos reunidos no III Congresso Nacional assumiram publicamente o apoio ao PL 7672/2010.

 

Defensores Públicos

Mesa de Abertura do III Congresso Nacional de Defensores da Infância e da Juventude, Belém (PA) 12 de setembro de 2012.

 

 

Marcia Oliveira 1 VII Gente Crescente

 

 

Amigos e parceiros,

Compartilho com vocês a mensagem que recebi com os compromissos assumidos pelos Defensores Públicos que estiveram reunidos no III Congresso Nacional dos Defensores Públicos da Infância e Juventude, realizado em Belém-PA nos dias 12, 13 e 14 de setembro de 2012.

 

Todos os compromissos assumidos são muito importantes para a efetivação da garantia dos direitos de crianças e adolescente preconizados no ECA, porém gostaríamos de destacar o item 20 que apoio a aprovação do projeto de lei contra os castigos corporais e a implementação de ações governamentais que evitem acidentes de crianças e adolescentes, por ser foco de atuação da Rede Não Bata Eduque.

Também destacamos os itens abaixo relacionados por estarem diretamente interligados a possibilidade de implementação da Lei 7672/2010, quando está for aprovada pelo Congresso Nacional:

2. Estimular a atuação proativa e criativa da Defensoria Pública em favor dos direitos humanos de crianças e adolescentes.

4- Convergir esforços para o exercício amplo de assistência jurídica integral às criança e aos adolescentes compreendo a necessidade de atuação interdisciplinar e extrajudicial com relações horizontais e solidárias.

5. Reafirmar compromisso com a defesa da convivência familiar e comunitária na família natural e/ou extensa com priorização de ações de reintegração familiar.

7. Convergir esforços para a implementação dos serviços e benefícios socioassistenciais conforme preceitua a lei 8.742/93 alterada pela lei 12.435/11 que consolida o Sistema Único de Assistência Social.

10. Apoiar iniciativas que estimulem a padronização da atuação de qualidade do serviço público ofertado pelos Conselhos Tutelares após a vigência da lei 12.696/12.

11. Assumir compromissos com as metas do Plano Decenal aprovadas na IX Conferência Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, ocorrida nos dias 11 a 14 de julho de 2012 em Brasília/DF.

15. Assumir a defesa formal e material das crianças e dos adolescentes em todos os atos que afetam diretamente o exercício dos seus direitos, garantindo-lhes oportunidade de serem apresentadas e respeitadas suas vontades nas relações processuais e extrajudiciais como preconiza o artigo 12 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e inciso XII, parágrafo único, artigo 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

18. Priorizar a implantação governamental das metas previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, Plano Nacional da Primeira Infância, serviços públicos de creche e educação integral

Seguimos na luta.

Atenciosamente,
Marcia Oliveira
Rede Não Bata Eduque
www.naobataeduque.org.br
www.facebook.com/NaoBataEduque

16 de set. de 2012

Queda Prohibido por Alfredo Cuervo Barrero

 

 

QUEDA PROHIBIDO!

Queda prohibido llorar sin aprender,
levantarte un día sin saber qué hacer,
tener miedo a tus recuerdos.

Queda prohibido no sonreír a los problemas,
no luchar por lo que quieres,
abandonarlo todo por miedo,
no convertir en realidad tus sueños.

Queda prohibido no demostrar tu amor,
hacer que alguien pague tus deudas y el mal humor.

Queda prohibido dejar a tus amigos,
no intentar comprender lo que vivieron juntos,
llamarles sólo cuando los necesitas.

Queda prohibido no ser tú ante la gente,
fingir ante las personas que no te importan,
hacerte el gracioso con tal de que te recuerden,
olvidar a toda la gente que te quiere.

Queda prohibido no hacer las cosas por ti mismo,
tener miedo a la vida y a sus compromisos,
no vivir cada día como si fuera un ultimo suspiro.

Queda prohibido echar a alguien de menos sin
alegrarte, olvidar sus ojos, su risa,
todo porque sus caminos han dejado de abrazarse,
olvidar su pasado y pagarlo con su presente.

Queda prohibido no intentar comprender a las personas,
pensar que sus vidas valen más que la tuya,
no saber que cada uno tiene su camino y su dicha.

Queda prohibido no crear tu historia,
no tener un momento para la gente que te necesita,
no comprender que lo que la vida te da, también te lo quita.

