30 de set. de 2015

Seminário “Primeira Infância Livre de Violências”– Goiânia, 9 e 10 de novembro de 2015

cartaz Primeira Infância Livre da Violência

 

Presença confirmada da Dra. Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams


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Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fundadora do LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência) que faz pesquisa, ensino e extensão sobre o enfrentamento e prevenção da violência, intrafamiliar e a violência na escola. Possui Pós-Doutorado pela Universidade de Toronto (Canadá), Doutorado em Psicologia Experimental (USP/SP), Mestrado em Psicologia pela Universidade de Manitoba (Canadá) e Bacharelado e Licenciatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Supervisiona alunos no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSCar. É pesquisadora do CNPq (nível 1-B) e autora de diversos livros e artigos científicos, tendo recebido premiações nacionais e internacionais (as mais pertinentes "Práticas Exemplares numa Perspectiva de Gênero e Etnia em Saúde", da Organização Panamericana de Saúde, OPAS/OMS e Prevenção do Abuso Infantil da Women´s World Summit Foundation em Genebra, ambos em 2009). Ministrou curso como professora visitante na Pós Graduação em Psicologia da Universidade de Mar Del Plata - (2010) e Universidade Nacional de Córdoba (2012), ambas na Argentina. Proferiu diversas palestras internacionais: na sede da ISPCAN (International Society for the Prevention of Child Abuse & Neglect), em Chicago, 2008, na sede da American Psychological Association em Washington, em 2009 e no Departamento de Psicologia da Southern Methotodist University (SMU), em Dallas (2013). Tem diversas parcerias internacionais, como por exemplo com a American Psychological Association (APA) para validação no Brasil do programa ACT de treinamento de pais. Foi Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia (2009-2013). Foi Professora Visitante (Visiting Fellow) em Sidney Sussex College, Universidade de Cambridge, Inglaterra (janeiro-março de 2015). (Fonte: Currículo Lattes)

Suas publicações podem ser acessadas AQUI

29 de set. de 2015

Corpo na Psicologia: Diferentes Abordagens – Mesa Redonda do X Congresso de Psicologia da UFG

Corpo na Psicologia: Diferentes Abordagens

30 de setembro

De 9 às 11

Auditório da Faculdade de Educação - UFG

Expositores da Mesa Redonda:

 

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MARIA APARECIDA ALVES DA SILVA (Cida Alves)

Doutora e mestre pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, na linha de pesquisa Formação, Profissionalização Docente e Práticas Educativas, sob a orientação Profa. Dra. Ruth Catarina Cerqueira Ribeira de Souza. Consultora da Área Técnica de Vigilância as Violências e Acidentes do Ministério da Saúde (a partir de 2007). Integrante da Rede Não Bata Eduque (a partir de 2009). Psicóloga do Núcleo de Vigilâncias as Violências e de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia- Goiás. Administradora do blog Educar Sem Violência

 

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CAIRU VIEIRA CORRÊA

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (2012). Psicólogo Clínico. Mestrando em Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná. Especialização em Psicologia Corporal, na categoria Clínica, no Centro Reichiano, Curitiba/PR (2012). Residência em Análise Reichiana, no Centro Reichiano, Curitiba/PR (2013). Residência em Análise Bioenergética, no Centro Reichiano, Curitiba/PR (2014). Professor da Universidade do Contestado – UNC – Mafra/SC. Experiência na prática de acompanhamento terapêutico (AT) de pacientes com psicose, esquizofrenia e autismo. Atuação Profissional em Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II (2013).

 

Acesse mais informações sobre a programação do X Congresso de Psicologia da UFG Aqui

 


Fonte: Texto de apresentação informado pelos expositores.

