30 de set. de 2018

"Uma manhã eu acordei e lutei contra um opressor" (Bella Ciao - Simone Soares e Flavia Simão - #EleNão em Goiânia



Uma manhã eu acordei
E ecoava Ele não, Ele não, não, não
Uma manhã eu acordei
E lutei contra
Um opressor
Somos mulheres
A resistência
De um Brasil sem fascismo e sem horror

Vamos à luta
Pra derrotar o ódio e pregar o amor.

Bella Ciao - versão de Simone Soares e Flavia Simão














Fotos: Nadya Maciel e Taynara Borges

28 de set. de 2018

#EleNão Mulheres de Goiás Contra o Fascismo - CARTILHA PARA MULHERES MANIFESTANTES



#ELENÃO - MULHERES DE GOIÁS CONTRA O FASCISMO

29 de setembro
Praça Cívica
Concentração - 9 horas
Marcha - 11 horas



CARTILHA PARA MULHERES MANIFESTANTES
SOBRE SEU DIREITO DE MANIFESTAR

Você é livre para manifestar o que pensa.
Você é livre para se reunir pacificamente em locais abertos ao público, desde que não atrapalhe outra reunião convocada antes para o mesmo local.
Você tem assegurado a sua integridade física e moral, mesmo se for preso.
Exija um advogado.
Não é crime o porte de materiais alimentícios e materiais de limpeza e higiene, tais como vinagre e água sanitária.
Também não é crime a posse de eletroeletrônicos como celulares, câmaras fotográficas durante o protesto.
Tire fotos, não se esqueça de carregar a bateria do seu celular e descarregar o arquivo de fotos. É importante, inclusive, que faça o máximo de fotos possíveis para resguardar o próprio manifestante.

DICAS DE SEGURANÇA E AUTODEFESA

NÃO levem crianças no ato. O ato do dia 29 não vai ser seguro para crianças. Todo cuidado é pouco e é melhor deixá-las em casa em segurança. Em casos de confusão, uma criança pode tornar mais complexa a fuga. Lembre-se dos grupos fascistas.

Cuidado com CAMISETAS E BOTTONS. Não se locomova com peças que identifiquem que você está indo para o ato. Deixa para usar no local, cuidado com estações de ônibus e locais fechados ou com concentração de pessoas.

Esteja com a cópia de sua identidade em local seguro.

NÃO levem bolsas podem ser implantadas coisas para lhe acusar.

Vá com roupas leves e agradáveis, não use sapatos que te impeçam de ter uma boa locomoção.

Amarre seus cabelos.

Não passem cremes, óleos ou maquiagem etc. Eles ajudam na fixação dos agentes nocivos. Não use brincos ou cordões etc.

Forme uma unidade, por nada se dispersem.

NÃO ACEITEM PROVOCAÇÕES, orientem seus companheiros a não revidar.

Em situação de violência é melhor evitar confrontos, acionar a polícia ou a comissão de segurança do ato.

Ajudem pessoas idosas e com dificuldade de mobilidade. Fascista não respeita idosos, nem pessoas com deficiência. Quem estiver no ato, ajudem, seja responsável, dê passagem, protejam com seus corpos. Seja para o outro a proteção de que precisa.

Tome cuidado com os cruzamentos entre as ruas. Espere a AMT/SMT ou a Equipe de Segurança fechar primeiro. E auxilie se for preciso. Mas, jamais se coloque na frente de motos ou carros que queiram furar a passagem. É melhor deixar passar e seguirmos nosso evento.

A revista em mulheres deve ser realizada preferencialmente por policiais femininas. Caso não tenha policiais mulheres, o policial masculino pode fazer a revista desde que seja de forma respeitosa com o corpo da manifestante. Exija isso, é nosso direito!

Muitas das agressões acontecem na dispersão das manifestações por isso é recomendável caminhar em grupo.

Em caso de confusão NÃO SENTEM NO CHÃO em hipótese alguma. Você pode ser pisoteada. Siga com a multidão na direção de todos e assim que o tumulto diminuir formem pequenos grupos, saia por ruas laterais e vá para casa ou lugares seguros e protegidos.

Não se esconda em locais fechados. Bombas de efeito moral em locais fechados podem ter efeito cumulativo e causar parada respiratória em pessoas sensíveis.

Deixe salvo previamente uma mensagem de texto no seu celular para enviar em caso de emergência.

Guarde um telefone da equipe de advogado.

ATENÇÃO: telefone do plantão da Defensoria Pública do Estado de Goiás - (62) 983220141. Direito à manifestação: um exercício de Cidadania.

A Equipe de Saúde estará sinalizada com a cor branca, a de Segurança e Jurídico com a cor verde e a Comunicação com a cor vermelha.