Queda prohibido no buscar tu felicidad,
no vivir tu vida con una actitud positiva,
no pensar en que podemos ser mejores,
no sentir que sin ti este mundo no sería igual.

Alfredo Cuervo Barrero


É PROIBIDO


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo.

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Alfredo Cuervo Barrero

13 de set. de 2012

Angélica Goulart é a nova Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República

Angelica

 

Com um sorriso bem largo no rosto e o peito todo estufado o Blog EDUCAR SEM VIOLÊNCIA comunica que Angélica Moura Goulart, integrante da coordenação da REDE NÃO BATA EDUQUE, é a nova Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente.

 

Por Renata Giraldi - Repórter da Agência Brasil

Brasília – A ministra Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, nomeou hoje (12) a nova secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Angélica Moura Goulart. Ela substitui Carmen Silveira de Oliveira. A nova secretária tomará posse às 17h30.

A nomeação de Angélica Goulart está publicada na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União, Seção 2, página 1 e pode ser acessada no site da Imprensa Nacional.

Formada em serviço social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e especializada em direito especial da criança e do adolescente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Angélica atuou na Rede Nacional da Primeira Infância e no Grupo Gestor da Rede Não Bata, Eduque.

Professora de educação básica nas redes estadual e municipal do Rio por duas décadas, a nova secretária participou, durante 23 anos, do comando da Fundação Xuxa Meneghel, assumindo, inclusive, a presidência da entidade. Ela disse que a meta é trabalhar para promover os direitos das crianças brasileiras.

Fonte: Agência Brasil, em 12 setembro de 2012 – 12h53 - Edição: Graça Adjuto

10 de set. de 2012

Epidemia de amor pelas crianças - Contardo Calligaris

 

“O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica” (Norman Vincent Peale).

Mãe conversando com filho

São incontáveis as razões que nos fazem agir com violência! E uma das forças que nos movem para a violência é a nossa incapacidade de lidarmos com as frustrações. Não podemos ensinar nossos filhos as serem tolerantes e equilibrados, se agimos com violência por que algo não aconteceu como esperávamos. E essa capacidade se desenvolve por meio do entendimento dos limites que a realidade apresenta a todos nós, ou seja, jamais poderemos ter tudo que desejamos. Ajudar os nossos filhos a suportar as frustrações que a vida e o outro nos impõe não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária para um desenvolvimento saudável.

O amor está na capacidade de entender as reais necessidades de uma pessoa, e nem sempre o sim é o melhor a ser oferecido. As frases “não pode”; “isso não está correto”; “agora não dá”; “eu não tenho condições”; “ainda não é a hora”; “desta forma não está bom”.... são feitas de palavras amorosas, pois de fato elas contribuem para que a criança desenvolva um elevado senso de realidade. Não existe desenvolvimento sem crítica e o senso de realidade ajuda a criança a desenvolver recursos internos, como saber esperar, ter disciplina e perseverança. Essas capacidades as ajudaram a não serem impulsivas ou imediatistas, transformando-as assim em pessoas de espírito forte, que evitaram o uso de recursos primitivos como a brutalidade ou a chantagem para conseguir o que desejam (Cida Alves).

Abaixo uma importante reflexão feita por Contardo Calligaris, psicanalista italiano radicado no Brasil.

 


contardo-calligaris

 

 

 

 

Contardo Calligaris*

 

Epidemia de amor pelas crianças

Os elogios incondicionais dos adultos aos filhos não produzem "autoconfiança", mas uma dependência.

1) É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los.
Nestes dias, deparo-me com crianças ninadas por devaneios de glória olímpica. Sem querer, corto seu barato, explicando o que é indispensável fazer para que esses sonhos se transformem numa chance real de chegar lá.

As crianças respondem que elas não têm a intenção de realizar o tal sonho: apenas querem o prazer de devanear em paz. Até aqui, tudo bem, mas os pais me acusam de estragar, além dos sonhos, o futuro dos filhos, os quais, segundo eles, para triunfar na vida, precisariam confiar cegamente em seus dotes.

O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem "autoconfiança", mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. "Treinados" dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.

Claro, muitos pais gostam que assim seja, pois adoram se sentir indispensáveis (no cinema, uma mãe enfia a cara embaixo de seu próprio assento para atender o telefone que vibrou no meio do filme e sussurrar um importantíssimo: sim, pode tomar refrigerante).

