30 de ago. de 2012

Gritar, ameaçar e humilhar uma criança são atitudes tão nocivas quanto bater

 

Violência verbal 1

Seja aprovado ou não pelo Congresso Nacional, o projeto apelidado de "Lei da Palmada", que proíbe os castigos físicos e tratamentos degradantes de crianças e adolescentes pelos pais, já vem provocando mudanças. Desde 2003, quando começou a ser delineado, bater nos filhos tornou-se uma atitude politicamente incorreta, em especial depois que psicólogos, psiquiatras e educadores passaram a questionar seus resultados como medida educativa. É óbvio que é praticamente impossível saber o que acontece dentro dos lares, mas, hoje em dia, quem desfere uns tabefes, em local público, é alvo imediato de olhares de reprovação –e pode ter de dar explicações ao Conselho Tutelar. Some-se a isso os vídeos caseiros de flagrantes de violência e uma patrulha informal está formada.

Para os especialistas em comportamento, no entanto, não é só bater que é prejudicial e traumático. "Educar não é fácil. Não nascemos sabendo ser pais. Apesar de os tempos terem mudado, costumamos seguir os modelos que já conhecemos, de nossos pais e avós", explica o pediatra Moises Chencinksi. "E, se não se bate mais, por ser politicamente incorreto, e de fato inadequado, busca-se outras formas de ‘opressão’ para ‘educar’: gritar, castigar, xingar, ofender, humilhar...", declara. E, por essa lógica, o próprio especialista questiona: quem gosta de ser humilhado? Quem aprende algo assim? Quem pode ser feliz sendo tratado dessa forma?

 

Violência verbal 4

 

Na opinião da psiquiatra Ivete Gianfaldoni Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo, primeiro é preciso entender que bater em um filho com a pretensão de educá-lo ou corrigi-lo é um engano, já que está apenas a serviço da descarga de tensão de quem pratica a violência. "Mas xingar, humilhar ou gritar, além de colaborar para que as crianças cresçam com medo e a autoestima prejudicada, nos afastam delas", afirma. Para Miriam Ribeiro de Faria Silveira, diretora do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo, quando os pais gritam o tempo todo com a criança demonstram muito mais desequilíbrio do que autoridade. "O pior é que elas também começam a gritar e ficam ansiosas, angustiadas e com muito medo, pois, onde deveriam ter seu porto seguro e soluções, encontram pais desesperados em se fazerem obedecer", diz.

A psicóloga Suzy Camacho concorda que a violência verbal é tão agressiva quanto a física, principalmente se os gritos tiverem uma conotação de ameaça: "Uma hora eu sumo e não volto nunca mais!", "Ainda vou morrer de tanta raiva", "Seu pai vai brigar comigo por sua causa!". "Diante de frases como essas, as crianças se sentem responsáveis por coisas que não são", explica Suzy. Ela também destaca o efeito devastador que os rótulos têm para a autoestima: chamar o filho de preguiçoso, bagunceiro, inútil, por exemplo. "Até os sete anos, a personalidade está em formação. Qualquer termo pejorativo pode marcar para sempre. Tente corrigir ou apontar a atitude, nunca uma característica", afirma. Exemplos? "Não gosto quando você deixa seu quarto desarrumado", "Você precisa prestar mais atenção no que eu falo" etc.

 

Violência verbal 3

Para as crianças, a opinião dos pais e educadores a respeito de suas atitudes, da sua performance ou mesmo de seus atributos de beleza e inteligência são muito importantes na construção de uma personalidade. Ao perceberem que os pais não a admiram, elas tendem a se depreciar, o que pode culminar em casos de depressão, agressividade e fuga do convívio familiar. "Xingar e usar palavrões trazem consequências, pois é uma forma de depreciação. E como todas as crianças costumam copiar os pais, consequentemente, vão se comunicar dessa forma", diz Miriam Silveira. Já castigos cruéis despertam nas crianças a agressividade. "Nas mais extrovertidas observaremos atitudes hostis com adultos, com outras crianças e animais de estimação. Nas tímidas, as sequelas são angústia e ansiedade, sentimentos que podem impedir um desenvolvimento neuro-psíquico normal", diz Miriam.

Em muitos casos, a irritação e o cansaço causados por um dia difícil não conseguem ser controlados e o resultado acaba sendo a impaciência com os filhos. Os passos seguintes são a culpa, a frustração, a compensação para, no próximo dia, começar tudo de novo, num ciclo nocivo. Para os especialistas consultados por UOL Comportamento, a velha tática de contar até dez antes de tomar uma atitude drástica opera milagres. "Um adulto sabe que pegou pesado quando se sente angustiado. Dar um tempo freia essa sensação ruim e ajuda a esfriar a cabeça", conta a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria. "E se os pais, mesmo assim, extrapolarem, sempre recomendo pedir desculpas, porque um grito ou uma palavra mais pesada causa um abalo na segurança que o filho tem nos pais. Admitir que ficou triste com o que aconteceu, que estava bravo, que exagerou, demonstra respeito e ajuda a recuperar a confiança e o carinho", afirma ela.

