27 de out. de 2016

Carta aberta conclama Psicologia ao acolhimento da iniciativa dos jovens que ocupam escolas por todo o país - Instituto Silvia Lane - Psicologia e Compromisso Social




"A quem pertencem a Escola?"

Ana Júlia, de 16 anos, do Colégio Estadual Manuel Alencar Guimarães, na Assembleia Legislativa do Paraná.





Jovens ocupam escolas em todo país. São mais de mil escolas ocupadas. O que será que isto pode significar para uma psicóloga da educação, como eu?

Pode significar que a juventude atua, a sua maneira, em um dos assuntos que mais lhe diz respeito: a escola.

Os jovens têm sido pouco valorizados em nossa sociedade. Tratados como adolescentes, com uma significação negativa (aborrecentes), espera-se deles a rebeldia, mas também a obediência àqueles que parecem saber o que eles devem fazer: os adultos. Em pesquisa que realizei sobre a concepção de adolescência em livros destinados a pais e professores, encontramos uma visão de que a adolescência é um período natural do desenvolvimento, mas um período de crise e, pais e professores devem ter tolerância para com estes jovens que estão ensaiando sua participação social. Com esta visão, se ajuda a desvalorizar a juventude e suas possibilidades de atuação e parceria social com o mundo adulto.

A juventude precisa ser valorizada e isto significa respeitarmos suas formas de atuação social, mantendo sempre e constantemente a disposição do diálogo.
Jovens ocupam escolas em todo país. E o que fazem os adultos neste momento? Dialogam? Respeitam os jovens? Parece que um conjunto bastante significativo de professores faz exatamente isto; muitos pais também entendem que devem apoiar seus filhos. Mas e o Estado? Promete força policial, exige retirada, acusa de violência; a mídia, a serviço deste Estado, oculta as informações para a população. Não se abre o debate. Não se quer ceder nas reivindicações que são de diálogo e discussão sobre as mudanças necessárias ou importantes no campo da educação.



A Psicologia não pode calar ou deixar de apoiar a experiência democrática e dialogante que parte de nossa juventude realiza hoje. A Psicologia sabe a importância, para nossa sociedade, da atuação destes jovens que defendem suas escolas e seus futuros.
Defendem uma escolarização de qualidade e formas democráticas de mudar. Parabéns juventude; parabéns jovens que nos dão lições de democracia e responsabilidade com a construção da vida coletiva em nossa sociedade.

Ana Bock, presidente do Instituto Silvia Lane


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