“O que não enfrentamos em nós mesmos encontramos como destino”.
Carl Gustav Jung
Ministra falou sobre o depoimento da apresentadora, no qual ela revelou que sofreu abusos
Ministra à frente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário conversou por telefone com ZH sobre a importância que o depoimento da apresentadora Xuxa, veiculado ontem no Fantástico, na RBS TV, tem para a causa.
Xuxa ao lado do diretor do quadro “"O que vi da vida", Cláudio Manoel
— Foi uma atitude de coragem, que merece muito respeito — disse. Ressaltou que há estudos que mostram que a violência sexual produz dores muito fortes, marcas além da dimensão física. São dores psicológicas e as pessoas guardam muitas vezes para si essa situação pela vida inteira. Citou, então, três principais pontos da revelação da apresentadora.
— Em primeiro lugar, representou o que muitas pessoas já sofreram e nunca tiveram coragem de falar. Faz um alerta para essa realidade, que pode ser muito maior que se imagina. Em segundo lugar: chama a atenção para o fato de esse problema acontecer muitas vezes dentro da própria família ou na comunidade na qual a criança está inserida. E em terceiro, acredito que o que ela pediu foi que as pessoas acreditem no que as crianças dizem. Isso é fundamental. Ela disse que não contou porque achava que não iriam acreditar nela e achariam ela culpada. As crianças precisam ter certeza que que os adultos vão acreditar nelas. Precisam confiar neles.
Maria do Rosário se disse ainda muito sensibilizada com a revelação.
— Eu e Xuxa trabalhamos juntas há muito tempo, ela é uma das principais colaboradoras do Disque 100. Ela representou muito bem as pessoas que ainda não tiveram coragem de falar. Gosto ainda mais dela por isso.
Nesse sentido, Maria do Rosário salientou a importância da Lei Joanna Maranhão, que entrou em vigor na última sexta-feira, dia 18 de maio. A Lei, de nº 12.650, altera as regras sobre a prescrição do crime de pedofilia e também o estupro e o atentado violento ao pudor praticados contra crianças e adolescentes.
Agora, a contagem de tempo para a prescrição só vai começar na data em que a vítima fizer 18 anos, caso o Ministério Público não tenha antes aberto ação penal contra o agressor. Até então, a prescrição era calculada a partir da prática do crime. O entendimento é que, alcançada a maioridade, a vítima ganha condições de agir por conta própria.
Joanna Maranhão depondo na CPI da Pedofilia
A Lei leva esse nome em homenagem à nadadora Joanna Maranhão, que denunciou os abusos a que foi submetida durante a infância por um treinador.
Fonte: Zero Hora em 20 de maio de 2012, foto: Matheus Cabral - TV Globo / Divulgação.
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