 

Fonte: site Psicoterapia Infantil

Enviado por Anna Camire, psicóloga da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia e mamãe coruja do lindo Mateus, em 27 de agosto de 2012.

28 de ago. de 2012

Um conto, com prólogo e moral, segundo alguns fragmentos das Confissões de Rousseau – Jorge Larrosa

 

As confissões

 

 

Apresento a você leitor do Blog Educar Sem Violência parte da metanarrativa* feita por Jorge Larrosa de fragmentos das “CONFISSÕES DE ROUSSEAU”. Acredito que a releitura que Larrosa faz do texto de Rousseau dá uma grande força no nosso movimento de erradicação dos castigos físicos e humilhantes na educação e no cuidado de crianças e adolescentes.

 

 

“(...) A EXPULSÃO DO PARAÍSO.

Um dia, o menino Jean Jaques Rousseau, que na época tinha 10 anos e passava uma temporada no campo, na casa de uns parentes, foi acusado e castigado injustamente. Acusaram-no de ter quebrado os pentes da senhorita Lambercier que uma empregada havia posto para secar na estufa do quarto onde ele estudava sozinho suas lições. Jean Jaques jurava que não havia tocado os pentes, mas esses estavam quebrados e ninguém mais que ele tinha entrado no quarto. Os protestos do menino, que persistia teimosamente em sua negativa, foram tomados como obstinação no engano. O pequeno Jean Jaques, inocente não confessava. E, naturalmente, foi duramente castigado, não só pela travessura de ter quebrado os pentes, se não, sobre tudo, por ter sido teimoso, arrogante e mentiroso. Um episódio trivial. Algo que, seguramente, deve ter ocorrido com todo mundo. Mas o importante é como Rousseau o conta. E como o leva a categoria de um trauma inicial, de uma verdadeira expulsão do Paraíso.

O que aí viu Jean Jaques – não o menino Jean Jaques, que então não via nada, o pobre menino somente sentia indignação e raiva, sentia a arbitrariedade, ou seja lá o que sente um menino de dez anos em um caso assim. Para o Jean Jaques adulto - o que escreve as Confissões e que já estava armado de uma linguagem bastante consolidada, foi o final da infância, da felicidade, da inocência e da pura presença em si da imediatez dos sentimentos. Até o momento do castigo havia confiança, intimidade e transparência entre os corações: era possível para uns ler diretamente o que sucedia nas almas dos outros e era possível também que uma pessoa lesse o que ocorria em sua própria alma. Mas a injustiça fez nascer uma distância entre a verdade (o fato de que o menino não tinha quebrado os pentes) e as aparências (o fato de que parecia que tinha quebrado) e deu a Jean Jaques a consciência da separação: um véu cobria a verdade dos sentimentos, a realidade das almas humanas. Sobre o que cada um é se estendia já irremediavelmente o véu das aparências. E abriu, por tanto, a possibilidade de jogar com o véu, por tanto a possibilidade da mentira, da dissimulação e da hipocrisia. A moral era de que se uma pessoa pode parecer culpada sem ser, também pode parecer inocente sem ser. Segundo nos conta Jean Jaques o jogo das aparências lhe ensinou a mentir. E quando uma pessoa aprende a mentir, aprende também, em seguida, a mentir-se.

E assim foi como nossa inocente criatura se fez uma pessoa adulta. Porque as pessoas adultas são adultas por que esqueceram que foram crianças, por que sepultarão em algum lugar remoto de sua consciência a violência que os fizeram adultos. E porque se esquecerão inclusive do esquecimento, desse gesto que os fizeram enterrar o que são. Para ser adulto confortavelmente, as pessoas adultas tem que pensar que as aparências são a realidade, que o deserto é o paraíso, que a mentira é a verdade“ (LARROSA, 1995, 207 – 209).

