19 de ago. de 2011

Diretor da Casa da Juventude de Goiânia sofre mais uma ameaça de morte


“Jagunço é homem já meio desistido de si...”
Guimarães Rosa (Grande Sertão Veredas)





O diretor da Casa da Juventude de Goiânia (Caju) e integrante do Comitê Goiano pelo fim da Violência Policial, padre Geraldo Labarrére, foi vítima de mais um telefonema com ameaça anônima à vida do religioso. A ligação foi recebida por volta das 10h de segunda-feira, 15, quando uma voz masculina solicitou à atendente da Caju que chamasse o padre. Como a pessoa não quis se identificar, a ligação não foi repassada e, insistindo, o homem perguntou qual a altura de padre Geraldo, alegando que precisava da informação para encomendar o seu caixão.

Preocupado com a situação, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa (CDH), da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Mauro Rubem, tomou providências emergenciais em busca de proteção. Na manhã de ontem, 16, Mauro Rubem e o coordenador da CDH, Fábio Fazzion, que também já sofreram ameaças semelhantes, se reuniram, na Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, com o superintendente da Polícia Judiciária, Álvaro Cássio dos Santos, e com doutor João Carlos Gorski, da Gerência de Inteligência da Polícia Civil de Goiás. Padre Geraldo também acompanhou o grupo e relatou as ameaças que vem sofrendo, após a deflagração da Operação Sexto Mandamento, pela Polícia Federal, em 15 de fevereiro. Na época, 19 policiais militares, suspeitos de integrar grupos de extermínio em Goiás, foram presos.

A primeira ameaça sofrida por padre Geraldo, desde que a operação foi deflagrada, ocorreu por meio de um recado enviado ao arcebispo metropolitano de Goiânia, dom Washington Cruz. Uma pessoa, que padre Geraldo acredita ser da igreja, avisou ao arcebispo que ficou sabendo que o padre sofreria uma desmoralização profissional para prejudicar sua imagem na igreja. “Disseram que eu não ia ser executado, mas que iria sofrer algum acidente ou assalto, seguido de morte. Ainda falaram que implantariam vídeos de pedofilia ou pornografia, sugerindo meu envolvimento com essas questões”, contou o religioso.

Logo depois disso, padre Geraldo recebeu uma ameaça direta, quando 26 veículos, incluindo carros e motos, passaram em frente à Caju, em forma de comboio. O religioso relata que isso aconteceu no início desse ano. “Algumas pessoas vieram aqui na Caju e o último veículo parou. Uma pessoa desceu para perguntar o que era feito naquela casa”, relembra.


Fonte: CNBB em 17 de agosto de 2011.


Veja mais

A Ação dos Grupos de Extermínio no Brasil
Texto do deputado Nilmário Miranda,
presidente da comissão de direitos humanos da câmara federal

"A Ação dos grupos de extermínio consiste numa das principais fontes de violação dos direitos humanos e de ameaça aos Estado de direito no país. Essas quadrilhas agem normalmente nas periferias dos grandes centros urbanos e têm seus correspondentes nos jagunços do interior. Usam estratégia de ocultar os corpos de suas vítimas para se furtar à ação da justiça, sendo que os mais ousados chegam a exibir publicamente sua crueldade. Surgem como decorrência da perda de credibilidade nas instituições da justiça e de segurança pública e da certeza da impunidade, resultante da incapacidade de organismos competentes em resolver o problema.

Os embriões dos grupos de extermínio nascem quando comerciantes e outros empresários recrutam matadores de aluguel, frequentemente entre policiais militares, e civis, para o que chamam "limpar" o "seu"bairro ou sua cidade. Contam muitas vezes com o apoio de amplo segmento da população que, descrentes nos organismo?s oficiais deixam se seduzir pela idéia de fazer justiça com as próprias mãos".


Acesse o discurso na integra AQUI

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