5 de nov. de 2016

Trupe Olho da Rua – aqui meu desagravo ao teatro de resistência ao arbítrio


"Carcará é malvado, é valentão
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!"

João do Vale




Os “carcarás” malvados e valentões não triunfaram!


Inspirada no título do livro da personagem Amadeu Prado - “Um Trem noturno para Lisboa” de Pascal Mercier, defino meu ofício como um Ourives do Desenvolvimento Humano. A metáfora que construo para definir meu trabalho é um indiscreto nu frontal do meu orgulho. Ao negar travesti-se com a máscara da modéstia, minha definição dá bandeira mesmo, é que sou muito orgulhosa de minha profissão. Não por menos, a Psicologia me levou a universos fabulosos, tive e tenho o privilégio de passar da soleira das portas e adentrar no mundo psíquico de seres incríveis, incríveis!

Dramas, dores e desejos foram compartilhados comigo no espaço terapêutico. E a cada encontro de partilha nessa singular relação humana - Cuidador-cuidado, saio sempre com o sentimento de que levei vantagem. Vantagem - é essa mesma a palavra, pois na balança das trocas humanas recebo mais que ofereço, aprendo mais que ensino.

Sou uma Psicóloga orgulhosa, mas também muito grata a outro ofício, a Dramaturgia. Tenho formação em psicodrama e a arte dramática emprestou instrumentos valiosos ao meu ofício de pedra, metal e fogo. Ofício, que na dureza dos conflitos, incertezas e paixões, busca conexões nos delineados irrequietos de múltiplas facetas para intensificar o brilho do humano. 

Olha, gratidão é coisa forte, visceral. E foi nas minhas vísceras que a indignação reverberou ao ver a brutalidade e o arbítrio tirar de cena a peça “Blitz - O império que nunca dorme" do grupo de teatro Trupe Olho da Rua. Com cenas históricas do Grupo Opinião e com a canção "Carcará" me solidarizo com a Trupe Olho da Rua, viva o Teatro de resistência ao arbítrio







Foto: cartaz de divulgação da peça “Blitz - O império que nunca dorme" do grupo de teatro Trupe Olho da Rua.

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