8 de nov. de 2015

SEMINÁRIO ALERTA SOBRE O IMPACTO DAS VIOLÊNCIAS NA PRIMEIRA

cartaz[16]

A Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia, em parceria com diversas instituições que atuam na atenção e na proteção de crianças, realizará nos dias 9 e 10 de novembro, no auditório do Tribunal do Júri da PUC Goiás, o seminário Primeira infância livre de violências. Os objetivos do seminário são: 1) alertar e sensibilizar pais, familiares, educadores, profissionais da saúde, da assistência social, da segurança pública, do judiciário e gestores públicos sobre o impacto das violências no desenvolvimento infantil e 2) construir subsídios para o fortalecimento e a ampliação das ações que integram as Políticas Públicas que visam proteger as crianças das violências intrafamiliares e/ou institucionais.

“Subnutrição, ausência ou precariedade de saneamento básico e doenças infecciosas não são mais as principais causas de mortes de crianças em nosso país. Na atualidade, as violências são a maior ameaça à vida das crianças brasileiras. De acordo com os dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), a partir de 1 ano idade, a principal causa de mortes no Brasil são as violências - as violências interpessoais e as que ocorrem no trânsito. Os dados do SIM informam ainda que a agressão é a segunda causa de morte de crianças de 0 a 1 ano de idade. E mais, a cada dois dias, em média, cinco crianças de até 14 anos morrem vítimas de agressão. Ou seja, a cada dez horas, uma criança é assassinada no Brasil”, informa Cida Alves, psicóloga do Núcleo de Vigilância às Violências e Promoção da Saúde da SMS de Goiânia.

Os dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH, 2004) informam que 10% das crianças que se apresentam nas urgências dos hospitais, no Brasil, com menos de 5 anos, são vítimas de violências físicas. Nas internações hospitalares, verifica-se elevada ocorrência de traumatismo craniano em crianças.

Cida Alves ressalta que “as violências contra crianças possuem alta frequência, gravidade e letalidade (risco de morte). E o que é mais preocupante, a maioria dos casos notificados pela Ficha de Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada (SINAN, versão 5.0), aproximadamente 70%, tem como local de ocorrência a residência da vítima (VIVA\SINAN, 2014). A violência que afeta as crianças brasileiras ocorre, predominantemente, na relação familiar e tem como principais autores os próprios pais biológicos”. Além do risco de morte e de agravos à saúde, as violências que ocorrem na primeira infância podem afetar definitivamente o desenvolvimento cerebral das crianças. Os resultados de pesquisas científicas, dos últimos 25 anos, evidenciam que se as violências forem recorrentes nos primeiros 5 anos de vida, o estresse decorrente delas realmente muda a organização cerebral.

“São escandalosos esses números, é mais que urgente interditar as violências cometidas contra crianças por meio de eficientes Políticas de Estado. A proteção das crianças deveria ser compreendida como uma ação de segurança nacional, pois elas são o maior patrimônio de uma nação. As crianças são o nosso tesouro nacional”, afirma Cida Alves.

Um exemplo dessas pesquisas:

Coordenados pelo psiquiatra da Escola de Medicina de Harvard, professor Martin H. Teicher (2002), estudos comparativos demonstraram que as consequências das violências podem ir além das dificuldades afetivas e comportamentais. Suas pesquisas identificaram alterações na morfologia e fisiologia das estruturas cerebrais de pessoas que foram vítimas de maus-tratos em fases precoces de sua vida.

O mecanismo tem muito a ver com os níveis de hormônio, que podem subir perigosamente durante o período que a criança sofre a violência. Altos níveis de cortisol, por exemplo, afetam o controle dos impulsos e a memória. Um estresse elevado também pode prejudicar o córtex pré-frontal, região do cérebro que regula o foco, o autocontrole e a tomada de decisões. Esses níveis podem permanecer altos mesmo depois que as vítimas são removidas das situações que lhes fazem mal.

Teicher argumenta que se as violências (físicas, psicológicas, sexuais e negligências) ocorrem durante a fase crítica da formação do cérebro, quando ele está sendo esculpido pela experiência com o meio externo, o impacto do estresse severo pode deixar marcas indeléveis em sua estrutura e função. Para ele, a violência leva a uma cascata de efeitos moleculares e neurofisiológicos, que alteram de forma irreversível o desenvolvimento neural.

A organização do seminário agregou instituições governamentais e não governamentais, bem como parlamentares pertencentes às esferas municipal, estadual e federal. Desse modo, o Ministério Público do Estado de Goiás, o Ministério Público do Trabalho do Estado de Goiás, o Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, da Prefeitura de Goiânia, o Governo do Estado de Goiás, a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, por meio do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da UFG, a Rede Não Bata Eduque, a Pastoral da Criança, o Museu da Vida, o Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Goiás, o Conselho Regional de Psicologia 09, o Conselho Regional de Serviço Social, o Instituto Brasileiro de Cultura, Educação, Desporto e Saúde, Senadora Lúcia Vânia, Deputado Federal Rubens Otoni, Deputada Estadual Adriana Accorsi e Vereadora Cristina são os parceiros na realização do Seminário Primeira infância livre de violência.

