3 de jul. de 2011

Saral Cultural: etnocentrismo e racismo são o tema de hoje

Abaixo segue algumas sugestões de livros e filme

Zarité Sendella,

“En mis carenta años, yo Zaritê, he tenido mejor suerte que otras esclavas. Voy a vivir largamente y mi vejez será contenta porque mi estrella – mi z’etoile – brilla tambíen cuando la noche está nublada. Conozco el gusto de estar con el hombre escogido por mi corazón cuando sus manos grandes me despiertan la piel. He tenido cuatro hijos y un nieto, y los que están vivos son libres. Mi primer recuerdo de felicidad, cuando era una mocosa huesuda y desgreñada, es moverme al son de los tambores y ésa es también mi más reciente felicidad, porque anoche estuve em La Plaza Del Congo bailando y bailando, sin pensamientos em la cabeza, y hoy mi cuerpo está caliente y cansado. La música es un viento que se lleva los años, los recuerdos y el temor, esse animal agazapado que tengo adentro. Con los tambores desaparece la Zarité de todos los dias y vuelvo a ser la niña que danzaba cuando apenas sabía caminar. Golpeo el suelo com las plantas de los pies y la vida me sube por las piernas, me recorre el esqueleto, se apodera de mi, me quita la desazón y me endulza la memória. El mundo se estremece. El ritmo nace en la isla bajo el mar, sacude la tierra, me atraviesa como um relámpago y se va al cielo llevándose mis pesares para que Papa Bondye los mastique, se los trague y me deje limpia y contenta. Los tambores vencen al miedo. Los tambores son la herencia de mi madre, la fuerza de Guinea que está en sangre. Nadie puede comigo (...) Baila, baila, Zarité, por que esclavo que baila es libre... mientras baila. (...) Yo he bailado siempre” (ALLENDE, 2009, p. 9 a 11).

Com essas palavras Isabel Allende inicia o livro La isla bajo el mar. Um livro maravilhoso que conta a saga da escrava Zarité e de seus filhos e tem como pano de fundo a revolução de Saint-Domingue (hoje Haiti). Uma leitura indispensável!




A resposta de Kathryn Stockett, em sua 15ª edição, passou cem semanas consecutivas na lista dos mais vendidos do "The New York Times". Lançado no Brasil pela editora Bertrand Brasil, A resposta conta a história de empregadas domésticas negras que trabalhavam em casas de famílias brancas no ano de 1962, no Mississipi, terra natal da autora. A trama é contada pelo ponto de vista de Eugenia "Skeeter" Phelan, uma moça branca, que passa a reunir relatos de domésticas em uma época em que os negros ainda enfrentavam o racismo agressivo do sul dos Estados Unidos.





Com Venus Noire, o francês (nascido na Tunísia) Abdellatif Kechiche conta uma história pavorosa. Na Europa do século 19, a africana Saartjie (Yahima Torres) era exibida como curiosidade de feira, a Vênus Hotentote, mulher gorila, uma fera em forma feminina. Passou por Londres e fez sucesso nos salões parisienses, saindo de uma jaula, com uma corrente presa ao pescoço, dançando e, no fim, sendo tocada pelos incrédulos espectadores. Seu empresário recebeu uma nota alta do Museu do Homem para que ela se submetesse a um exame físico. Só que ela se recusou a mostrar uma parte íntima.

Quando morreu em Paris, depois de decair e se tornar prostituta, Saartjie foi parar no mesmo museu. Os cientistas dissecaram o corpo, devassaram seus mistérios, construíram uma estátua de gesso e conservaram esqueleto e órgãos.
Exibida num museu francês até a década de 1980, a Vênus Hotentote virou símbolo na luta pelos direitos humanos: governo sul-africano, na figura de Nelson Mandela, exigiu a repatriação de seus restos mortais. Isso só aconteceu em 2002, quando o corpo recebeu recepção de chefe de estado. Final feliz na vida real, que não tira o gosto amargo da boca.

Abaixo o trailer de Venus Noire




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