 


Sugestão de Leitura:

ROUSSEAU E SUA PROPOSTA DE EDUCAR AS CRIANÇAS SEM VIOLÊNCIA
Maria Aparecida Alves da Silva

Resumo

Esta monografia tem como objetivo estabelecer uma relação entre a concepção de mundo e de homem desenvolvida por Rousseau e sua proposta de educação não coercitiva, ou seja, sem métodos disciplinares violentos. Duas idéias desenvolvidas no Discurso sobre as desigualdades são destacadas, a da bondade e da igualdade original inscrita na natureza humana. A conservação de si mesmo, a piedade natural, a liberdade, a perfectibilidade são conceitos eleitos como chaves para a compreensão da educação negativa, do qual Rousseau propõe na obra ‘Emílio ou Da Educação’. Fragmentos de textos desta obra são recortados com a finalidade de ressaltar o entendimento de Rousseau sobre a educação e a infância. Alguns episódios do Emílio são evidenciados para demonstrar por que, na visão de Rousseau, os métodos coercitivos, como as punições violentas, não devem ser aplicados em sua proposta educativa.

Palavras-chave: mundo; homem; infância; educação; violência.

Acesse a monografia AQUI


 

JorgeLarrosa

 

Sobre Jorge Larrosa

Nació en 1951. Es licenciado en Pedagogía y Filosofía, doctor en Pedagogía, y catedrático de Filosofía de la Educación en la Universidad de Barcelona. En su trabajo ha desarrollado una importante reflexión sobre la lectura: su gravitación en la cultura, su incidencia en los planes de formación, los complejos vínculos entre escritor y lector, su impacto en la filosofía y la pedagogía.

Algunos de sus libros son: La experiencia de la lectura. Estudios sobre literatura y formación (1996), Pedagogía profana. Ensayos sobre lenguaje, subjetividad y educación (2000), Entre las lenguas. Lenguaje y educación después de Babel (2003) y La experiencia de la lectura (2004).

REFERÊNCIA:

*LARROSA, Jorge. Las paradojas de la autoconciencia. In: LARROSA, Jorge; ARNAUS, Remei et al. Déjame que te cuento. Ensayos sobre narrativas y educaión. Barcelona: Laertes, 1995.

Fórum DCA da Bahia denuncia irregularidades em processo de adoção

Divulgando a Nota Pública da Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Bahia

 

NOTA PÚBLICA

O FORUM DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE/Fórum DCA/Bahia, representando mais de 80 organizações do movimento social baiano, vem a público para exigir, como é seu dever, a devida reparação dos direitos de cinco crianças do município de Monte Santo, retiradas à força da família, e entregues a pessoas residentes no interior do estado de São Paulo, por força de sentenças judiciais, sentenças essas que configuram total desrespeito ao que determinam o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Constituição Federal e a Convenção Internacional dos Direitos da Criança.

O fato ocorrido em maio de 2011 só agora veio à tona, revelando a violência invisível contra famílias fragilizadas pela pobreza, que perdem seus filhos para o comércio e tráfico de crianças, em regiões onde o sistema de garantias de direitos não consegue protegê-las.

Ainda há tempo para que o Ministério Público, o Tribunal de Justiça da Bahia e mesmo o Juizado da Comarca revejam, o mais rápido possível, a injustiça cometida contra essa família.

Entretanto, é de fundamental importância nesse momento alertar as redes de proteção para identificar, prevenir e denunciar situações semelhantes, que possam talvez configurar comércio e tráfico de seres humanos, muitas vezes mascarados sob a forma de guarda, tutela ou adoção irregulares de crianças, considerando ainda que o município de Monte Santo encontra-se identificado como rota de tráfico de pessoas.

 


Assim sendo o Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente/ FDCA BAHIA vem a público exigir:

  • O retorno imediato das crianças ao seio familiar;
  • A apuração rigorosa de como se deu o processo de adoção das crianças;
  • A punição dos responsáveis pela ação que concedeu as crianças em guarda para diversas famílias, rompendo abruptamente os laços familiares;
  • Que o sistema judicial se retrate dos erros cometidos;
  • Que a família seja ressarcida dos prejuízos causados pela ação;
  • A mobilização de todo o Sistema de Garantia de Direitos do território nacional, para impedir que este fato figure apenas como mais mais um êrro judicial, evitando que tais fatos voltem a acontecer no Brasil.

Alie-se à nossa luta, retransmitindo este documento. Toda ajuda será bem vinda!!!
FÓRUM DCA/Bahia
forumdcaba@gmail.com

27 de ago. de 2012

“Por que defendemos o Wikileaks e Assange” por Mark Weisbrot

 

WililelikMichael Moore e Oliver Stone desmontam argumentos da Suécia e alertam: extradição para os EUA representaria derrota global da liberdade de expressão

Por Mark Weisbrot* | Tradução: Antonio Martins

O Equador tomou a decisão correta: oferecer asilo político a Julian Assange. Ela segue-se a um incidente que pode dissipar as dúvidas sobre que motivos levam os governos britânico e sueco a tentar extraditar o fundador do Wikileaks. Na quarta-feira, o governo do Reino Unido lançou uma ameaça sem precedentes, de invadir a embaixada do Equador, se Assange não fosse entregue. Este assalto seria um ato extremo, na violação do direito internacional e das convenções diplomáticas. É até difícil encontrar exemplo de um governo democrático que tenha sequer feito tal ameaça, quanto mais executá-la.