Faça sua inscrição na página do CRP 09, AQUI

Abaixo a programação completa


PRIMEIRA INFÂNCIA LIVRE DE VIOLÊNCIAS

Por Políticas Públicas que promovam o desenvolvimento saudável e previnam violências na Primeira Infância

PROGRAMAÇÃO
09 de novembro
19h30min - Abertura Cultural

Apresentação da campanha educativa O que você quer ser quando crescer? – Tiago Ranieri de Oliveira – Procurador do Ministério Público do Trabalho do Estado de Goiás

Lançamento em Goiânia do filme Território do brincar – Instituto Alana
Coordenação: Vera Morselli (CRP 09/191)– Psicóloga e Professora do Curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Debatedores:
Daniel Emídio de Souza – Psiquiatra e Psicanalista Didata- Grupo de Estudos Psicanalíticos de Goiânia, Sociedade de Psicanálise de Brasília e International Psychoanalytical Association
Katleem Lima – Auditora Fiscal do Trabalho e Coordenadora do FEPETIGO - Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Goiás.

10 de novembro
7h00min – Café da manhã
8h00min – Fragmentos de infâncias coralinas – Diane Valdez - Professora Adjunto da Universidade Federal de Goiás e ativista do Movimento de Meninos/as de Rua – Goiânia/Goiás
8h30min - Abertura – Mesa de Autoridades
Homenagem especial a Zilda Arns - Quem bate para ensinar, ensina a bater.
Pronunciamento Oficial de abertura – Representante da comissão organizadora –Laura Bueno – Procuradora de Justiça/Ministério Público do Estado de Goiás
9h00min - Mesa Redonda – Caminhos do cuidado e da prevenção das violências na primeira infância
Coordenação: Eleonora Ramos – Jornalista e coordenadora do Projeto Proteger e membro gestor da Rede Não Bata Eduque
A família como agente de prevenção da violência
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams (CRP 06/03497-4) – Professora Titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e fundadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência– LAPREV\UFSCar)
Fortalecer o vínculo mãe-filho na primeira infância: transformando vidas para um futuro de paz
Francisco Sulivan Bastos Mota - médico pediatra, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Presidente do Instituto da Primeira Infância- IPREDE
O PIM na Prevenção da violência e na promoção da vida
Kênia Margareth da Rosa Fontoura - Psicóloga, especialista em Gestão do Capital Humano e Impactos da Violência na Saúde eSupervisora no Programa Primeira Infância Melhor/Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul.
11h00min – Debate
14h00min – Desafios da proteção à primeira infância no Brasil
Coordenação: Railda Martins (CRP 09\1503) – Representante da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia
Crianças - crescer e se desenvolver com saúde e dignidade: tarefa de todos
Rachel Niskier – Pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz, coordenadora do Núcleo de Apoio aos Profissionais que atendem Crianças e Adolescentes vítimas de Violência (NAP - IFF/Fiocruz) e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria – Rio de Janeiro
14h40min - Depoimento sobre as crianças queimadas – Vereadora Cristina LopesAfonso– fisioterapeuta especialista em queimaduras
14h55min– Apresentação da Carta de Goiânia - ­por uma Política de Estado que promova o desenvolvimento saudável e previna violências na Primeira Infância
Aguinaldo Lourenço Filho – Presidente do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Goiânia
Fabrício Silva Rosa – representante do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da UFG e da Polícia Rodoviária Federal
Maria Aparecida Alves da Silva (CRP 09\1289) - Representante da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência
15h35min- Mesa Reflexiva sobre a Carta de Goiânia
Coordenação: Promotora Karina D’Abruzzo – Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude – CAOINFÂNCIA/ Ministério Público do Estado de Goiás
Reflexões críticas sobre a perspectiva
Desenvolvimento Infantil – Vannúzia Leal Andrade Peres (CRP 09\ 025) Estágio pós-doutoral em educação na Universidade de Brasília, Psicóloga, Psicodramatista e terapeuta de casais e famílias.
Saúde Mental - Maria das Graças Brasil – Neuropsiquiatra da Infância e Adolescência e mestre em Psicologia, Psicanálise e Saúde Mental da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Educação Infantil - Ivone Barbosa (CRP 09/0446) – professora associada da FE/UFG, atua no curso de pedagogia e no PPGE (mestrado e doutorado), coordenadora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Infância e sua Educação em Diferentes Contextos (NEPIEC), coordenadora do GT07 - educação de crianças de 0 a 6 anos da ANPED e coordenadora do Fórum Goiano de Educação Infantil.
Segurança Pública - Adriana Accorsi – Deputada Estadual, ex-delegada geral da polícia civil de goiás, ex-superintendente de direitos humanos de Goiás, ex-secretária municipal de defesa social, ex-delegada titular da delegacia de proteção a criança e ao adolescente
Assistência Social – Maísa Miralva da Silva – Doutora em Política Social pela Universidade de Brasília, Assistente Social e Professora da Pós-graduação em Serviço social da PUC Goiás e Ex Superintendente da FUMDEC (Goiânia – Goiás).
17h00min – Debate
18h00min – Encerramento

REALIZAÇÃO:
Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia

PARCEIROS:
Ministério Público do Estado de Goiás
Ministério Público do Trabalho do Estado de Goiás
Juizado da Infância e Juventude de Goiânia
Ministério da Saúde - SUS
Prefeitura de Goiânia
Governo do Estado de Goiás
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da UFG
Rede Não Bata Eduque
Pastoral da Criança
Museu da Vida
Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Goiás
Conselho Regional de Psicologia 09
Conselho Regional de Serviço Social
Senadora Lúcia Vânia
Deputado Federal Rubens Otoni
Deputada Estadual Adriana Accorsi
Vereadora Cristina

Patrocinadores:
Castro’s
Gráfica Kelp’s
Balada

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Adoraria ver publicado seu comentário, sua opinião, sua crítica. No entanto, para que o comentário seja postado é necessário a correta identificação do autor, com nome completo e endereço eletrônico confiável. O debate sempre será livre quando houver responsabilização pela autoria do texto (Cida Alves)