8 de out. de 2018

Carta aberta de Manuel Castells aos intelectuais do mundo - Fascismo en Brasil: la carta abierta de Manuel Castells a Bolsonaro


“Em uma situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata, nenhuma pessoa responsável do mundo em que vivemos, pode ficar indiferente”. (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)



Carta aberta de Manuel Castells aos intelectuais do mundo

Manuels Castells

Amigos intelectuais comprometidos com a democracia:

O Brasil está em perigo. E, com o Brasil, o mundo. Porque, depois da Eleição de Trump, a tomada do poder por um governo neofascista na Itália e da ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger presidente um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo, que obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno da eleição presidencial. Pouco importa quem seja seu oponente. Fernando Haddad é a única alternativa possível. É um acadêmico respeitável e moderado, candidato pelo PT, um partido hoje em dia desprestigiado por ter se envolvido no processo de corrupção generalizado do sistema político brasileiro. Mas a questão não é o PT, mas sim uma presidência de um Bolsonaro capaz de dizer a uma deputada, em público, que ela “não merece ser estuprada”. Ou que o problema da ditadura não foi a tortura, mas sim que não tivesse matado mais ao invés de torturar.

Em uma situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata, nenhuma pessoa responsável do mundo em que vivemos, pode ficar indiferente. Eu não represento ninguém além de mim mesmo. Nem apoio nenhum partido. Acredito, simplesmente, que se trata de um caso de defesa da humanidade. Se o Brasil, o país decisivo da América Latina, cair em mãos deste desprezível e perigoso personagem, e dos poderes fáticos que o apóiam, os irmãos Koch entre outros, nos precipitaremos ainda mais fundo na desintegração da ordem moral e social do planeta, a qual estamos assistindo hoje.

Por isso, escrevo a todos vocês, aos que conheço e aos que gostaria de conhecer. Não para que subscrevam essa carta como se fosse um manifesto de políticos, mas sim para pedir-lhes que tornem pública, em termos pessoais, sua petição para uma ativa participação no segundo turno das eleições presidenciais, dia 28 de outubro, e nosso apoio a um voto contra Bolsonaro, argumentando segundo o que cada um pensa e difundindo sua carta por meio de seus canais pessoais, redes sociais, meios de comunicação, contatos políticos, qualquer formato que difunda nossos protestos contra a eleição do fascismo no Brasil. Muitos de nós temos contatos no Brasil, ou temos contatos que têm contatos. Contate-mo-los. Um what’s é suficiente, ou uma chamada telefônica pessoal. Não vai nos fazer um falta uma #. Somos pessoas, milhares, milhões potencialmente falando, no mundo e no Brasil. Ao longo de nossa vida, adquirimos com nossa luta e integridade uma certa autoridade moral. É hora de utilizá-la neste momento antes que seja muito tarde.

Eu farei isso, já estou fazendo. E rogo, simplesmente, que cada uma e cada um faça o que possa.

Manuels Castells - Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade.

Tradução: Marco Weissheimer.

Fascismo en Brasil: la carta abierta de Manuel Castells a Bolsonaro

Amigos intelectuales comprometidos con la democracia:

Brasil está en peligro. Y con Brasil, el mundo, porque después de la elección de Trump, de la toma del poder por un gobierno neofascista en Italia y por el ascenso del neonazismo en Europa, Brasil puede elegir como presidente a un fascista, defensor de la dictadura militar, misógino, sexista, racista y xenófobo, que ha obtenido 46% en la primera vuelta de las elecciones presidenciales. Poco importa quién sea su oponente. Fernando Haddad, la única alternativa posible, es un académico respetable y moderado, candidato por el PT, un partido hoy día desprestigiado por haber participado en corrupción. En una situación así, ningún intelectual, ningún demócrata, ninguna persona responsable del mundo en que vivimos, podemos quedarnos en una indiferencia generalizada hacia el sistema político brasileño. Pero la cuestión no es el PT, sino la presidencia de un Bolsonaro capaz de decir a una diputada, en público, que “no merece ser violada por él”. O que el problema con la Dictadura no fue la tortura, sino que no matara en lugar de torturar. 

Yo no represento a nadie más que a mí mismo. Ni apoyo a ningún partido. Simplemente, creo que es un caso de defensa de la humanidad, porque si Brasil, el país decisivo de América Latina, cae en manos de este deleznable y peligroso personaje, y de los poderes fácticos que los apoyan, los hermanos Koch entre otros, nos habremos precipitado aún más bajo en la desintegración del orden moral y social del planeta, a la que estamos asistiendo. 

Por eso les escribo a todos ustedes, a los que conozco y a los que me gustaría conocer. No para que suscriban esta carta como si fuera un manifiesto al dictado de políticos, sino para pedirles que cada uno haga conocer públicamente y en términos personales su petición para una activa participación en la segunda vuelta de las elecciones presidenciales, el 28 de octubre, y nuestro apoyo a un voto contra Bolsonaro, argumentándolo según lo que cada uno piense, y difundiendo su carta por sus canales personales, redes sociales, medios de comunicación, contactos políticos y cualquier formato que difunda nuestra protesta contra la elección del fascismo en Brasil. Muchos de nosotros tenemos contactos en Brasil, o tenemos contactos que tienen contactos. Contactémoslos. Un mensaje de Whatsapp es suficiente, o una llamada telefónica personal. No nos hace falta un # (hashtag). Somos personas, miles, potencialmente hablando a millones, en el mundo y en Brasil, porque a lo largo de nuestra vida hemos adquirido con nuestra lucha e integridad cierta autoridad moral. Utilicémosla en este momento, antes que sea demasiado tarde.

Yo lo voy a hacer, lo estoy haciendo. Y simplemente ruego que cada una/uno haga lo que pueda.

Manuels Castells  - Sociólogo y economista español. Ejerce como profesor de Sociología y Urbanismo en la Universidad de California en Berkeley. Es director del Internet Interdisciplinary Institute y presidente del consejo académico de la Next International Business School.

Fonte: Sul21, em 8 de outubro de 2018.
Fuente: Revista Arcadia, 8 de octubre de 2018.

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