Quando o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, tornou públicas, numa resposta irritada e desafiadora, as ameaças que recebera por escrito, o governo britânico tentou voltar atrás e dizer que não se tratava de uma ameaça de invasão da embaixada (que é território soberano de outro país). Mas o que mais poderiam significar estas palavras, extraídas da carta entregue por uma autoridade britânica?

“É preciso adverti-los que há base legal, no Reino Unido – a Lei de Edifícios Diplomáticos e Consulares, de 1987 – autorizando-nos a agir para prender o Sr. Assange, nas instalações da embaixada. Esperamos sinceramente não chegar a tal ponto, mas se vocês não foram capazes de resolver o assunto da presença do Sr. Assange em suas instalações, há uma opção aberta para nós”.

Alguém em seu juízo acredita que o governo britânico faria esta ameaça inédita, caso se tratasse apenas de um cidadão estrangeiro qualquer, perseguido por um governo estrangeiro por polemizar – não há acusações criminais, nem um julgamento?

A decisão do Equador, de oferecer asilo político a Assange era previsível e razoável. Mas é também um caso paradigmático, de considerável significado histórico.

Primeiro, os méritos do caso: Assange tem medo bem fundamentado de sofrer perseguição, caso seja extraditado para a Suécia. Sabe-se perfeitamente que ele seria encarcerado de imediato. Como não é acusado de crime algum, e o governo sueco não tem razões legítimas para levá-lo a seu país, esta é uma primeira forma de perseguição.

Podemos inferir que os suecos não têm razões legítimas para a extradição porque a oportunidade de interroga-lo no Reino Unido foi-lhes oferecida repetidamente. Mas a rejeitaram, recusando-se inclusive a apresentar razões para tanto. Há algumas semanas, o governo equatoriano ofereceu-se a autorizar o interrogatório de Assange em sua embaixada londrina, onde o fundador do Wikileaks reside desde 19 de junho. Mas o governo sueco recusou-se – novamente, sem oferecer razão. Foi um ato de má-fé, no processo de negociação que se estabeleceu entre os governos, para tentar resolver a situação.

O ex-procurador-chefe do distrito de Estocolmo, Sven-Erik Alhem também deixou claro que o governo sueco não tem razões legítimas para requerer a extradição de Assange, quando afirmou que o pedido do governo sueco é “irrazoável e não-profissional, assim como injusto e desproporcional”, já que ele poderia ser facilmente interrogado no Reino Unido.

Ainda mais importante, o governo do Equador concorda que Assange tem medo razoável de uma segunda extradição para os Estados Unidos, e de ser perseguido aqui por suas atividades como jornalista. A evidência é forte. Alguns exemplos: uma investigação em andamento, sobre Assange e o Wikileaks, nos EUA; evidências de que um indiciamento já foi preparado; declarações de autoridades importantes, como a senadora Diane Feinstein, do Partido Democrata, de que ele deveria ser processado por espionagem, o que potencialmente pode levar à pena de morte ou prisão perpétua.

Por que este caso é significativo? Provavelmente, é a primeira vez que um cidadão que foge de perseguição política pelos Estados Unidos recebe asilo de um governo democrático interessado em fazer valer as convenções internacionais de direitos humanos. É algo de relevância enorme, porque por mais de 60 anos – especialmente durante a Guerra Fria — os EUA tentaram retratar a si mesmos como defensores internacionais dos direitos humanos. E muitas pessoas buscaram e receberam asilo nos EUA.

A ideia de que o governo dos EUA é um paladino dos direitos humanos, que foi aceita principalmente no próprio país e em seus aliados, desprezou os direitos humanos das vítimas das guerras e da política externa norte-americanas. É o caso de 3 milhões de vietnamitas ou de mais de um milhão de iraquianos mortos, e milhões de outros desabrigados, feridos ou maltratados por ações dos EUA. Esta concepção – segundo a qual os EUA deveriam ser julgados apenas segundo o que fazem em suas fronteiras – está perdendo apoio à medida em que o mundo torna-se mais multipolar, econômica e politicamente. Washington perde poder e influência e suas guerras, invasões e ocupações são vistas por cada vez menos gente como legítimas

Ao mesmo tempo, na última década, deteriorou a situação dos direitos humanos nos próprios Estados Unidos. É claro que, antes da legislação dos direitos civis, nos anos 1960, milhões de afro-americanos nos Estados do sul não podiam votar nem tinha outros direitos civis – e o constrangimento internacional provocado por isso contribuiu para o sucesso do movimento pelos direitos civis. Mas ao menos, ao final daquela década os EUA podiam ser vistos como um exemplo positivo, em termos de domínio da lei, garantia do devido processo e proteção dos direitos e liberdades civis.

