NOTA PÚBLICA
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CONANDA, órgão deliberativo e controlador da política de promoção
e defesa dos direitos da criança e do adolescente, criado pela Lei Nº 8.242, de
12 de outubro de 1991, vem a público manifestar seu apoio em defesa da
democracia e dos direitos humanos.
Consideramos grave toda e qualquer ameaça aos
princípios básicos do Estado Democrático de Direito e entendemos que o Sistema
de Justiça não pode exigir qualquer ação ou impor qualquer restrição aos
cidadãos brasileiros, senão em virtude de lei. O Estado deve garantir o
cumprimento do princípio da presunção da inocência de maneira absoluta,
corrigindo legislativamente eventuais empecilhos que inviabilizem a
responsabilização daqueles que atentam contra suas leis.
Consideramos inaceitável qualquer ameaça aos princípios
básicos do Estado Democrático de Direito que alcança, ainda que de forma
desigual, toda a sociedade brasileira. Não aceitaremos o retrocesso e a
violação dos direitos conquistados a duras penas pela classe trabalhadora e
movimentos sociais.
Como ponto de partida, o CONANDA respeita quaisquer
manifestações populares entendendo-as como exercício máximo da democracia. A
democracia no Brasil tem uma história recente. Vivemos em um país que, após 20
anos de Ditadura, conseguiu construir novas bases alicerçadas na garantia dos
Direitos Humanos, preconizados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) e pela Constituição Federal de 1988. Os Direitos Humanos compõem um
projeto de sociedade inerente à democracia, baseado no diálogo e na
participação social.
Para efetivar esses direitos, o Brasil implementou,
nas três últimas décadas, uma série de políticas públicas com o objetivo de
avançar na garantia de direitos a toda a população, inclusive beneficiando
diretamente crianças e adolescentes. Todas essas políticas são resultados das
lutas históricas dos movimentos populares e democráticos, porém ainda temos
grandes desafios.
No entanto, o atual momento político, marcado por uma
crescente onda conservadora, disseminada pela mídia e expressa no comportamento
de diversas instituições, coloca em risco esse processo de conquistas
democráticas e ameaça os direitos humanos, os quais essas instituições deveriam
proteger. Tal ameaça evidencia-se no debate da redução da idade penal, redução
da idade para o trabalho, revogação do Estatuto do Desarmamento, relativização
das garantias democráticas por meio de ações que solapam os direitos e
garantias individuais e coletivos, estabelecidos nas Cartas das Nações Unidas,
de outros órgãos internacionais e da própria Constituição Federal, bem como nas
tentativas de criminalização, midiática e judicial, de segmentos e movimentos
sociais com rebatimentos que buscam fragilizar a organização da classe
trabalhadora.
Não podemos aceitar tais ameaças e tais ações. Não
podemos aceitar riscos aos princípios basilares do Estado Democrático de
Direito. Não é possível pensar na defesa dos direitos de crianças e
adolescentes em um contexto cada vez mais acirrado e contencioso. Consideramos
urgente o repúdio a discursos antidemocráticos que intentam desconstruir os
avanços conquistados pelo Brasil a partir de sua reabertura política e que
alcança, ainda que de forma desigual, toda a sociedade brasileira. Não
aceitaremos nenhum direito a menos e nenhum retrocesso.
Defender a democracia é defender os direitos humanos.
Isso é inegociável. O CONANDA, enquanto instância de participação social,
conclama a sociedade a unir forças nesta importante luta e projeto de
emancipação. As garantias democráticas e constitucionais são imprescindíveis
para a proteção de crianças e adolescentes, e o livre exercício de seus
direitos civis, sociais e humanos.
Brasília, 18 de março de 2016.
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE - CONANDA
Vejam abaixo outras entidades que se manifestam em defesa da Democracia e o Estado de Direitos:
Fórum 21
Promotores e procuradores de MP, MPF e MPT
Entidades, Jornalistas Livres, blogueiros e ativistas digitais
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (ANPARQ)
Movimento Negro
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Central Unica dos Trabalhadores (CUT Brasil)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
Associação dos Docentes da USP (ADUSP)
Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) Associação de Docentes da UFABC
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Universidade Federal do ABC (UFABC)
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)
Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) USP São Carlos
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR)
Igreja Povo de Deus em Movimento
Artistas e intelectuais
Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo
Conselho Federal de Psicologia
Federação Nacional dos Arquitetos (FNA)
Conselho das Cidades (Concidades)
Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU)
Mackenzistas pela Democracia
Evangélicos
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP)
Governadores do Nordeste
Povos e Comunidades Tradicionais do Sul do Brasil
Movimentos sociais, coletivos culturais, organizações da sociedade civil e ativistas que atuam nas periferias (periferias contra o golpe)
Escritores e profissionais do livro
Servidores públicos do Poder Judiciário e do Ministério Público da UniãoComunidade acadêmica da Faculdade de Direito do Recife (UFPE)
Movimento LGBT unificado
Cáritas do Brasil (Comissão Pastoral da Terra, Conselho Indigenista Missionário, Conselho Pastoral dos Pescadores, Serviço Pastoral dos Migrantes)
Professores de Gestão de Políticas Públicas da USP
Movimento Hip Hop do Brasil
Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superios (ANDIFES)
Sociedade Brasileira de Economia Política
Associação dos Docentes da UNICAMP
Fonte: site da Secretaria de Direitos Humanos
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