5 de nov. de 2010

Bebês são maltratados em creche particular de Goiânia

Em Goiânia, a dona de uma creche é acusada de torturar e sistematicamente maltratar bebês e crianças pequenas no berçário.
O choro de quem ainda não consegue se defender é de crianças do berçário Bebê Feliz, na região sul de Goiânia. Imagens feitas durante a investigação da Polícia Civil e do Ministério Público mostram meninos e meninas de até dois anos sendo agredidos pela dona do berçário, Maria do Carmo Serrano, de 62 anos, paga para protegê-los.
Os bebês levavam tapas, safanões. Uma criança é levantada pelos pés e jogada no colchão de cabeça para baixo. Em outra imagem, a dona do berçário aparece no canto usado como local de castigo. Uma das punições era esfregar as mãozinhas dos bebês até sangrar. A dona da creche era conhecida como vovó pelas crianças. As crianças também eram trancadas no banheiro.
A polícia já tinha recebido várias denuncias de funcionários do berçário, mas não tinha provas. Só há um mês conseguiu convencer a coordenadora pedagógica, Ana Paula dos Santos, a filmar o que acontecia lá dentro. Hoje, no depoimento, Ana Paula disse que o que aparece nas imagens, apesar de chocante, ainda é pouco diante do sofrimento das crianças.

“Tem crianças que vomitavam, ela praticamente fazia as crianças comer o vômito de novo. Ela limpava o vômito e esfregava na cara das crianças, por várias vezes. Não foi só uma vez que isso aconteceu. Se a criança estava sentada no carrinho, ela passava, dava um tapa na testa para ela cair pra trás. Do nada, simplesmente dava vontade, ou se a criança chorasse também. Ela não podia ver uma criança chorando que ela agredia, ela sempre falou: detesto choro, mas adorava fazer as crianças chorarem”, afirma Ana Paula.

Para a delegada, as imagens e os depoimentos são suficientes para indiciar a dona do berçário por tortura. “As crianças têm medo, passam o tempo todo ouvindo gritos, vendo, presenciando outras crianças sendo maltratadas e agredidas e sendo também xingadas, tratadas aos gritos e sendo agredidas fisicamente. Então, para nós, é tortura”, afirma a delegada Adriana Accorsi.
A Justiça negou o pedido de prisão temporária de Maria do Carmo Serrano. Hoje, o berçário ainda estava funcionando. Depois da divulgação das imagens, os pais chegaram revoltados para buscar os filhos.

“Fiquei desesperada, corri para vir buscar o meu filho. Desespero, quis vir buscá-lo logo, né? Não admito uma coisa dessas com meu filho de jeito nenhum. A gente paga para alguém maltratar?”, diz a enfermeira Denise Rezende.

“A gente é pai, a gente cuida dos filhos da gente, a gente tenta dar tudo, coloca numa escolinha porque a gente trabalha, para pessoa maltratar o filho da gente? Não dá não”, afirma o analista de sistemas Max Farias.
O advogado da dona da creche disse que ela vai se apresentar à polícia, mas não informou quando.

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Fonte: Jornal da Globo, 05 de novembro de 2010.


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