Aos 57 anos, o agricultor José Martins, o Zequinha, lamenta ter que deixar as terras que cultiva à beira do Lago Tucuri, em Nova Ipixuna, sudoeste do Pará. Ele é um dos 30 moradores do assentamento agroextrativista Praialta Piranheira jurados de morte por pistoleiros. Muitos lotes do local são rodeados por uma vegetação ainda intocada e são desejadas para extração irregular de madeira e criação de gado, virando alvo de cobiça de fazendeiros e madeireiros.
“Já queimaram quatro casas minhas aqui em seis meses. Foi a minha casa de morada, uma cisterna, uma casa de forno e uma casa de galinha. Já inventaram que sou pedófilo, e essa calúnia é o que mais me dói. Tenho uma filha de 10 anos e me sinto cortado por dentro. Deus é o advogado dos advogados, e eu confio nele.
Não quero ficar mais de um mês aqui”, disse o agricultor.
Irmã de assassinado
Segundo Claudelice Silva dos Santos, de 29 anos, irmã de José Claudio, a saída dos agricultores do assentamento pode sinalizar o fim do movimento pacífico de manejo sustentável da terra na região.
“Os fazendeiros, os madeireiros querem usufruir da natureza, derrubar a floresta, a vegetação nativa ao preço de um lucro pequeno e imediato.Para isso, eles usam de intimidação, ameaças para garantir o que eles consideram serem donos. Aqui não há dono de terra, a terra que está aqui é da União, o que nós temos é o direito de uso. Isso precisa ficar claro para a sociedade”, explica.
Pelo menos seis familiares dela, que viviam na região onde o irmão extrativista foi morto com a mulher, deixaram suas casas no assentamento agroextrativista Praialta Piranheira. Temerosos, não revelam onde estão morando para evitar qualquer possibilidade de novos atentados.
Veja reportagem completa aqui
Fonte: fotos e reportagem de Glauco Araújo Do G1, em Marabá e Nova Ipixuna (PA)
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