Hoje, os EUA reivindicam o direito de deter indefinidamente seus cidadãos. O presidente pode ordenar o assassinato de um cidadão sem que ele sequer seja ouvido. O governo pode espionar seus cidadãos sem autorização judicial. E as autoridades são imunes a processo por crimes de guerra. Contribui para a deterioração da imagem o fato de os Estados Unidos contarem com menos de 5% da população mundial, mas quase um quarto da população encarcerada – em boa parte, vítima de uma “guerra às drogas” que também está perdendo legitimidade rapidamente, no resto do mundo.

A busca bem-sucedida de asilo por Assange é outra nódoa na reputação internacional de Washington. Mostra, ao mesmo tempo, como é importante ter governos democráticos independentes dos Estados Unidos e não dispostos – ao contrário da Suécia e do Reino Unido – a colaborar, em nome da conveniência, na perseguição de um jornalista. Seria desejável que outros governos fizessem a Inglaterra saber que as ameaças de invadir embaixadas estrangeiras colocam-na fora das fronteiras das nações que respeitam o estado de direito.

É interessante assistir aos jornalistas pró-Washington e a suas fontes buscando, na decisão do Equador de oferecer asilo a Assange, razões de interesse próprio. Correa quer retratar-se como campeão da liberdade de expressão, dizem eles; também alegam que atingir os Estados Unidos, ou apresentar-se como líder internacional. É tudo ridículo.

Correa não procurou confusão e a disputa é, desde o início, um caso em que ele sofrerá perdas em qualquer hipótese. Enfrenta tensão crescente com três países que são diplomaticamente importantes para o Equador – EUA, Reino Unido e Suécia. Os EUA são o maior parceiro comercial do Equador e ameaçaram, diversas vezes, romper acordos comerciais que garantem os empregos de milhares de equatorianos. Como a maior parte da mídia internacional foi hostil a Assange desde o início, o pedido de asilo foi usado para atacar o Equador, e acusar o governo de um endurecimento contra a mídia interna. Como já escrevi, é um exagero grosseiro e uma falsificação da realidade equatoriana, que tem uma mídia não submetida a censura, majoritariamente na oposição ao governo. A maior parte dos leitores do mundo ouvirá, por muito tempo, apenas esta versão deturpada sobre o Equador.

Correa tomou sua decisão porque era a única opção ética a adotar. Qualquer um dos governos independentes e democráticos da América do Sul teria feito o mesmo. Quem dera as maiores organizações mundiais de mídia tivessem a mesma ética e compromisso com a liberdade de expressão e de imprensa.

Veremos agora se o governo do Reino Unido respeitará o direito internacional e as convenções de direitos humanos, oferecendo a Assange um trânsito seguro ao Equador.


Mark Weisbrot é co-diretor do Centro para Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR), Também é co-roteirista (com Oliver Stone) do documentário Ao Sul da Fronteira


MAIS INFORMAÇÕES:

  1. Assange no Equador: bastidores do pedido de asilo
  2. Por que o caso Assange é crucial
  3. O Equador (muito além) de Rafael Correa
  4. E se os EUA puserem as mãos em Assange?
  5. Inglaterra vitoriana não extraditaria Assange
  6. Asilar Assange, em nome da democracia
  7. Equador: do golpe à autocrítica
  8. China: há vida por trás do Grande Firewall
  9. Equador, projeto original

25 de ago. de 2012

A beleza lactea e luminosa dos albinos

 

“Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece”.

Franz Kafka

albino

 

albino-guidu

 

Givenchy-albino

Stephen-Thompson

As fotos acima são do modelo americano Stephen Thompson, que ficou famoso após estrelar a campanha de 2011 da marca Givenchy, a mesma que já causou furor no mundo da moda ao contratar a modelo transexual brasileira Lea T.

 

 


“O estudo em geral, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido ficar crianças toda a vida”.

