17 de out. de 2010

Jornalistas “Amigos da Criança” entrevistam presidenciáveis


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Um time campeão




Criado em 1997, o projeto Jornalista Amigo da Criança, da Agência de Notícias
dos Direitos da Infância (Andi), patrocinado pela Petrobras, reconhece profissionais de comunicação cujo trabalho é pautado pelo compromisso com a agenda social e os direitos da criança e do adolescente. No total, 346 jornalistas do Brasil todo já foram homenageados. A Andi convidou nove deles para participar de uma coletiva virtual com os candidatos à Presidência da República com os maiores índices de intenção de votos.



Vejam o que eles disseram sobre o Projeto de Lei que proíbe os castigos físicos e humilhantes na educação e no cuidado de crianças e adolescentes.


Pergunta elaborada pelo Jornalista Amigo da Criança Marcelo Canellas*.

Qual é a sua posição sobre a chamada “Lei da Palmada”, que tramita no Congresso Nacional? O que é, em sua opinião, um castigo lícito e educativo? E qual o papel do Estado nessa questão?


Resposta de Dilma:

Qualquer forma de violência é inaceitável. E contra uma criança é ainda mais condenável. Existem procedimentos de disciplina não violenta, a começar pelo exemplo dos adultos, pelo diálogo e pelo uso de restrições que não causem dor ou humilhação. O papel do Estado nessa questão está nas ações de prevenção e proteção, definidas legalmente, como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de programas, como os que existem sob a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos. E, recentemente, o presidente Lula apoiou a iniciativa da Rede Não Bata, Eduque, que encaminhou um projeto de lei ao Congresso Nacional. Esse projeto deverá ser acompanhado em sua tramitação, com prioridade, no meu governo, caso eleita.


Resposta da Marina:

Há muito tempo sabemos que a proteção dos direitos fundamentais envolve também determinadas situações que se verificam no espaço da vida doméstica e que foram, tradicionalmente, tratadas como “questões privadas”. Graças a essa concepção, ninguém mais estranha que o Estado possa estabelecer regras que protegem as mulheres diante de uma tradição secular de violência doméstica. Não vejo por que não pensar a proteção das crianças da mesma forma. Até com muito mais razão, se tivermos em conta que as crianças não podem, por definição, se defender de uma agressão. Estamos aqui lidando com um tema que só é polêmico por mexer com uma cultura que legitima a violência, desde que “moderada”, contra as crianças. Vários países já aprovaram leis semelhantes. O primeiro deles, a Suécia, proibiu as punições físicas sobre as crianças em 1979. Na verdade, estamos muito atrasados neste tema. Por óbvio, proibir as punições físicas e todas as práticas humilhantes na educação dos filhos não significa defender uma educação permissiva. Educar pressupõe impor limites. Desde o momento em que a criança já pode compreender a necessidade de observar certas regras e cumprir combinações é importante que, em caso de descumprimento, possa receber algum tipo de sanção, o que também deve fazer parte da combinação. Não há qualquer razão, entretanto, que justifique a punição física ou um ato de desrespeito. Isso só ocorre por despreparo dos pais e mães, que, por isso mesmo, precisam ser auxiliados. A primeira coisa que eles devem perceber é que, quando batem em seus filhos, a única coisa que estão ensinando é que a violência é um ato legítimo para a superação de conflitos. Não por acaso, crianças e adolescentes violentos possuem, normalmente, um histórico de vitimização por violência doméstica.

Apesar de convidado a participar deste especial, o candidato José Serra (PSDB) não respondeu às questões enviadas à sua assessoria.




*Marcelo Canellas,

repórter especial da Rede Globo de Televisão desde 1990. É especializado na cobertura de temas ligados aos direitos humanos e autor de algumas das séries de reportagem mais premiadas da televisão brasileira, como “Fome” (2001 – Jornal Nacional), “Cerrado” (2004 – Jornal Nacional) e “Terra do Meio: Brasil Invisível” (2007 – Bom Dia Brasil). Já recebeu mais de 40 prêmios jornalísticos no Brasil e no exterior. Desde 2002, é Jornalista Amigo da Criança.




Ver entrevista completa no informativo "jornalistas Amigos da criança nas eleições".

Fonte: site da Andi, 17 de outubro de 2010.

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