25 de set. de 2011

Representante da Rede Não Bata Eduque comemora o sucesso do VII Seminário Gente Crescente

Olá todos,
 
Escrevo para compartilhar com você o sucesso do VII Seminário Gente Crescente - Saúde Mental na Infância: seus desafios no contexto da violência, iniciado em 22 de setembro de 2001.
Participamos da conferência de abertura com o tema "Bullying e Palmada: Lei e repercussões psicosssociais na saúde mental da criança"
Destaco a qualidade do trabalho realizado e da qualificação dos profissionais do CAPSi Agua Viva - organizador do evento e da parceria de Cida Alves - blog Educar sem violência, com quem dividimos a conferência de abertura.
Com o apoio do Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás - deputado Mauro Rubem , agendamos para o dia 9 de novembro uma audiência publica sobre o PL 7672\2010 na Assembléia Legislativa de Goiás.


Abraços,
Marcia Oliveira
Rede Não Bata Eduque


Abertura oficial do VII Seminário Gente Crescente – CAPSi Água Viva


Em nome da comissão organizadora do seminário, a psicóloga Isabel Ferradans fez o pronunciamento de abertura
 
No bullying e no castigo físico: onde falhou a possibilidade das palavras?
Várias áreas da sociedade se dedicam a compreender e trabalhar com os impasses e consequências gerados pelo bullying e pelo castigo físico que podem imprimir marcas psíquicas e no corpo, talvez pela vida toda.
Na saúde mental, percebem-se crianças que apresentam sofrimento psíquico derivados dessas experiências de vida. Outras crianças que não estão diretamente envolvidas nessas situações mas que falam , solidariamente, da indignação por assistir a essas experiências entre crianças ou entre criança e adulto. Crianças que referem, muitas vezes, que o adulto mais próximo não deu sinais de que poderia protegê-la e ao outro ou ser um intermediário na mediação do conflito”.
(fragmento do pronunciamento de abertura do VII Seminário Gente Crescente – abaixo o texto na integra)
 
A mesa de abertura contou com o pronunciamento de Cheila Marina Lima – representante da Área Técnica de Vigilância em Violências e Acidentes do Ministério da Saúde, Márcia Carvalho - representante do prefeito Paulo Garcia, Deputado Mauro Ruben – presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás, Cristina Laval – coordenadora da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia, Luzia Olivera – representando o conselho local do CAPSi Água Viva.
 
Autoridades presentes:
Darci Accorsi – Assessor Parlamentar da Prefeitura de Goiânia;
Adriana Accorsi – Superitendente de Direitos Humanos da Secretária de Segurança Pública e Justiça de Goiás,
Railda Martins e Lucinete Oliveira – representantes da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia
Cida Alves iniciou sua exposição argumentando por que o tema da violência física contra crianças e adolescentes deve estar no centro das discussões sobre a saúde mental e os direitos de crianças e adolescentes: 
 
Justificativas:
1) Dentre as violências domésticas sofridas por crianças e adolescentes, a violência física é a que apresenta maior frequência de notificação;
2) A maioria dos casos notificados de violência doméstica tem como principal autor da violência os próprios pais biológicos. A violência que afeta as crianças e adolescentes brasileiros ocorre predominantemente na relação familiar;
3) A violência física resulta em casos graves e de alta letalidade. O número de mortes decorrente da violência física predomina em relação às outras formas de violência (AZEVEDO; GUERRA, 1995);
4) Mais naturalizada dentre as violências intrafamiliares ;
5) A violência física intrafamiliar como método punitivo disciplinar, aliada a violência psicológica, é um dos instrumentos chaves para a edificação e manutenção da sociabilidade estruturada na relação Comando-Obediência/Dominação-Subordinação.
 

Márcia Oliveira apresenta os marcos legais – Nacionais e Internacionais que sustenta o Projeto de Lei 7672/2010.
Expõe o histórico do movimento internacional que luta para erradicar dos castigos físicos e humilhantes nos abrigos, nas escolas, nas instituições penais e na família.
Por fim, apresenta resultados de pesquisas que indicam as consequências negativas da prática de bater e humilhar para disciplinar e educar as crianças e adolescentes.

A vinda de Márcia Oliveira à Goiânia resultou em bons frutos. Foi agendado para a manhã do dia 09 de novembro uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás para tratar do Projeto de Lei 7672/2011.
 
Foi agendado ainda para o dia 08 de novembro um curso de capacitação para os profissionais do Condomínio Sol Nascente sobre as estratégias positivas de educação. Essa instituição abriga crianças e adolescentes na cidade de Goiânia. A psicóloga Cida Alves e o educador físico Orozimbo Júnior serão os facilitadores desta capacitação.
 