26 de set. de 2015

¿Qué es lo que nos hace humanos? - Yann Arthus-Bertrand (Volume 2)

“Una noche, estando en la reserva, mi unidad tenía que impedir un ataque suicida capturando un terrorista en un puble cerca de Nablús. Desplequé nuestras fuerzas. Para hacerle salir disparamos a los muros como demonstración de fuerza. De la casa salió una mujer con una niña en los brazos y outra de la mano. Eran las 3 en la mañana. La niña se asustó y corrió hacia nosostros. Temia que llevara una bomba encima. Grité en árabe para que parara y continuó. Disparé en la cabeza. Se detuvo. Entoces, el tempo se paró. Fue el tempo más corto y más largo de mi vida. La niña sobrevivió y yo también, pero al mismo tempo, algo morió en los dos. Al disparar a un niño muere algo en él. No sé que. Quando un adulto dispara a un niño, muere algo en su interior. Algo muere y algo tiene que cobrar vida. Me envergonzaba hacerle disparo. Una vergonza dolorosa. Sobre todo una sensación de mi dedo apretando el gatillo y disparando en la niña. De eso dedo apretando el gatillo algo tenia que cobrar vida”.
Testimonio del documental ¿Qué es lo que nos hace humanos?"


25 de set. de 2015

X Congresso de Psicologia da UFG (Re)descobrindo o corpo – De 29 de setembro a 01 de outubro de 2015

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DIA 30 DE SETEMBRO

Mesa-Redonda 1:

Corpo na Psicologia: Diferentes Abordagens.
Dra. Aparecida Alves da Silva (Cida Alves) e Ms. Cairu Vieira Correa

De 9 às 11 horas – Auditório da Faculdade de Educação

GDV´s, Oficinas, Minicursos.

4) (Re) descobrindo o corpo – As Reações psicológicas das Vítimas de transfobia

Beth Fernandes – 30/09/2015

Este trabalho atrás uma compreenção do estigma e dos preconceitos vivenciados pela população de travestis e transexuais e como têm resultado em graves violações de direitos humanos, dificultando a erradicação da violência e de doenças como a AIDS e outras.

O segundo aspecto de reflexão são os fatores de vulnerabilidade dessa população, considerando que são esses fatores de riscos sociais que aumentam os preconceitos e as discriminações contra essas pessoas, tornando-as vulneráveis. O terceiro ponto de analise a relação e a percepção desses fatores como de ser vítima e como as condições de saúde de uma vítima podem afetar a trabalho e o estigma e a discriminação influenciam os níveis de eficiência e produção, o bem-estar laboral e o próprio acesso ou permanência em um trabalho e estudos.

Uma sociedade harmônica é aquela que preza o respeito pelo outro, qualquer que ele seja. Contudo, essa harmonia só pode ser construída pela elaboração minuciosa de um conjunto de proposições que subsidiem políticas públicas de assistência, atendimento humanizado a essas pessoas no âmbito, principalmente, da Saúde, da Segurança e da Educação.

11) Alforria pelo sensível: violência e verdades guardadas no corpo

Dra. Maria Aparecida Alves da Silva (Cida Alves)

A aceitação e legitimação das violências, que brutaliza o contato corporal nas relações entre adultos e crianças, são construídas por meio de um processo de embrutecimento da vítima. Para sobreviver emocionalmente às violências que invadem de forma definitiva e cotidiana a vida de uma pessoa, alguns mecanismos de defesa mentais são ativados, um deles caracterizado por certo entorpecimento, ou seja, o corpo passa por um processo de dessensibilização à dor e ao sofrimento. Se o embrutecimento é o que sustenta corporalmente a aceitação das violências (negligência, física, psicológica, sexual), acredito que um antídoto para essa deletéria aceitação é o desentorpecimento do corpo e da mente por meio de experiências estéticas que promovam prazer e sensibilidade. O objetivo será realizar um aprofundamento dos conhecimentos sobre o impacto da experiência violenta na corporeidade dos sujeitos. A atividade proposta consistirá em realização de sociodrama: mapa mnêmico do embrutecimento dos corpos e apontamentos orientadores da construção de um projeto terapêutico para pessoas que sofreram violências.

Acesse a Programação completa AQUI

24 de set. de 2015

Do que uma criança precisa de verdade? Fernanda Furia

As memórias de experiências amorosos e de grandes contentamentos são como asas de anjos, são elas que verdadeiramente nos protegem nos momentos de desespero.

Cida Alves

 

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Vinte anos atuando como psicóloga de crianças e de adolescentes. Quatro anos como mãe. Já vi e ouvi muitas coisas…

Mesmo assim, tenho ficado intrigada com um frequente comentário que muitas mães e pais de crianças pequenas têm feito atualmente.

“Meu filho precisa sentir desde cedo que a vida é difícil”.

De fato a vida é difícil. Para alguns mais… Para outros menos.

