Para o poeta Mário Quintana “Um bom poema não é o que a gente lê, mas o que lê a gente”.
E foi com um bom poema que Elisa Lucinda arrebatou os participantes da solenidade de entrega do Prêmio Neide Castanha 2012. E é com esse comovente poema que inicio a postagem de domingo.
Meninos José
Toda criança me arrebata.
Toda criança, por me olhar,
me arregaça as mangas do amor
e dele, desse amor, morro de emoção.
Há nisso mais do que o fato
de criança ser igual a flor,
mais do que criança ser da vida
a metáfora das coisas e seu verdadeiro valor.
Vejo José pousando sobre a casa,
as asas dele mudam o episódio lar.
Abraço o José em todo riso
e mesmo quando não o tenho no
colo o tempo todo...
evento de criança soprando a casa!
Eu fico com as pernas bambas
quando quem me aponta é uma criança. José é Júlia, também Carolina, também Pedro, também
Clara, também Olívia, também Antônio, também Valentina,
também Lina, também João, também Luísa,também
Nicolau, também Juliano, Guilherme, Diogo, Jonas, Mayara,
Vinícios, Leon, Irene, Natássia...
José é todas as galáxias de meninos,
porque são só verdades,
belas verdades,
límpidas eternidades,
futuros mundos.
Belas!
Tenho vontade de defendê-las
das injustiças dos ditos maiores,
dos esticados que,
aprisionados,
querem aprisionar.
Por todo o sempre e agora,
toda criança quando chora,
respondo: que foi?
Quem não te tratou direito?
(Toda criança quando chora
acho que me diz respeito.)
Quero as palavras delas,
a nitidez sublime das conversas
delirantes e sábias,
quero os descobrimentos que trazem
em sua transparência natural!
José voa na casa e eu pulso
no ventre como uma grávida perene,
meu Deus, todo filho do mundo
é um pouco filho meu!
Como me amolece o coração
barulho-som de grito de infância
no colégio de manhã!
Como é para o meu frio, lã,
uma mãozinha pequenina
dizendo pra mim dos caminhos...,
elaçadinha dentro da minha,
como o dia carregando a noite e seu luar,
e aquela vozinha sem gastar,
me pedindo com carinho e desamparo:
me leva lá?
Não mimem crianças em vez de amá-las,
para não adoecê-las,
para não encouraçá-las!
Não oprimam crianças na minha frente,
vou interferir, vocês vão se danar,
vou escancarar!
Não usem criança na minha presença,
tomarei o partido delas,
não terão minha parcimônia,
não vou compactuar!
Não cunhem nelas a tirania,
eu vou denunciar!
Sou maternal de universo,
mil crianças caminham comigo!
Sou árvore cuja semente
se chama umbigo.
Ai... toda criança quando grita mamãe,
respondo: que foi?
(Acho que é comigo!)
Acesse as fotos da Solenidade de entrega do Prêmio Neide Castanha 2012 nos links abaixo:
Malú Moura - Prêmio Neide Castanha 2012
Beijos e abraços na Malú Moura - Prêmio Neide Castanha 2012
Saiba mais sobre a Solenidade de entrega do Prêmio Neide Castanha
Ministra pede mobilização nacional pelo fim da exploração sexual de crianças e adolescentes
Veja ainda o debate que a TV Câmara promoveu sobre a erotização precoce e o papel da mídia
Debatedoras:
Iolete Ribeiro - presidente do Conselho Regional de Psicologia de Manaus, Amazonas
Raquel Moreno - representante do Observatório da Mulher
Cenise Monte Vicente - presidente do Conselho da Agência de Notícias dos Direitos da Infância
As fotos das crianças africanas postadas acima são uma homenagem a três extraordinárias descendentes da nossa grande Mãe África: Elisa Lucinda, Malú Moura e Iolete Silva.
Fotos enviadas por José Carlos Lima em 15 de abril de 2012. Veja mais fotos AQUI
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