Amig@ do blog,
Antecipando as comemorações do dia 1º de janeiro - Dia Mundial da Paz, dedico a última postagem de 2011 a você que acompanha e apoio o blog Educar Sem Violência.
Para retribuir seu carinho e atenção deixo como presente de ano novo as belíssimas cenas finais do filme Abril Despedaçado.
Abril Despedaçado, obra prima do atual cinema brasileiro, aborda com lirismo e profundidade temas complexos com a posse da terra, a tradição de vinganças entre famílias rivais, a descoberta do amor e da força libertária da alegria e do prazer.
“Com quantos quilos de medo [e sofrimento]* se faz uma tradição”.
Em Abril de 1910 - Na geografia desértica do sertão brasileiro, uma camisa manchada de sangue balança com o vento. Tonho (Rodrigo Santoro), filho do meio da família Breves, é impelido pelo pai (José Dumont) a vingar a morte do seu irmão mais velho, vítima de uma luta ancestral entre famílias pela posse da terra.
Se cumprir sua missão, Tonho sabe que sua vida ficará partida em dois: os 20 anos que ele já viveu, e o pouco tempo que lhe restará para viver. Ele será então perseguido por um membro da família rival, como dita o código da vingança da região. Angustiado pela perspectiva da morte e instigado pelo seu irmão menor, Pacu (Ravi Ramos Lacerda), Tonho começa a questionar a lógica da violência e da tradição. É quando dois artistas de um pequeno circo itinerante cruzam o seu caminho...
O rompimento das amarras da tradição
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”
Paulo Freire.
Clara se liberta de suas próprias correntes e procura Tonho para lhe mostrar que ele não precisava se resignar ao trágico destino que sua família lhe impôs: vingar a morte do irmão e passivamente aguarda a sua própria morte.
No filme Abril Despedaçado, a personagem Tonho (Rogrigo Santoro) só se liberta de sua trágica sina, desobedecendo a injusta ordem de seu pai, por que contou com amor incondicional do irmão Pacu e com a libertária experiência de alegria e prazer que vivenciou ao lado da engolidora de fogo Clara.
Sem uma intensa experiência de contentamento, prazer e amorosidade fica difícil acreditar que a liberdade deve ser desejada. Acostumamo-nos às correntes quando desistimos de lutar e viver o contentamento em si e no outro.
A tolerância e o contentamento
Acredito que o contentamento, o prazer (vivenciado em todas as suas formas e nuances nas artes ou nas experiências amorosas e sensuais), é a chave mestra que poderá abrir os cadeados que nos aprisionam na intolerância e na violência.
* O que está entre colchetes é um acréscimo meu, o texto original da canção Senhor Cidadão de Tom Zé é: “Com quantos quilos de medo se faz uma tradição”.
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