Todos nós, em algum momento da vida, seremos arremessados em um oceano de problemas e de situações sofridas.

E serão nestas situações que precisaremos acessar dentro de nós algo precioso e muito poderoso: experiências positivas vividas na infância.

Lembranças impossíveis de serem lembradas. Mas possíveis de serem sentidas.

Bebês e crianças precisam vivenciar com regularidade momentos gostosos. Momentos que nutrem a alma em níveis profundos.

E que ficarão registrados para sempre. Como tatuagens na alma.

Eles serão as chaves para acionar a garra de viver necessária para superar as dores da vida.

Você deve estar se perguntando: Mas, que tipo de momentos são estes?

São os momentos em que a criança é atendida adequadamente nas suas necessidades. Sem muitas faltas nem grandes excessos.

Ser aquecida no momento certo. Ser alimentada sempre que necessário. Ser confortada com a voz calma da pessoa que cuida. Sentir o toque gostoso de quem a ama. Ser compreendida. Ser protegida. Ser corrigida. Sentir os limites do que é certo e errado. Ser respeitada nas suas diferentes emoções. Poder se encantar. Brincar livremente. Se divertir. Aprender brincando. Ver seus pais se divertindo também. Sentir o tempo sem tanta pressa.

Muitos pais e mães podem pensar: “Mas essa vida é muito boa! Desse jeito meu filho não estará preparado para enfrentar as dificuldades da vida quando ele crescer!”

Calma.

Você já parou para pensar que mesmo vivenciando todos estes momentos gostosos, ainda assim o seu filho já passa por algumas dores profundas?

Quando ele ganha um irmãozinho e perde a atenção exclusiva por ser filho único, quando ele se dá conta de que os seus pais não estão disponíveis para ele o tempo todo, quando um amiguinho prefere brincar com outro amigo, quando morre o seu bichinho de estimação, quando ele muda de escola ou ainda quando a sua avó preferida se vai… E junto se vão as comidinhas deliciosas, o colo aconchegante e a sensação de que na casa da vovó tudo pode….

Em tempos de profundas transformações no mundo, nossas crianças não precisam de tantas aulas de inglês, de tantos esportes, de tantos deveres de casa, de tanto conteúdo escolar, de tantas manhãs de sono interrompidas por horários escolares prematuros, de alfabetização precoce e nem de tantas expectativas por parte de nós, adultos.

Nossas crianças precisam, mais do que nunca, de momentos gostosos que possam nutrir as suas almas.

Precisam rechear seus bancos de dados internos com muitas experiências positivas de vida.

São estas experiências que darão à criança a capacidade de acreditar.

Acreditar que a dor vai passar, que ela pode confiar nas pessoas, que pode receber ajuda, que o mundo pode ser melhor e que um pouco de magia ainda existe…

Aí sim, quando a vida desafiar o seu filho de verdade, ele terá de onde tirar forças para enfrentar, resistir e se reinventar.

Eu, aos 40 anos de idade, já tinha perdido o meu irmão ainda na minha adolescência, todos os meus avós por diferentes razões, meu pai por uma doença brutal, meu sogro por um infarto fatal e minha mãe pela deterioração causada pela doença de Parkinson.

Ao longo desta jornada inominável fui buscar nas minhas vivências e brincadeiras de criança a força necessária para cuidar do meu filho ainda bebê e para me recriar profissionalmente.

A dureza da vida pode sim nos fortalecer. Mas são os momentos gostosos armazenados nos nossos poros que nos permitem enxergar esperança na dor.

É disso que as nossas crianças precisam de verdade.

Fernanda Furia


Colaboração: Izabela Severo Garcia, em 24 de setembro de 2015.

19 de set. de 2015

What is it that makes us human? - Yann Arthus-Bertrand

“Eu me lembro que meu padrasto me batia com extensões, cabides, pedaços de paus, um monte de coisas. Sempre me dizia:
- ‘Doí mais em mim que em você’.
- ‘Só fiz isso por que te amo’.

