*ROSELY SAYÃO
Educar é introduzir a criança ao mundo do convívio civilizado. Bater, portanto, não faz o menor sentido.
MUITAS mães pensam que um tapinha dado no filho, com amor e boa intenção, não dói. Dói sim, e como dói! E não apenas no corpo. Claro, este padece nessa hora, mas a criança fica principalmente magoada com aquele adulto de quem espera proteção, amor e cuidado, e não agressão. Resultado: o vínculo de confiança que deveria haver entre eles pode ser afetado, prejudicado.
Por que ainda se bate em criança? Há quem acredite que o ironicamente chamado "tapa pedagógico" tenha efeito educativo. Não tem, e isso pode ser constatado no próprio convívio com crianças que levam castigos físicos quando cometem alguma transgressão. Crianças de todas as classes sociais, desde bem pequenas, apanham porque não conseguem ainda se controlar e fazem o que os adultos esperam que já saibam que não poderiam ou deveriam fazer. Mas voltam a cometer a mesma falta. E apanham novamente.
Precisariam de mais castigo, ou de castigos mais severos? Elas precisam é de adultos que as ajudem e as socorram quando se entregam a seus impulsos e caprichos, isso sim. Acontece que, hoje, os adultos estão tão ocupados consigo mesmos que têm dificuldade em ter esse trabalho com as crianças: esperam que elas acatem as regras de primeira. Esquecemos o que é ser criança.
Sempre é bom lembrar que educar uma criança é socializá-la, ou seja, introduzi-la no mundo do convívio civilizado. Bater em uma criança para ensinar a ela que é preciso saber esperar, mostrar respeito ao outro, relacionar-se com boas maneiras e aceitar alguns impedimentos na vida não faz o menor sentido, portanto. É contraditório.
Sabemos muito bem que alguns pais batem em seus filhos simplesmente porque se descontrolam, porque perdem ou percebem que não têm a autoridade moral sobre a criança para educá-la. Mas aí o problema é só do adulto. A criança, o elo mais fraco dessa relação, não deveria ser o alvo desse descontrole.
Isso posto, não há como defender o uso de castigos físicos em nome de uma boa educação. É possível, quando necessário, aplicar sanções à criança ou ao jovem que não são humilhantes ou violentas, tanto sob o aspecto físico quanto moral.
Hoje, a sociedade brasileira discute um projeto de lei contra castigos físicos aplicados em crianças ou adolescentes. Dá para entender o espírito dessa lei, tanto quanto o do Estatuto da Criança e do Adolescente: proteger as gerações mais novas.
A parte difícil nessa história é reconhecer que vivemos num mundo e num país em que precisamos de leis para que os adultos cuidem bem das crianças e dos adolescentes, não é verdade? Tanto que o próprio estatuto já é execrado por muita gente, inclusive e principalmente por pessoas que trabalham com crianças.
É verdade que a infância e a adolescência vivem, na atualidade, envoltas em práticas violentas. Sofrem violência e a praticam também. Por isso, temos um importante compromisso com os mais novos. Mas não temos levado muito a sério essa responsabilidade já que, cada vez mais, procuramos e aceitamos a intervenção do Estado para legislar a vida privada.
Cuidar bem de nossas crianças significa educá-las com autoridade firme e doçura, amar a vida, ter apreço pela liberdade e defender a autonomia. Mas isso tem um custo, é claro, com o qual parece que não queremos arcar.
MUITAS mães pensam que um tapinha dado no filho, com amor e boa intenção, não dói. Dói sim, e como dói! E não apenas no corpo. Claro, este padece nessa hora, mas a criança fica principalmente magoada com aquele adulto de quem espera proteção, amor e cuidado, e não agressão. Resultado: o vínculo de confiança que deveria haver entre eles pode ser afetado, prejudicado.
Por que ainda se bate em criança? Há quem acredite que o ironicamente chamado "tapa pedagógico" tenha efeito educativo. Não tem, e isso pode ser constatado no próprio convívio com crianças que levam castigos físicos quando cometem alguma transgressão. Crianças de todas as classes sociais, desde bem pequenas, apanham porque não conseguem ainda se controlar e fazem o que os adultos esperam que já saibam que não poderiam ou deveriam fazer. Mas voltam a cometer a mesma falta. E apanham novamente.
Precisariam de mais castigo, ou de castigos mais severos? Elas precisam é de adultos que as ajudem e as socorram quando se entregam a seus impulsos e caprichos, isso sim. Acontece que, hoje, os adultos estão tão ocupados consigo mesmos que têm dificuldade em ter esse trabalho com as crianças: esperam que elas acatem as regras de primeira. Esquecemos o que é ser criança.
Sempre é bom lembrar que educar uma criança é socializá-la, ou seja, introduzi-la no mundo do convívio civilizado. Bater em uma criança para ensinar a ela que é preciso saber esperar, mostrar respeito ao outro, relacionar-se com boas maneiras e aceitar alguns impedimentos na vida não faz o menor sentido, portanto. É contraditório.
Sabemos muito bem que alguns pais batem em seus filhos simplesmente porque se descontrolam, porque perdem ou percebem que não têm a autoridade moral sobre a criança para educá-la. Mas aí o problema é só do adulto. A criança, o elo mais fraco dessa relação, não deveria ser o alvo desse descontrole.
Isso posto, não há como defender o uso de castigos físicos em nome de uma boa educação. É possível, quando necessário, aplicar sanções à criança ou ao jovem que não são humilhantes ou violentas, tanto sob o aspecto físico quanto moral.
Hoje, a sociedade brasileira discute um projeto de lei contra castigos físicos aplicados em crianças ou adolescentes. Dá para entender o espírito dessa lei, tanto quanto o do Estatuto da Criança e do Adolescente: proteger as gerações mais novas.
A parte difícil nessa história é reconhecer que vivemos num mundo e num país em que precisamos de leis para que os adultos cuidem bem das crianças e dos adolescentes, não é verdade? Tanto que o próprio estatuto já é execrado por muita gente, inclusive e principalmente por pessoas que trabalham com crianças.
É verdade que a infância e a adolescência vivem, na atualidade, envoltas em práticas violentas. Sofrem violência e a praticam também. Por isso, temos um importante compromisso com os mais novos. Mas não temos levado muito a sério essa responsabilidade já que, cada vez mais, procuramos e aceitamos a intervenção do Estado para legislar a vida privada.
Cuidar bem de nossas crianças significa educá-las com autoridade firme e doçura, amar a vida, ter apreço pela liberdade e defender a autonomia. Mas isso tem um custo, é claro, com o qual parece que não queremos arcar.
*ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
Fonte: blogdaroselysayao.blog.uol.com.br - 27/07/2010
roselysayao@uol.com.br
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