CANCIONEIRO - MÚSICA TEMA

Bella Ciao - Letra (versão): Simone Soares e Flavia Simão

Uma manhã eu acordei
E ecoava Ele não, Ele não, não, não
Uma manhã eu acordei
E lutei contra
Um opressor
Somos mulheres
A resistência
De um Brasil sem fascismo e sem horror
Vamos à luta
Pra derrotar o ódio e pregar o amor.

PALAVRAS DE ORDEM

1 - Nem fraquejada/ e nem do lar/ a mulherada tá na rua pra lutar

2 - Sou feminista / Não abro mão / De derrotar o fascista na eleição

3 - Companheira me ajude / que eu não posso andar só/ eu sozinha ando bem / mas com você ando melhor

4 - ô ele não / ô ele não / é o nosso grito de união / ô ele não / ô ele não / vai decidir a eleição
5 - (ritmo de Bella Ciao) Ô bolsonaro, fica ligado / Mulher na rua e você vai dar tchau, tchau, tchau / Não tem mais jeito / tá organizado / o feminismo é nacional

6 - Eu só quero, é ser feliz / andar tranquilamente com a roupa que escolhi / E poder me assegurar / que de burca ou de shortinho todos vão me respeitar

7 - Eu já falei, vou repetir / nessa eleição, Bolsonaro vai cair / eu jpa falei, vou repetir / Nessa eleição, bolsonaro vai cair / Vai cair, vai cair / Bolsonaro vai cair / vai cair, vai cair, Bolsonaro vai cair

8 - (ritmo Baile de favela) - Ele nunca / Eu não sou fraquejada / Ele nunca / Tá contra a mulherada / Quer desafiar, não to entendendo / Mexeu com a mulherada você vai sair perdendo / (repete) Bolsonaro, tem odio na veia / E os fascistas, não me representa.

9 - Legaliza! / (tan,tan,tan,tan, tan tan) o corpo é nosso / é nossa escolha / é pela vida das mulheres
10 - Olê olê, olê olê / Mulher na rua, o Bolsonaro vai perder / contra o machismo / por ideal/ e que se foda o congresso nacional / Olê olê

11 - ô bolsonaro / pode espera / as Mulheres vão te derrubar

12 - A violência contra a mulher, não é o mundo que a gente quer

13 - De norte a sul, a américa se uniu / Fora Trump nos istaites / Bolsonaro no Brasil

14 - Se cuida / se cuida / se cuida, seu machista / a América Latina vai ser toda feminista

Rede Feminista de Goiás | Brasil www.facebook.com/redefeministagoias | redefeministagoias@gmail.com

27 de set. de 2018

Bebê morto com tiro na cabeça é um cruel símbolo da situação dos povos indígenas no Brasil - Gil Alessi\El país


O pequeno Cirleudo Cabral Monteza Manchineri, de um ano de idade, dormia no colo da mãe confortavelmente apesar do balanço da pequena embarcação a motor. A viagem já durava horas. A família da etnia Manchineri havia partido da aldeia São Paolino, localizada na Boca do Acre, Amazonas, descido o rio Purus e entrado em um dos seus braços, o Iaco. Por volta das 22h eles se aproximavam do pequeno porto de Feira dos Colonos, na cidade acreana de Sena Madureira. O pai do bebê apontava uma lanterna para a barranca quando recebeu ordens para apagar a luz. Sem ter como atracar na escuridão, ele ignorou o comando. O barco foi recebido à bala. Uma delas acertou a cabeça de Cirleudo, que foi socorrido, mas chegou morto ao hospital.

Cirleudo foi enterrado em um pequeno caixão branco com seus poucos pertences. Para as autoridades uma facção criminosa que controla o porto confundiu a família com um grupo rival e abriu fogo. Para o Conselho Indigenista Missionário, no entanto, o crime tem relação com “o ódio local disseminado pelos invasores da terra indígena”: o cacique da aldeia São Paolino foi alvo de três tentativas de homicídio, a última delas dias antes do assassinato de Cirleudo. Sua morte é o retrato da situação dos povos tradicionais brasileiros: seu corpo jaz em um túmulo localizado em território indígena tradicional ainda não demarcado.

O bebê foi o mais jovem dos 110 indígenas vítimas de homicídio em 2017, segundo o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, organizado pelo Cimi. Em comparação com 2016, quando foram 118 vítimas fatais, houve uma redução de 6,7%. Roraima e Amazonas lideram com 33 e 28 casos, respectivamente. Apesar da pequena queda no total de mortos, o cenário traçado pelo documento é sombrio, e não há motivo para comemorar: 2017 foi um ano marcado por retrocessos nos direitos indígenas e pela eliminação sistemática de suas lideranças.

Foi o caso do cacique Kaingang Antônio Ming, assassinado em março na Terra Indígena Serrinha, no Rio Grande do Sul. Ele recebeu cinco tiros enquanto fazia compras em um armazém local. Crítico ferrenho do arrendamento de terras para não-indígenas, suspeita-se que ele tenha sido morto por contrariar os interesses de fazendeiros da região. Também foi o que ocorreu com Manoel Quintino da Silva Kaxarari, liderança da aldeia Pedreira, em Rondônia, que vinha criticando a extração ilegal de madeira na terra indígena, e foi baleado e morto em junho.