2) Meu irmão, aos dez anos, quis que todos escutássemos uma música que ele acabava de "compor". Movimentando ao acaso os dedos sobre o teclado (não tínhamos a menor educação musical), ele cantou uma letra que começava assim: sou bonito e eu o sei. Minha mãe escutou, constrangida, e, no fim, declarou que a letra era uma besteira, e a música, inexistente. Mas, se meu irmão quisesse, ele poderia estudar piano -à condição que se engajasse a se exercitar uma hora por dia. Meu irmão (desafinado como eu) desistiu disso e se tornou um médico excelente.

3) Os pais dos meus pais davam, no máximo, um beijo na testa de seus filhos. Já meus pais nos beijavam e abraçavam. Mesmo assim, não éramos o centro da vida deles, enquanto nossos filhos são facilmente o centro da nossa.

Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto (criança tem um defeito, foi-me dito uma vez por um tio: o de ser ainda só uma criança).

Lá pelos meus oito anos, eu tinha passado o domingo com meus pais, visitando parentes. A noite chegou, e eu não tinha nem começado meu dever de casa. Pedi uma nota assinada que me desculpasse. Meu pai disse: esta criança está com sono e deve trabalhar, façam um café para ele. Detestei, mas também gostei de aprender que, mesmo na infância, há coisas mais importantes do que sono e bem-estar.

4) Na pré-estreia do último "Batman", em Aurora, Colorado, um atirador feriu 58 pessoas e matou 12. Um comentador da TV norte-americana (não sei mais qual canal) disse, de uma menina assassinada, que ela era "uma vítima inocente".

Se só a menina era inocente, quer dizer que os outros 11, por serem adultos, eram culpados e mereciam os tiros?
Tudo bem, estou sendo de má-fé: o comentador queria nos enternecer e supunha, com razão, que, para a gente, perder um adulto fosse menos grave do que perder uma criança, que tem sua vida pela frente e, como se diz, ainda é "um anjo". No entanto, eu não acredito em anjos e ainda menos acredito que crianças sejam anjos. Também não sei o que é mais grave perder: a esperança de um futuro ou o patrimônio das experiências acumuladas de uma vida? Você trocaria seus bens atuais por um bilhete da Mega-Sena de sábado que vem?

5) Cuidado, não sonho com uma impossível volta ao passado. Essas notas servem para propor uma mudança preliminar na maneira de contabilizar as falhas que podem atrapalhar a vida de nossos rebentos. Explico.

A partir do fim do século 18, no Ocidente, as crianças adquiriram um valor novo e especial. Únicas continuadoras de nossas vidas, elas foram encarregadas de compensar nossos fracassos por seu sucesso e sua felicidade.

Desde essa época, em que as crianças começaram a ser amadas e cuidadas extraordinariamente, nós nos preocupamos com os efeitos nelas de uma eventual falta de amor. Agora, começo a pensar que nossa preocupação com os estragos produzidos pela falta de amor sirva, sobretudo, para evitar de encarar os estragos produzidos pelos excessos de nosso amor pelas crianças.

 


Enviado por Eleonora Ramos, jornalista e coordenadora do Projeto Proteger – Salvador/Bahia, em 06 de setembro de 2012.

*Contardo Calligaris - Psicanalista italiano radicado no Brasil. É colunista da Folha de S. Paulo. Doutor em Psicologia Clínica pela Universida da Provença (França), onde defendeu a tese "A Paixão de Ser Instrumento", estudo sobre a personalidade burocrática. Professor de Antropologia na Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos), e de Estudos culturais na New School of New York.

9 de set. de 2012

A brincadeira reinventa o mundo

“Cada criança que brinca se comporta como um poeta, na medida em que cria um mundo próprio, ou melhor, reorganiza seu mundo segundo uma ordem nova” (Ana Maria Clarck Peres)*.

Crianças na lama

 

Estimado leitor deixo para você nesse domingo algumas músicas de Arnaldo Antunes do álbum “Lá em casa”. Espero que goste do iêiêiê no quintal e da descomprometida alegria dos músicos que cantam como meninos brincando na lama.

 

 

 


“Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Mas nem todas as respostas cabem num adulto” (Arnaldo Antunes).


 

 

 

 

 


*Fonte:  Infância e memória em Carlos Drummond de Andrade

6 de set. de 2012

O retrato de uma infância feliz. Será?