Ele me transmitiu uma ideia errada do que era o amor. Durante anos achei que o amor tinha que fazer o mal. Eu fazia o mal a todo mundo que eu amava. Eu media o amor em relação à dor que alguém pudesse suportar. Foi quando vim para a cadeia, esse ambiente desprovido de amor que comecei a entender melhor o que era amor e o que não era amor. Conheci uma pessoa. Ela me mostrou o que era o amor por que viu além de minha condição, condenado a prisão perpétua pelo pior tipo de assassinato: o de uma mulher e de uma criança. Foi Agnes, mãe e avó de Patrícia e Chris minhas vítimas quem deu minha maior lição de amor. Ela tinha todo o direito de me odiar. Mas não me odiava. Com o passar do tempo, nessa jornada que fizemos juntos... Foi incrível. Ela me deu amor. Ela me ensinou o que era o amor”.
(Depoimento do documentário What is it that makes us human?)


12 de set. de 2015

"Os meninos são todos sãos..." ¬ "Los niños son todos sanos..." Gilberto Gil


“O futuro das crianças é sempre hoje. Amanhã será tarde"
El futuro de los niños es siempre hoy. Mañana será tarde” 

Gabriela Mistral







11 de set. de 2015

Morte de Ezra Lian Joshua Fink - Não admito a justificativa de que "O IMPONDERÁVEL ACONTECEU".

Quantos meninos vão morrer até aprendermos que as "aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam..." (Sérgio Natureza e Tunai).

 

“O imponderável aconteceu mesmo tendo acompanhamento depois da volta. O Creas acompanhou e mandava relatórios pra vara central dizendo: ‘o menino está indo bem, a família está recomposta, todos se conduzem bem’. E daí somos todos surpreendidos com essa tragédia que não tem tamanho”, disse Antonio Carlos Malheiros (Jornal Nacional).

 


 

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Dentre todas as formas de violência, a violência física é a que apresenta maior letalidade (risco de morte). Mas infelizmente ainda impera entre os profissionais que atuam nas de Redes de Proteção uma tolerância em relação à essa forma de violência, tolerância que não costuma ocorrer em relação às violências de natureza sexual (Cida Alves).

 

