19 de jul. de 2010

Argumentos e contra argumentos relacionados à lei contra os castigos físicos e humilhantes


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A palmadinha é educativa!


Abordar o tema como “Palmadinha educativa”, equivocadamente, minimiza a violação da integridade física da criança e do adolescente. Se nenhum adulto admite levar uma “palmadinha ou tapinha” em seu processo educativo quer seja na escola, na universidade, no ambiente de trabalho, ou em casa “mesmo que algumas músicas insistam em dizer o contrário” por que seria aceitável no processo educativo das crianças?

As crianças de hoje em dia já são terríveis e mal educadas. Se não for possível dar uns tapas, como ficará então?

Se os tapas fossem efetivos as crianças não seriam terríveis e mal educadas, pois desde o nosso processo de colonização a prática dos castigos físicos e humilhantes vem sendo utilizada sem sucesso. Na verdade, o que estamos vivenciando é um processo de mudança cultural onde os pais e responsáveis precisam estar mais tempo fora de casa e muitas vezes têm dificuldade no processo educativo de seus filhos. Já as crianças e adolescentes encontram-se muito sozinhas e passam grande parte do dia na frente da televisão, do computador ou do vídeo game. É preciso privilegiar os espaços de participação, diálogo e afeto para o estabelecimento da disciplina e harmonia familiar. Disciplina e limites não são sinônimos de palmadas, gritos ou xingamentos. É possível impor restrições às crianças como forma de disciplina sem utilizar esses recursos.

Eu apanhei quando criança e sou uma pessoa bem sucedida e feliz. Tenho certeza que foi graças às palmadas que levei.

Temos certeza de que os pais e responsáveis sempre buscaram fazer o melhor pela educação dos seus filhos, mesmo quando utilizaram as palmadas como recurso. Elas podem não causar danos no desenvolvimento pessoal e emocional de algumas crianças e adolescentes, porém não acreditamos que provocar dor ou medo sejam melhores opções que o diálogo, a negociação e a restrição de privilégios que são instrumentos educativos e de estabelecimento de limites.

Às vezes bato no meu filho para protegê-lo de cair de uma escada, de atravessar uma rua movimentada, ou quando está brigando com seu irmão mais velho. Se não posso bater mais o que faço nessas situações?

Os pais costumam bater nos seus filhos para corrigir seu comportamento ou impedir que ele se repita, porém disciplinar a criança com agressão física é uma violação de sua integridade física. O castigo físico é distinto da restrição física protetora e da autodefesa. A restrição protetora é usada não para punir, e sim para proteger a criança ou outra pessoa de lesões físicas. A autodefesa é usada não para corrigir um comportamento, e sim para alguém se proteger de uma agressão. Além disso, quando se bate numa criança nessas situações, transmite-se a informação de que é legítimo responder com uma agressão quando alguém não se comporta como esperamos.

Os políticos que não fazem nada e vivem envolvidos em escândalos devem se preocupar com assuntos mais sérios como economia.

Infelizmente estamos vivendo tempos difíceis da imagem e credibilidade do parlamento brasileiro, porém, isso não deve ser motivo para que sejam esquecidas as prioridades do País. Segundo a Constituição Brasileira, as crianças e os adolescentes são prioridade absoluta.
Assim, leis de defesa e promoção aos direitos da criança e do adolescente são tão importantes quanto às relacionadas à economia, ecologia, educação, saúde etc.

O diálogo e campanhas de sensibilização podem mudar a cultura. Uma lei não é necessária.

A ampliação do diálogo e o desenvolvimento de campanhas permanentes e apoio aos pais são fundamentais para a mudança cultural, porém a lei é um instrumento jurídico que compromete o Estado brasileiro e estabelece parâmetros para que os atores do Sistema de Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes possam atuar.

Um projeto de lei desse tipo é inócuo, pois é de difícil fiscalização.

A lei é um marco moral e ético de princípios e valores. Com o apoio de campanhas de sensibilização e capacitação continuada dos operadores do Sistema de Garantia de Direitos, dos profissionais de saúde, educação e segurança pública a mudança cultural será possível e a fiscalização passará a fazer parte do cotidiano de todos.

As cadeias já estão superlotadas. Como será se essa lei for colocar todos os pais e responsáveis na cadeia por baterem em seus filhos?

A lei não visa culpar ou perseguir os pais e responsáveis. A lei visa qualificar estruturas de apoio e atenção aos pais para que possam educar seus filhos de forma não violenta.

Fonte: site da Rede Não Bata Eduque

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