 

A Invenção da Infância - Ser criança não significa ter infância. Uma reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo.


Enviado por Aparecido Araujo Lima, jornalista e integrante da Rede de Blogueiros Progressistas de São Paulo, em 28 de agosto de 2012.

3 de set. de 2012

Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara realizarão diligência em Goiânia na terça-feira (4/9) para obter informações sobre crimes que teriam participação policial

 

Mais uma de cachoeira

Perillo receberá deputados federais que apuram denúncias sobre grupos de extermínio

 

Marconi Perillo (PSDB), confirmou por meio de sua assessoria que receberá o grupo de deputados federais que realizará diligência em Goiânia na próxima terça-feira (4/9).

Às 15:45 os parlamentares oferecerão coletiva à Imprensa no Palácio das Esmeraldas, após se reunirem com o chefe do Executivo goiano, quase uma hora antes.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), deputado Domingos Dutra (PT-MA), liderará os parlamentares designados para apurar denúncias de homicídios e desaparecimentos de pessoas atribuídos a grupos de extermínio. Essas quadrilhas teriam a participação de policias militares, segundo testemunhas.

A diligência, que será acompanhada também pelos deputados Erika Kokay (PT-DF) e padre Ton (PT-RO) -primeira e segundo vice presidentes da CDHM, respectivamente- será completada pela deputada Marina Santanna (PT-GO) e pelo deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO). Além do governador, eles ainda terão reuniões –algumas já confirmadas, outras não– com parentes de vítimas e autoridades goianas (veja agenda abaixo).

De acordo com recente reportagem da revista Carta Capital, desde 2000, 36 pessoas desapareceram após serem abordadas por policiais militares (PMs) goianos. Ainda segundo a publicação, essas acusações somadas a outras levaram a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a iniciar um processo de investigação contra a PM estadual

 


O QUE: diligência de deputados federais em Goiânia, reunião com gov. Perillo e anúncio de coletiva (veja agenda abaixo);

POR QUE: apurar denúncias sobre supostos grupos de extermínio integrados por policiais militares;

QUANDO: terça-feira (4/9/12);

CONTATO: Assessor de Comunicação da CDHM – Manuel Martínez (61 – 8212 8462).


AGENDA

4 DE SETEMBRO DE 2012

9.00

Local: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

Audiência com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, deputado Jardel Sebba (PSDB), e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, deputado Mauro Rubem.

9.30 – CONFIRMADO

Local: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

Encontro com representantes da sociedade civil para tratar das denúncias da ação de grupos de extermínio no estado.

11.00 – CONFIRMADA

Local: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Audiência com o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, desembargador Leobino Valente Chaves

14.00

Local: Ministério Público do Estado de Goiás

Audiência com o Procurador-Geral de Justiça, Benedito Torres Neto

15.00 – CONFIRMADA

Local: Palácio das Esmeraldas

Audiência com o governador Marconi Perillo

15.45 – CONFIRMADA

Local: Palácio das Esmeraldas, à saída da audiência com o governador

Entrevista coletiva

 



Veja mais informações na reportagem abaixo:

REVISTA CARTA CAPITAL | SEU PAÍS
JUDICIÁRIO | CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Mais um legado da máfia de Cachoeira

A violência policial e a impunidade podem levar a uma intervenção federal

POR LEANDRO FORTES

Mais de uma déca­da de dominação do crime organiza­do em Goiás sob o comando do bichei­ro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não produziu apenas escân­dalos políticos e a cassação do ex-sena­dor Demóstenes Torres (DEM). A manu­tenção das atividades de jogo ilegal, mon­tada sob um forte esquema de corrupção policial, gerou uma consequência mui­to mais grave para a sociedade goiana: a contaminação de todo o aparato de segu­rança pública do estado pelo crime.

Responsável por uma extensa lista de crimes brutais e favorecida por um clima generalizado de impunidade, a Polícia Militar de Goiás agora será investigada pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. Dessa forma, poderá ser aberto ainda es­te ano um processo formal de interven­ção federal em Goiás, estado governado por Marconi Perillo (PSDB), enrolado até o pescoço com Cachoeira.