Com exceção do ataque contra os índios Gamela, no Maranhão, que deixou 22 feridos a bala e golpes de facão (alguns com as mãos decepadas), a maioria dos episódios de violência citados no relatório, como o do bebê Cirleudo, não ganharam manchetes. É o caso de três índios chacinados em Santo Antônio do Içá, a 800 km de Manaus, ao oferecer carona de barco para dois pistoleiros. Ou de Rodrigo Gomes Redis, um Guarani-Kaiowá morto a facadas por uma dívida de 10 reais em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Não é apenas a violência que ceifa a vida dos indígenas brasileiros. O relatório do Cimi aponta para oito casos de mortes provocadas por desassistência na área da saúde, em muitos casos envolvendo doenças de fácil tratamento. Tari Uru Eu Wau Wau, da terra indígena de Rio Negro Ocaia, em Rondônia, morreu de tuberculose. Leonardo Leite Kanamari, da terra indígena Taquara, no Amazonas, de malária.

Sucateamento da Funai e pressão ruralista

De acordo com o relatório, o presidente Michel Temer “legitimou a violência contra os povos indígenas”, ao ajudar e permitir que se instalasse “dentro do Governo uma organização que visa depredar o patrimônio público e impor, mesmo que à força, o seu intento exploratório no tocante aos bens ambientais, minerais, hídricos e da biodiversidade”. Trata-se da bancada ruralista, grupo parlamentar composto por deputados e senadores com interesses ligados ao agronegócio, e que foram um dos pilares de sustentação do Governo emedebista. “Ao longo do ano de 2017, os povos indígenas viram seus territórios serem invadidos, loteados e explorados por aqueles que desejam implementar o monocultivo agrícola, a pecuária e a exploração de minerais, madeira e energia”, diz o relatório.

Segundo o Cimi, a Fundação Nacional do Índio (Funai) passou a ser conduzida em 2017 por segmentos “historicamente anti-indígenas” ligados aos ruralistas. O então presidente da entidade Antonio Costa chegou a dizer, ao tomar posse em março, que os povos tradicionais "não podiam ficar parados no tempo". Seu sucessor, Framklimberg de Freitas, que assumiu a entidade em julho se defendeu das críticas, e afirmou que "a Funai não foi omissa e não é omissa para averiguar tudo aquilo que diz respeito à sua função institucional".

As consequências mais graves desta apropriação da entidade foram, segundo o Cimi, a “paralisação de todas as demarcações de terras, (...) restrições orçamentárias para as ações e os serviços nas áreas (...) o abandono das atividades voltadas à proteção dos povos em situação de isolamento e risco e à fiscalização das terras demarcadas, em especial na Amazônia”. A Funai chegou a ser alvo, naquele ano, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, cujo relatório final pediu o indiciamento de mais de cem pessoas, em sua maioria militantes, antropólogos e lideranças indígenas.

Advocacia Geral da União é criticada por agir como “escritório de advocacia da bancada ruralista”

Neste cenário, a Advocacia Geral da União é criticada por agir como “escritório de advocacia da bancada ruralista”. O parecer vinculante nº 001/2017, editado em julho pela advogada-geral, Grace Mendonça, estabelece um marco temporal segundo o qual só podem ser demarcadas as terras que estivessem sob posse das comunidades indígenas na data de 5 de outubro de 1988. De acordo com o Cimi, isso “legalizou e legitimou o esbulho, a violência e as violações de que os povos indígenas foram vítimas antes de 1988”. Mendonça rebateu as críticas, e afirmou que o parecer visa "conferir segurança jurídica para a viabilização da política pública de demarcações de terras indígenas".

As consequências práticas do parecer foram, segundo o relatório, a paralisação das demarcações. O documento aponta que existem 537 terras indígenas (41% do total) que são reivindicadas pelas comunidades sem que haja nenhuma providência para sua regularização por parte das autoridades. O número é maior do que as 400 (30%) terras que já foram registradas para os povos tradicionais. Temer não homologou nenhum território indígena de agosto de 2016 a dezembro de 2017.

Se a tendência é que não haja muita renovação no Congresso nas eleições deste ano - a bancada ruralista deve continuar dando as cartas na Câmara e no Senado -, no Executivo podem haver mudanças relevantes no tratamento da questão indígena. Dentre os candidatos mais bem posicionados na corrida presidencial, o PT de Fernando Haddad e o PDT de Ciro Gomes possuem propostas para ampliar a demarcação de terras. Bolsonaro, do PSL, já sinalizou que existem "terras indígenas demais", e que não deve retomar a demarcação caso eleito.