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Acesse abaixo a reportagem

Padrasto e mãe de menino encontrado morto em freezer têm prisão decretada

8 de set. de 2015

Fazendeiros transformam MS em Estado sem lei - Outras Palavras


Força Nacional cruza os braços na morte do índio Semião Vilhalva e invasão, por sessenta pistoleiros, do território indígena demarcado. A omissão criminosa do ministro da Justiça
[Para compreender o contexto em que se deu o crime, leia texto da Agência Brasil]
Desta vez o acampamento de retomada das famílias Guarani e Kaiowá foi invadido por mais de 60 pistoleiros, que entraram realizando disparos e ameaçando crianças, velhos, mulheres e homens. O novo ataque foi realizado sobre o território sagrado de Ñanderú Marangatú, no local onde se encontra a fazenda denominada Piquiri, sobreposta aos 9.300 hectares de chão tradicional homologados pela Presidência da República.
Ainda com as cicatrizes e traumas do ataque anterior, em que Semião Vilhalva, indígena de 24 anos, foi assassinado pelas milícias dos ruralistas à beira de um córrego onde procurava seu filho, as famílias relatam que apenas tiveram tempo de juntar alguns poucos pertences e correr para o meio da mata, buscando segurança para não serem também assassinadas.
Apavorados e revoltados, os indígenas denunciam a inoperância das forças de segurança em garantir a vida e integridade de suas famílias. Em mensagens enviadas por telefone indagam: “Eles não estavam aqui para impedir o conflito? Para impedir massacre? Como, então, caminhonetes se juntam em bandos, e eles entram, atiram, matam e eles não fazem nada como se nem enxergassem isso? Eu vou dizer o que eles estão fazendo. Esta Força Nacional está deixando os fazendeiros invadirem nosso território e se apossarem das sedes, aí eles vêm e fazem cordão contra nossa comunidade. Estão garantindo a devolução de nosso território para os fazendeiros, e a DOF (Departamento de Operações de Fronteira), além de acompanhar os jagunços, mesmo quando estão armados, agora ajuda a levar comida para eles e abastecer os bandidos que mataram o Semião”, desabafa, inconformada, uma das lideranças. Matérias jornalísticas veiculadas ontem registraram o momento da entrega de alimentos, ao qual a liderança se refere.
Uma das poucas verdades advindas dos pronunciamentos ruralistas até agora é de que a soberania nacional está ameaçada. Realmente está, porém não pelas participações de “indígenas paraguaios”, como tentam argumentar os ruralistas e seus sindicatos, mas sim pelas ações milicianas e paramilitares dos próprios fazendeiros. Desrespeitando a democracia e os direitos individuais e coletivos, essa “gente de bem” decidiu deliberadamente abrir uma temporada de “caça aos índios”, e promover reintegrações de posse à revelia da lei, com as próprias mãos. Desse modo, investem, sobretudo, contra famílias indefesas, o que, além de temerário e covarde, se constitui em crimes diversos e devem ser punidos nos rigores da lei.
Enquanto isso, o governo – em especial o Ministério da Justiça – assiste inerte a bandidagem de latifundiários sem tomar providências efetivas de defesa dos povos indígenas e nem apontar algum tipo de intervenção. Os indígenas denunciavam, desde o primeiro ataque, que o clima continuava tenso e que não se sentiam seguros com as estratégias de “segurança” adotadas pela Força Nacional que, segundo eles, estava mais interessada em manter seguros os fazendeiros do que evitar novas invasões milicianas pelo perímetro da terra indígena. O silêncio do governo continuou: sequer lamentaram publicamente o assassinato de Semião.
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, em sua última declaração voltada aos Guarani e Kaiowa, realizada em Brasília, no início deste mês, afirmou que não “baixaria nenhuma portaria declaratória” (procedimento demarcatório essencial e de sua responsabilidade) por conta da conjuntura de alta violência e de “ataques de direitos” advinda dos produtores rurais e da própria Justiça. Cardozo afirmava que não poderia baixar as portarias porque teria plena consciência da violência sofrida pelos indígenas. Afirmou, por fim, que não estaria disposto a agir como um “Pôncio Pilatos” frente à crucificação de “Jesus Cristos Kaiowás”. Pois bem, neste momento o ministro age exatamente como um Pôncio Pilatos, assistindo ao acirramento da violência.  Ao lavar suas mãos da responsabilidade em garantir a segurança destas famílias, Cardozo condenará quantos outros indígenas ao mesmo destino de Semião?
Os Guarani e Kaiowá, diante da dor da perda de sua liderança, exigem que seja feita justiça. Exigem a punição imediata aos assassinos e mandantes e intervenção do Ministério da Justiça para garantir a segurança das famílias e coibir crimes e a continuidade do esbulho de seus territórios. Enquanto houver silêncio e inércia das autoridades responsáveis pela garantia da ordem e da justiça, a cada dia uma nova lápide de indígena assassinado será erguida, pois a intenção de matar é publicamente declarada por fazendeiros em reuniões e em depoimentos que circulam nas redes sociais. Até quando, senhora presidente da República e senhor ministro da Justiça, isso vai perdurar?

5 de set. de 2015

David Lucas de Sousa Freitas Pires e Aylan Kurdi, por vocês minhas lágrimas desceram as nascentes do Cerrado para enfim chegar ao gelado mar de Ali Hoca Burnu

Muito Avesso
Tudo ao contrário
Areia fria como o último leito do sono de um menino
Brutal ataque entre à terra o corpo de um pequeno indefeso
Queria ter oferecido meu colo e minha respiração como embalo
Queria ter oferecido meu leite e meu olhar de espanto por tanto beleza
Agora só posso oferecer meu choro
Entretanto, não será choro miúdo de lagrimas contidas
Será o choro enlouquecido das mulheres do oriente
Que aos gritos lamentam a perda de seus filhos
David Lucas de Sousa Freitas Pires e Aylan Kurdi
Pela partida de vocês minhas lágrimas desceram as nascentes do Cerrado
Para enfim chegar ao gelado mar de Ali Hoca Burnu


Cida Alves






Muy Avesso

Todo al revés
Arena fría como el último lecho del niño dormido
Brutal ataque entrega a la tierra el cuerpo de un pequeño indefenso
Hubiera gustado haber ofrecido mi regazo y mi respiración para empacarlos
Hubiera gustado haber ofrecido mi leche y mi mirada de asombro por tan gran belleza de vosotros
Ahora sólo puedo ofrecer mi llanto
Sin embargo, no sera un llanto timido con lágrimas contenidas
Será un llanto loco igual de las mujeres orientales
que lloran a los gritos por la pérdida de sus hijos
David Lucas de Sousa Freitas Pires y Aylan Kurdi
Por la muerte de vosotros mis lágrimas han de salir de la fuente del Cerrado
Para finalmente llegar al mar helado de Ali Hoca Burnu











Fotos:
Bebê David Lucas morreu após ser espancado (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

IMAGE: Last photo of Syrian child Aylan Kurdi alive, whose death at sea sparked global outrage.