Na quarta-feira 29, o deputado estadu­al Mauro Rubem (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da As­sembleia Legislativa de Goiás, recebeu uma carta desesperada de Pedro Ivo Sebba Ramalho. Naquele mesmo dia, dois advogados enviados por ele à Dele­gacia de Investigação de Homicídios da Polícia Civil, em Goiânia, haviam sido expulsos de lá, aos berros, pelo titular da unidade, delegado Paulo Brito. An­tes, foram intimidados pela presença de policiais armados na sala do delegado. Pedro Ivo os havia incumbido de buscar notícias do inquérito sobre a morte do irmão, Davi Sebba, assassinado por policiais militares no estacionamento de um supermercado.

A morte do advogado Davi Sebba, em 5 de julho passado, foi emblemática em relação à anarquia policial em Goiás. Suspeito de ser traficante de drogas, embora não tivesse qualquer antecedente nesse sentido, Sebba foi assassinado a tiros por policiais à paisana, ligados ao serviço de inteligência (P2) da PM de Goiás. Ele ha­via acabado de deixar a mulher grávida na maternidade e ido ao supermercado comprar mantimentos. O filho nasceu 40 minutos depois da morte do pai A brutalidade desse e de muitos ou­tros crimes perpetrados pela PM goiana, no entanto, parece finalmente ter gera­do uma reação à altura. Nos próximos 30 dias, em data ainda a ser confirmada, q Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), órgão liga­do à SDH, vai organizar uma audiência pública em Goiânia para dar resposta às seguidas violações de direitos huma­nos no estado. O evento é decorrência de um relatório intitulado Insegurança Pública em Goiás: Anacronismo e Caos, Terminado há duas semanas pela SDH, o documento traz a público uma situação inimaginável de violações de direitos hu­manos, muitas das quais explicitamente copiadas dos manuais de tortura e assas­sinato da ditadura (1964-1985).

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, os registros relativos a desaparecimentos forçados em Goiás, nos últimos 12 anos (três governos de Marconi Perillo, e um de seu vice, Alci­des Rodrigues do PP), são maiores que os de 21 anos de ditadura. Desde 2000, 36 pessoas simplesmente desaparece­ram depois de abordagens da PM goia­na nas ruas. Na ditadura, 17 pessoas desapareceram pelas mãos dos órgãos de repressão do Estado.

O caso de desaparecimento mais co­nhecido envolve uma criança. Em 22 de abril de 2005, após uma abordagem policial testemunhada por várias pes­soas, o estudante Murilo Soares Rodri­gues, de apenas 12 anos, desapareceu. O tio dele, Paulo Sérgio Rodrigues, de 21 anos, que acompanhava o menino, teve o mesmo destino. Rodrigues era ex-pre­sidiário e, acredita-se, a PM pretendia fazer algum acerto de contas. Passados mais de sete anos, os policiais jamais fo­ram julgados e continuam livres.

O relatório também se viabilizou graças a uma demanda do Programa de Proteção a Testemunhas Amea­çadas do SDH. A quase totalidade de testemunhas carentes de proteção em Goiás é de vítimas ou pessoas ligadas a vítimas de violência policial - ou da, PM ou de grupos de extermínio liga­dos a policiais abrigados no aparato de segurança pública do estado.

0s números explicam bem essa situa­ção. Atualmente, há 700 testemunhas sob responsabilidade dos diversos programas de proteção do País (17 estaduais e o fede­ral, da SDH). Das 135 pessoas sob tutela do programa federal, 85 dessas testemu­nhas ameaçadas (63H) são de Goiás.

A suspeita de conivência do Poder Judiciário em Goiás com a violência policial é parte fundamental do relató­rio. Em junho deste ano, o ranking da Estratégia Nacional de Justiça e Segu­rança Pública (Enasp) colocou Goiás em penúltimo lugar no item de impunidade referente à violência policial, à frente apenas de Minas Gerais. Formado pelo Conselho Nacional do Ministério Pú­blico (CNMP), Conselho Nacional de Justiça(CNJ) e o Ministério da Justiça, a Enasp detectou uma morosidade siste- mática do Judiciário goiano em relação aos processos referentes a policiais acu­sados de assassinato, tortura, sequestro e desaparecimento forçado.