Albert Einstein


 

 

Responsáveis por apenas 0.006 % da população mundial, os albinos ainda mexem com o imaginário das pessoas e são admirados pela sua aparência exótica. E quem resolveu mostrar este universo mais de perto através de suas lentes foi o fotógrafo Gustavo Lacerda, numa série que você confere agora:

 

albino-albino

 

guidu-albino1

 

guidu-albino

 

gustavo-lacerda1

 

gustavo-lacerda

 

branco-albino


As pessoas albinas possuem uma disfunção no organismo que as impedem de produzir a melanina, uma substância responsável por dar pigmentação (cor) à pele, ao cabelo ou aos olhos. Além do uso constante do protetor solar, é importante proteger os olhos que, por serem muito claros, precisam das lentes dos óculos escuros para um maior conforto.

Existem três tipos de albinismo:

1- Ocular: quando a pessoa apresenta pigmentação abaixo do normal apenas na área interna dos olhos, ou seja, na íris e no fundo do olho (retina).
2- Cutâneo: pigmentação abaixo do normal apenas na pele e cabelo.
3- Universal: este é o tipo mais comum, quando os olhos, a pele e os cabelos não possuem pigmentação alguma.


Fonte: A beleza exótica dos albinos- yahoo notícias em 21 de ago de 2012.

24 de ago. de 2012

La Educación Prohibida - Trailer Oficial

 

 

“Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para paz. A gente educa para a competição e a competição é o principio de qualquer guerra”. (Pablo Liinizki – Colegio Mundo Montessori – Colombia).

“O objetivo da educação qual é? Aprender, aprender o que, conhecimentos? Ou ir desenvolvendo as capacidades humanas”. (Jordi Mateu – Xell – Red de Educación libre – España)

“Pois devido a essa escola, que faz com que seja mais importante ganhar do outro do que servir à sociedade”. (Carlos Gonzáles Pérez – Educador. Autor – España)

“E nesses termos, toda educação que busca outra coisa tem que ser proibida”. (Rafael González Heck – Colegio Rudolf Steiner – Chile)

 


Mais informações sobre o filme La Educación Prohibida

Acesse o filme no Sitio Web Oficial: http://www.educacionprohibida.com
Mapa de Proyecciones Independientes: http://proyecciones.educacionprohibida.com/mapa/

Música: Jan Morgenstern - "Typewriter Dance" y "End Titles"

Sinopsis:
La escuela ha cumplido ya más de 200 años de existencia y es aun considerada la principal forma de acceso a la educación. Hoy en día, la escuela y la educación son conceptos ampliamente discutidos en foros académicos, políticas públicas, instituciones educativas, medios de comunicación y espacios de la sociedad civil.

Desde su origen, la institución escolar ha estado caracterizada por estructuras y prácticas que hoy se consideran mayormente obsoletas y anacrónicas. Decimos que no acompañan las necesidades del Siglo XXI. Su principal falencia se encuentra en un diseño que no considera la naturaleza del aprendizaje, la libertad de elección o la importancia que tienen el amor y los vínculos humanos en el desarrollo individual y colectivo.

A partir de estas reflexiones críticas han surgido, a lo largo de los años, propuestas y prácticas que pensaron y piensan la educación de una forma diferente. "La Educación Prohibida" es una película documental que propone recuperar muchas de ellas, explorar sus ideas y visibilizar aquellas experiencias que se han atrevido a cambiar las estructuras del modelo educativo de la escuela tradicional.

Más de 90 entrevistas a educadores, académicos, profesionales, autores, madres y padres; un recorrido por 8 países de Iberoamérica pasando por 45 experiencias educativas no convencionales; más de 25.000 seguidores en las redes sociales antes de su estreno y un total de 704 coproductores que participaron en su financiación colectiva, convirtieron a "La Educación Prohibida" en un fenómeno único. Un proyecto totalmente independiente de una magnitud inédita, que da cuenta de la necesidad latente del crecimiento y surgimiento de nuevas formas de educación.


Colaboração: Blog do Sérgio em 22 de agosto de 2012.

22 de ago. de 2012

Mapa da Violência 2012 – Atualização: Homicídios de mulheres no Brasil

Mapa2012_capa

O documento aponta que 43.465 mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos 10 anos.

Considerando que muitas das características das situações violentas vividas pelas mulheres dependem da etapa de seu ciclo de vida, os dados foram desagregados segundo faixas etárias e/ou etapas dos atendimentos registrados no SINAN.

Verificou-se que em todas as faixas etárias, o local de residência da mulher é o que decididamente prepondera nas situações de violência, especialmente até os 10 anos de idade e a partir dos 30 anos da mulher.

71,8% dos incidentes acontecem na própria residência da vítima, permite entender que é no âmbito doméstico onde se gera a maior parte das situações de violência vividas pelas mulheres. No sexo masculino, a residência, apesar de também ser elevado, representa 45% dos atendimentos por violência.