1 de set. de 2015

Desamparo aprendido - Entrevista com Julie Lythcott-Haims

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A ex-reitora de Stanford diz que o "overparenting", a obsessão dos pais de guiar e proteger seus filhos, criou uma geração de "adultos-crianças" despreparados para o mundo

No início dos anos 2000, então reitora da Universidade de Stanford [Estados Unidos], Julie Lythcott-Haims começou a notar algo curioso no comportamento de seus alunos. Estudantes de 20 e poucos anos, que em breve estariam formados e trabalhando nas melhores empresas, compareciam à sua sala invariavelmente acompanhados do pai ou da mãe. E, quando ela lhes perguntava o que queriam de seu futuro, olhavam para os pais em busca de uma resposta. Foi a partir dessa experiência - e da sua própria, como mãe - que ela passou a estudar o "overparenting", expressão americana para o hábito de proteger excessivamente os filhos. O fenômeno surgiu quando a geração do pós-guerra, tratada com rigidez pelos pais, mas influenciada pela contracultura dos anos 60 de 70, decidiu criar suas crianças de forma diferente - menos rigor e mais amor, menos cobranças e mais compreensão. Os exageros na aplicação da fórmula, argumenta ela, ajudaram a produzir uma geração de adultos incapazes de decidir por conta própria e com dificuldades de se adequar ao mercado de trabalho. Julie Lythcott-Haims deu a seguinte entrevista a VEJA, por telefone.


A senhora afirma que esta é a primeira geração de "adultos-crianças" da história. Como eles são?

Julie: Trata-se de pessoas que não se sentem capazes de tomar as próprias decisões nem de lidar com contratempos e decepções. Ao primeiro sinal de problemas, pegam o telefone ou teclam para os pais para pedir orientação. Ora, um adulto é, por definição, alguém capaz de refletir e descobrir como lidar com determinada situação. Mas adultos também pedem orientações e conselhos.

A diferença é a frequência com que os adultos-crianças fazem isso?

Julie: A diferença é que fazem isso ao primeiro sinal de que algo não deu certo. A atitude de um adulto é refletir sobre uma questão, chegar a algum diagnóstico e aí, talvez, entrar em contato com alguém em quem confie e dizer: "Estou com dificuldade para resolver essa situação. O que você acha?". Dessa forma o pensamento e a estratégia do indivíduo passam a ser parte de algo que ele elaborou. Essencialmente, um adulto coloca questões a si mesmo antes de colocá-las a seus pais.

Como pensam esses "adultos-crianças"?

Julie: Eles têm pouco confiança em si mesmos. "Sou incapaz de fazer isso sozinho" é o pensamento recorrente - afinal, durante toda a vida, alguém sempre fez tudo por eles. Na psicologia, isso se chama "desamparo aprendido", algo que vem da falta de conexão entre esforço e resultado. Nesses meus treze anos como orientadora em Stanford, vi muitos alunos que padecem desse mal - a ponto de não saberem sequer pedir orientações na rua.

E isso vale também para situações profissionais?

Julie: Sim, sobretudo para situações profissionais. Numa empresa, as coisas não orbitam em torno do empregado e suas necessidades - o empregado não é o centro do mundo. O que se espera dele é que contribua para o crescimento da empresa e dos colegas - seja útil, ajude antes que lhe peçam, antecipe o que precisa ser feito. Ocorre que os pais desses "adultos-crianças" sempre determinaram o que eles tinham de fazer, e isso os impediu de desenvolver esse tipo de habilidade - pensar por si próprios e planejar o próximo passo. As consequências de uma vida excessivamente gerenciada pelos pais se refletem de maneira muito acentuada no trabalho.

Mas as próprias empresas não se adaptaram a esses "adultos-crianças", de certa forma?

