Estimado leitor do blog,
Nesse domingo quero compartilhar com você a minha caminhada rumo à Finisterre em reverência àqueles que aprenderam a caminhar sobre as águas por que sonhavam encontrar um Mundo Novo.
Foto: Cida Alves
Foto: Cida Alves
Foto: Cida Alves
OS QUE QUEREM A PAZ
Miguel Anxo Fernán-Vello*
Os que sonham com uma pátria de árvores antigas
e o sol treme na selva como uma chama verde
inaugurando a luz dos campos.
Os que têm o mar preso nos seus olhos
e leem no vento a rota invisível de uma estrela
que anuncia a exalação do norte.
Os que cantam na hora central dos dias
- ternura necessária de palavras de argila –
contra a forma metálica do medo,
contra o poço que sobe como um fio de pedra
amordaçando a água.
Os que procuram a suave direção dos amanheceres
e perfuram no código do silêncio o brilho azul,
a casa do horizonte construindo outra luz,
a brisa germinal que ilumina o coração da flor.
Os que sabem na altura da memória
medir o verso humano do futuro:
a terra livre que clamou tanto sangue,
o astro firme na voz que foi semente,
a condição do amor orientando as raízes,
a cantiga que eleva a lucidez do mundo.
Contra a dor ancorada no redemoinho escuro do tempo
contra o arame negro que transita a pobreza,
contra a fome sonâmbula que caminha na noite,
contra o terror que arde na história repetida,
os querem a paz criam fendas no duro muro da paciência
e avançam florescendo a liberdade,
crescendo como um rio de palavras que fervem,
armadas como o vento que assobia triunfante
sobre o ferido pedestal
que derrubou
a primeira hora liberada do amanhecer.
Fotos de Cida Alves, Finisterre – Galicia (ES) em 26 de outubro de 2012.
*Poema extraído do livro “CONSTRUÍNDO A PAZ” de Xesús R. Jares (coord.) Editora Xerais de Galicia, 1996.
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