Tipos de violência segundo relação do agressor e faixa etária:

As violências físicas acontecem de forma preponderante no domicílio das vítimas. Pais, até os 9 anos de idade e parceiros, a partir dos 20 e até os 50 anos de idade revezam-se como principais agentes dessas violências físicas. A partir dos 60 anos de idade da mulher, vão ser os filhos que assumem papel de destaque.

Segundo os registros, no ano de 2011 foram atendidas acima de 13 mil mulheres vítimas de violências sexuais. Novamente aqui as violências acontecem preferentemente nas residências das vítimas, mas diferentemente dos casos de violência física, o agressor preferencial é um amigo da vítima ou da família, ou um desconhecido.

Em relação aos agressores, a mãe é a maior responsável por cometer violência contra crianças de até quatro anos, mas dos 10 anos em diante, a figura do pai predomina como agressor. A partir dos 20 anos de idade os maiores agressores tornam-se os companheiros (namorados, cônjuges) e ao chegar aos 60 anos, os filhos se transformam nos protagonistas na violência contra a mulher.

 

A aprendizagem social da violência expressa nas estatísticas do SINAN: pais batem nas filhas, essas filhas apanham dos parceiros e por sua vez batem nos filhos e depois já idosas apanham dos filhos.

Mais uma vez os dados trazem à tona o ciclo de violência em que estamos inseridos. Para romper esse ciclo temos que contar com a participação de todos os membros da sociedade.

 

Mapa da Violência 2012 – Atualização: Homicidios de Mulheres no Brasil

Fonte: site da Rede Não bata Eduque, em 16 de agosto de 2012.

19 de ago. de 2012

O HUMOR É IRMÃO DA POESIA – Chico Anysio

 

Estimado leitor do blog EDUCAR SEM VIOLÊNCIA, deixo pra você nesse domingo o  emocionante depoimento de um dos maiores humoristas brasileiros, Chico Anysio.

 

 

"O humor é irmão da poesia.
O humor é quem denuncia.
Eu não tenho possibilidade de concertar nada.

Mas eu tenho obrigação de denunciar tudo.
Porque essa é a primeira obrigação do humorista.
O humor é tudo até engraçado" (Chico Anysio, 1931 - 2012).

 

 

Dentre os mais de 200 personagens, Pantaleão é o meu preferido, gosto desse criativo mentiroso.

 

 

Não posso deixar passar despercebida uma importante mensagem expressa pelo velho e grandioso Chico Anysio:

Destaco em seu depoimento uma fala que talvez nos ajude a compreender como a violência física marca para sempre a vida das pessoas. Com oitenta anos, Chico Anysio não esqueceu que apanhou muito! Pode até ser que quem bate esqueça logo, mas quem apanha não esquece jamais a dor, o sofrimento ou a humilhação que sofreu. A pessoa pode até negar, por um processo de autodefesa, o sofrimento que passou, mas o registro estará em seu corpo para sempre, como uma marca indelével.

16 de ago. de 2012

Abertas as inscrições ao Prêmio Direitos Humanos 2012

 

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) abre nesta  segunda-feira (13) as inscrições para sugestões ao Prêmio Direitos Humanos 2012 - 18ª Edição. O Prêmio consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos Direitos Humanos.

As fichas de inscrição, deverão ser encaminhadas para o endereço eletrônico premio@sdh.gov.br até 30 de setembro de 2012. Os vencedores serão conhecidos em dezembro, mês em que é comemorada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Para a seleção e a eleição dos agraciados são considerados critérios como o histórico de atuação na área dos direitos humanos, o desenvolvimento de ações relevantes e a implementação de práticas inovadoras em relação ao tema.

Confira aqui:

Regulamento Parte 01 - pdf
Regulamento Parte 02 - pdf
Ficha para a Indicação de Pessoa - doc
Ficha para a Indicação de Instituição - doc

Participe!


Conheça as categorias do Prêmio Direitos Humanos 2012

I - Dorothy Stang: compreende a atuação na qualidade de Defensor de Direitos Humanos, conforme definição contida na Declaração sobre o Direito e o Dever dos Indivíduos, Grupos e Instituições de Promover e Proteger os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais Universalmente Reconhecidos, publicada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1998;

II - Educação em Direitos Humanos: compreende a atuação relativa à implementação dos princípios, objetivos e linhas de ação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos;

III - Mídia e Direitos Humanos: compreende a atuação de veículos de comunicação impressos, televisivos, eletrônicos, publicações na internet, entre outros, bem como de organizações não governamentais que buscam efetivar a promoção e defesa dos direitos humanos por meio da comunicação;