Julie: Sim, o exemplo perfeito aqui são as startups [1] do Vale do Silício, que oferecem infinitos mimos a seus empregados. Eles trabalham muito duro, mas todo o ambiente é voltado para satisfazer a suas necessidades, incluindo a de diversão. A comida é preparada por chefs ótimos, as roupas de todo são lavadas lá. Eu me pergunto: por que tantos adultos dessa geração vão para a "terra das startups" e o mundo da tecnologia? Porque o local de trabalho foi adaptado para ser uma extensão da casa da infância deles. Mas o que acontece se alguém começa sua vida profissional num lugar assim e depois vai para um lugar tradicional? Certamente ficará muito desapontado. E talvez não consiga se adaptar.

A senhora fala em três tipos de pecado dos pais: o "superdirecionamento", a "superproteção" e a "superajuda". Pode explicá-los?

Julie: Os pais superprotetores são aqueles que acreditam  que qualquer coisa pode machucar seus filhos e, por isso, preferem que eles estejam sempre dentro do seu campo de visão. Tomam sempre o partido das crianças contra quem quer que seja - o juiz do jogo de futebol ou o professor que as criticou - e costumam dizer que todo esforço dos filhos é "perfeito". Os que pecam pelo "superdirecionamento" são os que definem o que seus filhos devem estudar, como devem brincar, que atividades devem praticar e em que nível, que faculdades valem a pena, que curso é melhor fazer, que carreira precisam seguir. Eles não só resolvem os problemas dos filhos como moldam seus sonhos. O tenista Andre Agassi é um exemplo típico dessa criação.

Por quê?

Julie: Eu o cito apenas porque ele mesmo já disse: "Meus pais direcionaram demais minha vida". E isso fica claro quando se lê a autobiografia do esportista. O pai de Agassi era tão convencido de que o filho deveria ser jogador de tênis que transformou isso na missão de sua vida. Mas o garoto não amava o esporte. Então, o que temos? Uma estrela do tênis, mas um tanto infeliz. Isso é comum quando as pessoas seguem trajetória profissional forçada pelos pais - ou, simplesmente, para agradar-lhes.

E como se caracterizam os pais da categoria que a senhora chama de "superajuda"?

Julie: São os que acompanham as crianças em todas as atividades, no esporte ou na escola, e agem como seu concierge [2], até quando já são quase adultos. A mãe de uma estudante do 2º ano de Stanford, por exemplo, ligava todo dia para acordá-la, e ainda tinha na própria agenda todos os deveres e provas dela, para evitar que a filha perdesse os compromissos.

Como os pais podem saber se caíram na armadilha de confundir amor demais com cuidado excessivo?

Julie: Em primeiro lugar, eles têm de aceitar o fato de que seu trabalho, como pais, é sair desse cargo algum dia. E que o objetivo é criar aquela pequena pessoa para que ela seja capaz de se cuidar. Não se trata de largar os filhos no meio da floresta para que se virem. Mas, no século XXI, cuidar de si próprio significa escrever seu currículo sozinho, fazer uma entrevista de trabalho, arrumar um emprego. E ter as habilidades necessárias para manter-se empregado, ser capaz de trabalhar duro e em equipe, ganhar um salário, pagar suas contas, ser gentil com os demais, descobrir como ir de um lugar a outro, cozinhar... E tudo isso sem ter de, a toda hora, perguntar à mamãe ou ao papai como se faz. Imaginar que algo pode fazer com que você um dia não esteja mais aqui para ajudar seu filho é um bom exercício: "E se alguma coisa acontecer comigo?". Nenhum de nós quer imaginar isso, mas é nosso dever como pais mamíferos preparar nossa cria para esse triste dia.

E no dia a dia?

Julie: Não há dúvida de que os pais devem dar tanto amor quanto puderem aos filhos. As crianças querem ter certeza de que são amadas e valorizadas. Mas não é cruel pedir que os filhos auxiliem nos afazeres domésticos, por exemplo. Isso vai ajudá-los a se desenvolver. O objetivo deve ser dar oportunidades para que desenvolvam sua independência. Eu me lembro da primeira vez que pedi ao meu filho que fosse ao supermercado para comprar algo que eu tinha esquecido. Ele não queria ir. Falei que precisava da ajuda dele, que o percurso não era longo, que ele já tinha ido mais longe com os amigos. Ele foi e, quando voltou, estava orgulhoso de si mesmo. Foi uma conquista para ele e para mim. Pode parecer algo menor, mas para as crianças sempre há uma primeira vez. O papel dos pais é encontrar as oportunidades de oferecer a elas a chance de aprender.