Veja abaixo o pronunciamento Oficial do VII Seminário Gente Crescente – CAPSi Água Viva/SMS Goiânia
 
Abertura do Evento
Isabel Ferradans (*)
Agradecemos, aos Gestores do CAPSi Água Viva - Cláudio, Taísa e Fabrício - pelo apoio recebido mais uma vez para a realização deste evento que é resultado de um ano de trabalho desenvolvido em paralelo com o atendimento diário dentro da unidade.
 
Nestes sete anos desta iniciativa pioneira em Goiânia, dentro da Secretaria Municipal de Saúde, a aceitação do público se revela pelo desempenho positivo quanto ao número de participantes (média de 250/ano), pelas avaliações escritas, pela repercussão das apresentações após o evento. Os convidados para as palestras são nomes relevantes e que atuam no campo da intersetorialidade, eixo fundamental da complexa área da saúde mental infanto-juvenil. Um aspecto diferencial é que pais e responsáveis são convidados para relatar suas experiências e há o Fórum A Hora e a Vez com as crianças e adolescentes. 
 
Nesse sentido, o evento cumpre um de seus objetivos que é fortalecer a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente no que se refere ao reconhecimento das demandas da população e à apresentação dos trabalhos realizados pelas famílias, entidades, instituições e serviços voltados para essa demanda. Colabora com a visibilidade das ações apoiadas nas diretrizes das políticas públicas e do controle social preconizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Hoje e amanhã, os convidados vão apresentar estudos, propostas e iniciativas cujo eixo são as formas de lidar com as relações humanas que envolvem o bullying e os castigos físicos e que estão presentes na vida de muitas crianças.
 
Formas de relacionamento cuja radicalidade precisa ser avaliada em sua dimensão biopsicossocial e em sua dimensão quanto aos Direitos Humanos. No tema do bullying, qual será o limite entre uma brincadeira de mau gosto e uma violência? No tema do castigo físico, porque a agressividade chegou a sua expressão máxima?
 
No bullying e no castigo físico: onde falhou a possibilidade das palavras? 
 
Várias áreas da sociedade se dedicam a compreender e trabalhar com os impasses e consequências gerados pelo bullying e pelo castigo físico que podem imprimir marcas psíquicas e no corpo, talvez pela vida toda.
 
Na saúde mental, percebem-se crianças que apresentam sofrimento psíquico derivados dessas experiências de vida. Outras crianças que não estão diretamente envolvidas nessas situações mas que falam , solidariamente, da indignação por assistir a essas experiências entre crianças ou entre criança e adulto. Crianças que referem, muitas vezes, que o adulto mais próximo não deu sinais de que poderia protegê-la e ao outro ou ser um intermediário na mediação do conflito. 
 
Discutindo essa temática para organização do evento, a equipe do CAPSi Água Viva, lembrou-se de uma querida colega que perdemos há um ano, Cláudia Sena. Uma grande saudade permanece em nossos corações e daqueles atendidos por ela.
 
Com essa memória viva, pensamos em Cláudia e na dimensão humana envolvida no seu trabalho cotidiano com crianças, adolescentes e familiares. Penso na importância das palavras e dos gestos, valorizados por ela.
 
O poeta nos diz que as palavras precisam ser habitadas pois são frias e vazias quando não há gente por dentro. Os gestos também precisam ter gente por dentro.
 
Assim, a partir da lembrança de Cláudia e de seu trabalho e das conversas em equipe, divido com vocês algumas questões:
 
Alguns dizem que nós, adultos, corremos o risco de ser uma espécie em extinção. Que estamos muito identificados com crianças e adolescentes na forma de enfrentar a vida.

Caso seja assim, como preservar nossa espécie? Qual o nosso lugar?
 
Precisamos nos apresentar de outra forma, transformando a maneira como comparecemos nas situações onde aparecem as vulnerabilidades como no caso do bullying e do castigo físico das crianças?
 
Como podemos ter maior atenção com gestos e palavras na relação com as crianças? Como colocar gente crescente dentro das palavras e dos gestos nos momentos de conflito? Nos momentos em que somos convocados a lidar com a diversidade e a autoridade? 
 
Durante o VII Gente Crescente iremos trabalhar com essa complexidade, com os vários fatores que estão presentes em nossa rotina com as crianças. Vamos pensar juntos e buscar sentido para essas expressões que machucam ou rompem com as relações humanas e estão na raiz da violência presente na sociedade.
 
E, possivelmente, encontrar sinais para criar novas experiências e fortalecer outras tantas que já existem no trabalho institucional ou dentro das famílias e que tem como objetivo a atenção e o cuidado dirigido às crianças e à preservação da nossa espécie pois , com certeza a criança precisa do adulto desde antes de seu nascimento.
 
Obrigada!
Goiânia, 22 de setembro de 2011.
(*) Especialista em Saúde Mental, Psicóloga Clínica.
Texto apresentado na Abertura do VII Gente Crescente, evento realizado pelo CAPSi Água Viva, unidade da Secretaria Municipal de Saúde. (Goiânia)

 
Veja ainda boletim da Rede Não Bata Eduque – julho e agosto de 2011

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