“Em uma situação assim, nenhum intelectual,
nenhum democrata, nenhuma pessoa responsável do mundo em que vivemos, pode
ficar indiferente”. (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)
Carta aberta de Manuel Castells aos intelectuais do mundo
Manuels
Castells
Amigos
intelectuais comprometidos com a democracia:
O Brasil
está em perigo. E, com o Brasil, o mundo. Porque, depois da Eleição de Trump, a
tomada do poder por um governo neofascista na Itália e da ascensão do
neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger presidente um fascista, defensor da
ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo, que obteve 46% dos
votos válidos no primeiro turno da eleição presidencial. Pouco importa quem
seja seu oponente. Fernando Haddad é a única alternativa possível. É um
acadêmico respeitável e moderado, candidato pelo PT, um partido hoje em dia
desprestigiado por ter se envolvido no processo de corrupção generalizado do
sistema político brasileiro. Mas a questão não é o PT, mas sim uma presidência
de um Bolsonaro capaz de dizer a uma deputada, em público, que ela “não merece
ser estuprada”. Ou que o problema da ditadura não foi a tortura, mas sim que
não tivesse matado mais ao invés de torturar.
Em uma
situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata, nenhuma pessoa
responsável do mundo em que vivemos, pode ficar indiferente. Eu não represento
ninguém além de mim mesmo. Nem apoio nenhum partido. Acredito, simplesmente,
que se trata de um caso de defesa da humanidade. Se o Brasil, o país decisivo
da América Latina, cair em mãos deste desprezível e perigoso personagem, e dos
poderes fáticos que o apóiam, os irmãos Koch entre outros, nos precipitaremos
ainda mais fundo na desintegração da ordem moral e social do planeta, a qual
estamos assistindo hoje.
Por isso,
escrevo a todos vocês, aos que conheço e aos que gostaria de conhecer. Não para
que subscrevam essa carta como se fosse um manifesto de políticos, mas sim para
pedir-lhes que tornem pública, em termos pessoais, sua petição para uma ativa
participação no segundo turno das eleições presidenciais, dia 28 de outubro, e
nosso apoio a um voto contra Bolsonaro, argumentando segundo o que cada um
pensa e difundindo sua carta por meio de seus canais pessoais, redes sociais,
meios de comunicação, contatos políticos, qualquer formato que difunda nossos
protestos contra a eleição do fascismo no Brasil. Muitos de nós temos contatos
no Brasil, ou temos contatos que têm contatos. Contate-mo-los. Um what’s é
suficiente, ou uma chamada telefônica pessoal. Não vai nos fazer um falta uma
#. Somos pessoas, milhares, milhões potencialmente falando, no mundo e no
Brasil. Ao longo de nossa vida, adquirimos com nossa luta e integridade uma
certa autoridade moral. É hora de utilizá-la neste momento antes que seja muito
tarde.
Eu farei
isso, já estou fazendo. E rogo, simplesmente, que cada uma e cada um faça o que
possa.
Manuels
Castells - Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é
professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional
e pesquisador dos efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a
sociedade.
Tradução:
Marco Weissheimer.
Fascismo en Brasil: la carta abierta de Manuel Castells a Bolsonaro
Amigos intelectuales
comprometidos con la democracia:
Brasil está en peligro. Y con
Brasil, el mundo, porque después de la elección de Trump, de la toma del poder
por un gobierno neofascista en Italia y por el ascenso del neonazismo en
Europa, Brasil puede elegir como presidente a un fascista, defensor de la
dictadura militar, misógino, sexista, racista y xenófobo, que ha obtenido 46%
en la primera vuelta de las elecciones presidenciales. Poco importa quién sea
su oponente. Fernando Haddad, la única alternativa posible, es un académico
respetable y moderado, candidato por el PT, un partido hoy día desprestigiado
por haber participado en corrupción. En una situación así, ningún intelectual,
ningún demócrata, ninguna persona responsable del mundo en que vivimos, podemos
quedarnos en una indiferencia generalizada hacia el sistema político brasileño.
Pero la cuestión no es el PT, sino la presidencia de un Bolsonaro capaz de
decir a una diputada, en público, que “no merece ser violada por él”. O que el
problema con la Dictadura no fue la tortura, sino que no matara en lugar de
torturar.
Yo no represento a nadie más que a mí mismo. Ni apoyo a ningún
partido. Simplemente, creo que es un caso de defensa de la humanidad, porque si
Brasil, el país decisivo de América Latina, cae en manos de este deleznable y
peligroso personaje, y de los poderes fácticos que los apoyan, los hermanos
Koch entre otros, nos habremos precipitado aún más bajo en la desintegración
del orden moral y social del planeta, a la que estamos asistiendo.
Por eso les
escribo a todos ustedes, a los que conozco y a los que me gustaría conocer. No
para que suscriban esta carta como si fuera un manifiesto al dictado de
políticos, sino para pedirles que cada uno haga conocer públicamente y en
términos personales su petición para una activa participación en la segunda
vuelta de las elecciones presidenciales, el 28 de octubre, y nuestro apoyo a un
voto contra Bolsonaro, argumentándolo según lo que cada uno piense, y
difundiendo su carta por sus canales personales, redes sociales, medios de
comunicación, contactos políticos y cualquier formato que difunda nuestra
protesta contra la elección del fascismo en Brasil. Muchos de nosotros tenemos
contactos en Brasil, o tenemos contactos que tienen contactos. Contactémoslos.
Un mensaje de Whatsapp es suficiente, o una llamada telefónica personal. No nos
hace falta un # (hashtag). Somos personas, miles, potencialmente hablando a
millones, en el mundo y en Brasil, porque a lo largo de nuestra vida hemos
adquirido con nuestra lucha e integridad cierta autoridad moral. Utilicémosla
en este momento, antes que sea demasiado tarde.
Yo lo voy a hacer, lo estoy
haciendo. Y simplemente ruego que cada una/uno haga lo que pueda.
Manuels
Castells - Sociólogo y economista español. Ejerce como profesor de
Sociología y Urbanismo en la Universidad de California en Berkeley. Es director
del Internet Interdisciplinary Institute y presidente del consejo académico de
la Next International Business School.
Fonte: Sul21, em 8 de outubro de 2018.
Fuente: Revista Arcadia, 8 de octubre de 2018.
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