E como descobrir o limite a partir do qual dar independência a um filho pode expô-lo a riscos?

Julie: É difícil, mas é preciso deixar que as crianças vivam para que virem adultas. Não podemos segurá-las em nossos braços a vida inteira, cobri-las com plástico-bolha e mandá-las para o mundo inteiramente protegidas de tudo. Temos de fortalecer seu caráter, sua determinação, seu senso de "eu me machuquei, mas estou bem". Pode soar cruel, mas é bom que as crianças se machuquem na infância, e não falo apenas no sentido físico. Porque é o único modo de se tornarem resistentes e capazes de lidar com as questões quando crescerem. É um equilíbrio sensível. Não á um manual que descreva cada passo. Mas é preciso que os filhos se tornem resistentes, preparados também para as coisas mais difíceis que estão por vir. 

No Brasil, existe a "geração canguru", composta de adultos de 25 a 34 anos que ainda moram na casa dos pais. Isso tem a ver com essa superproteção?

Julie: Não conhecia esse termo, é maravilhoso. Em tese, não há nada de errado no fato de filhos nessa idade morarem com os pais se não tiverem dinheiro para morar sozinhos em um lugar desejável, por exemplo. O que está errado é se os filhos, nessa idade, não se comportarem como adultos - não ganharem um salário, não contribuírem financeiramente para a casa. Resumindo, se moram lá e se comportam como se tivessem 11 anos, sem levantar um dedo para ajudar, sem gastar seu dinheiro nem sequer para ajudar no supermercado.

Há também os "nem-nem", que nem estudam nem trabalham.

Julie: Não estudar e não trabalhar é um desastre. Não somente para aquela pessoa e sua família, mas para o país em que elas vivem. São pessoas que não vão contribuir para a sociedade, não vão pagar impostos, não serão cidadãos úteis. É um conceito assustador.

Como os "adultos-crianças" vão criar os próprios filhos?

Julie: Não faço ideia, porque a geração do milênio foi a primeira a ser superprotegida em massa. Os primeiros grupos de crianças que tinham a agenda toda feita pelos pais são os dos nascidos em torno de 1980. Logo, eles agora têm 35 anos. Muitos já têm filhos, mas ainda não sabemos como seus filhos estão se virando no mundo. Realmente espero que essa geração empurre o pêndulo de volta para a outra direção, para criar adultos competentes, confiantes e corajosos.

Bob Dylan escreveu que "não há sucesso como o fracasso". Até que ponto concorda com isso?

Julie: O que todos os tipos de pais que protegem em excesso têm em comum é o medo do fracasso. Eles têm medo de que, se seus filhos passarem por um fracasso, a vida deles seja arruinada. E eles estão errados. Para aprender, é necessário tentar, fracassar, aprender com isso. E aí tentar de novo, fracassar de novo e aprender de novo, até finalmente ser bem-sucedido. São os pequenos fracassos da infância que desenvolvem as habilidades, as competências e a confiança dos adultos. O fracasso é talvez o melhor professor da vida, e ficamos mais fortes quando somos desafiados.


N O T A S

[ 1 ] - Startup: é uma empresa com um histórico operacional limitado. Essas empresas, geralmente recém-criadas, estão em fase de desenvolvimento e pesquisa de mercados. O termo tornou-se popular internacionalmente durante a bolha da internet, quando um grande número de empresas ponto com foram fundadas.

[ 2 ] - Concierge é um termo originário do francês que significa "porteiro". Em hotéis, o concierge é um profissional que tem um balcão na entrada do hotel (conciergerie, em francês, ou conciergeria), responsável por assistir os hóspedes em qualquer pedido que estes tenham, dos mais extravagantes ao mais simples como chamar um táxi, dar informações sobre o próprio hotel e seus serviços ou sobre a cidade e seus pontos turísticos, venda de passeios na região, locação de carros, reservas e indicações de restaurantes, ligar para farmácia, floricultura ou tabacaria. Desempenha um papel de ajuda a todos integrantes do hotel, fazendo tarefas quando solicitadas (Fonte: Wikipédia).