No relatório consta que, no mesmo 5 de julho de 2012, horas antes de o ad­vogado Sebba ser assassinado, outro ci­dadão goiano havia sido vítima fatal de grupos de extermínios ligados à PM de Goiás. O radialista Valério Luiz de Oli­veira tinha acabado de sair da sede da Rádio Jornal 820 AM, em Goiânia, quan­do foi atingido por sete tiros disparados por um homem numa motocicleta. NoS dias que se seguiram ao crime, cartas anônimas enviadas a redações de jornais goianos apontaram o tenente-coronel Wellington Urzêda como mandante do crime. O policial era diretor do clube de futebol Atlético Goianicnse, ao qual Valério Luiz fazia muitas críticas como comentarista esportivo.

Urzêda é a cara da linha-dura policial em Goiás. Em 25 de setembro de 2007, então comandante da violenta Ron­das Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam), o major Wellington Urzêda liderou uma tropa de homens arma­dos e ocupou o plenário e as galerias da Assembleia Legislativa de Goiás. A intenção dele era intimidar o deputa­do Mauro Rubem, crítico contumaz da violência policial no estado. Embora seja proibida pelo regimento interno da Assembleia a presença de armas dentro do Parlamento, o presidente da Casa, deputado Jardel Sebba (PSDB), não viu problema na ocupação.

Na época, a reação do governador Al­cides Rodrigues foi a de dar mais for­ça e poder ao aparato policial. Em 3 de outubro, a Rotam passou a ter mais ofi­ciais, efetivos, armamentos, munições e melhores instalações físicas. Urzêda, ao invés de ser preso, deixou o comando da Rotam e foi designado chefe da Comuni­cação Social da PM de Goiás. Iria, contu­do, passar pouco tempo por lá. Incrivel­mente, depois de invadir o Parlamento, o ex-comandante da Rotam seria nomeado comandante da Assistência Policial Militar da Assembleia Legislativa.

O ponto de inflexão na questão da violência e da corrupção policial em Goiás foi a Operação Sexto Manda­mento (“Não matarás”), deflagrada pela Polícia Federal para prender cri­minosos fardados em todo o País, em 2011. Ao todo, foram presos 19 policiais militares de Goiás, um deles o subco- mandante-geral da PM, coronel Carlos Cézar Macário. As interceptações da PF demonstraram a existência de uma política de favorecimento nas promo­ções do grupo investigado.

Na época, por causa da à fragilidade do presídio militar de Goiânia, os detentos foram encaminhados para o presídio federal de Campo Grande. Em 14 de junho de 2011, os policiais foram transferidos de volta para a capital goiana, para a Acade­mia da Polícia Militar, onde foram ova­cionados pela tropa ao chegarem. Em 6 de setembro, um a um começou a ser libe­rado por habeas corpus, até que só restas­se um preso, o sargento Geson Marques Ferreira, ex-integrante da Rotam, acusado de triplo homicídio em Mato Grosso.

Um mês depois, em 23 de dezembro, o governador Perillo criou o Comando de Missões Especiais, um superba- talhão que incorporou a Rotam, o Batalhão de Choque e o Grupamento Aéreo. Para comandá-lo foi chamado ninguém menos que o tenente-coronel Urzêda. Assim, apenas dez meses após a Operação Sexto Mandamento ter re­velado o grau de selvageria da PM de Goiás, a doutrina repressiva da Rotam foi reafirmada como política de segu­rança pública no estado.
Por essa razão, o deputado Mauro Rubem apresentou na Assembleia um projeto alterando alei de promoções de oficiais da PM, de forma a substituir os critérios subjetivos por outros, técni­cos e objetivos, além de vedar a ascen­são na carreira àqueles com processos e condenações criminais. O texto nunca foi votado. “Chegamos à situação de completo comprometimento das estruturas estaduais pela quadrilha de Cachoeira”, diz Rubem.

Citado nos grampos da Operação Monte Cario como um dos beneficia­dos por pagamentos do bicheiro, o se­cretário de Segurança Pública de Goiás, João Furtado, se mantém alheio às de­núncias da SDH. Segundo ele, nenhum policial será afastado até ser condenado pela Justiça de Goiás, perspectiva, aliás, que sempre animou a tropa da PM lo­cal. Sobre a Operação Monte Cario, na qual foram presos três oficiais da PM e seis delegados da Polícia Civil goia­na, ele garante que os indiciados estao afastados e respondem a processos nas corregedorias. E avisa: “Não tenho liga­ções com Carlinhos Cachoeira”.


Enviado por Morgana Rodrigues, Chefia de Gabinete do eputado Estadual Mauro Rubem - (62) 3221-3205 / 9684-0692