IV - Centros de Referência em Direitos Humanos: compreende a atuação voltada à viabilização, implementação e fortalecimento de Centros de Referência em Direitos Humanos, visando a atividades de humanização, emancipação do ser humano, transformação social e enfrentamento à pobreza;

V - Garantia dos Direitos da População em Situação de Rua: compreende a atuação na promoção e na defesa da cidadania e dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua;

VI - Enfrentamento à Violência: compreende a atuação relacionada à garantia do direito à segurança cidadã, bem como as ações de enfrentamento à violência institucional, ao crime organizado e às situações de violência e de maus-tratos a grupos sociais específicos;

VII - Enfrentamento à Tortura: compreende ações de enfrentamento e denúncia de tortura, bem como atividades de formação de agentes para a prevenção e combate à tortura, tendo como referência a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1984, bem como a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, que define os crimes de tortura no Brasil;

VIII - Direito à Memória e à Verdade: compreende o resgate à memória e à verdade no contexto da repressão política ocorrida no Brasil no período de 1946-1988, com vistas a promover a reflexão e a divulgação sobre a história brasileira, especialmente, sobre os fatos importantes ocorridos naquele período, bem como o cenário político cultural e seu importante papel na construção da sociedade brasileira e do pensamento atual, a fim de possibilitar à população o conhecimento da história recente do país e a construção de mecanismos de defesa dos Direitos Humanos;

IX - Diversidade Religiosa: compreende a atuação relacionada ao combate à intolerância religiosa, bem como ao respeito à diversidade e à liberdade religiosa, além das atuações relacionadas à promoção do diálogo e da paz entre as religiões;

X - Garantia dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT: compreende a atuação na promoção e na defesa da cidadania e dos Direitos Humanos da população LGBT;

XI - Santa Quitéria do Maranhão: compreende a atuação em prol da erradicação do subregistro de nascimento;

XII - Erradicação do Trabalho Escravo: compreende a atuação na erradicação ao trabalho escravo no país, em conformidade com o 2º Plano Nacional de Erradicação de Trabalho Escravo;

XIII - Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente: compreende a atuação relacionada à implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990;

XIV - Garantia dos Direitos da Pessoa Idosa: compreende a atuação relacionada à implementação do Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003; e

XV - Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência: compreende a atuação em prol da equiparação de oportunidades, da inclusão social e da promoção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência, em conformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, incorporados à legislação brasileira pelo Decreto Legislativo nº 186, de 10 de julho de 2008, e pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

13 de ago. de 2012

Estudo mostra a relação entre traumas vividos na infância e a situação econômica de um país

 

Criança e punição

Basta de fechar os olhos para as violações de direitos de crianças e adolescentes!!! 

 

As diversas violações de direitos contra crianças e adolescentes podem impactar o setor da saúde e a própria economia de um país. É o que mostra estudo do Centro Nacional de Defesa da Infância norte-americano (National Children’s Advocacy Center’s Foresic Interviewing of Children – NCAC), que analisou a questão para os Estados Unidos.

O custo estimado de cada criança ou adolescente vítima de violência para aquele País é de US$ 210 mil, o que contempla gastos com tratamento médico na infância e na vida adulta, além de educação e criminalização do responsável. “Nosso maior esforço hoje é ajudar a conscientizar a ampla sociedade dos impactos da violência e a pesquisa mostra que precisamos ter mais pessoas envolvidas com a causa”, afirma Chris Newlin, diretor executivo do NCAC. “Prevenir e tratar os casos de violência contra crianças e adolescentes é uma questão que pode ter impactos positivos sobre a economia e a saúde do país”, diz.

 


IMPACTOS DA VIOLÊNCIA NA SAÚDE

No Brasil e no mundo ocidental, os fatores preponderantes das mortes de crianças e de jovens não são mais as enfermidades de origens biomédicas e sim o estilo de vida. Jarbas Barbosa da Silva Júnior e Horacio Toro Ocampo, na apresentação da publicação Impacto da violência na saúde do brasileiro, enfatizam que a maior ameaça à vida das crianças e dos jovens no Brasil não são as doenças, mas sim a violência (SILVA JR.; OCAMPO, 2005). Em outro importante documento, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ressalta que a

“violência, pelo número de vítimas e pela magnitude de seqüelas orgânicas e emocionais que produz, adquiriu um caráter endêmico e se converteu num problema de saúde pública em muitos países (...). O setor saúde constitui a encruzilhada para onde convergem todos os corolários da violência, pela pressão que exercem suas vítimas sobre os serviços de urgência, atenção especializada, reabilitação física, psicológica e assistência social (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1994, p. 5)”.

Estimativas de gastos com a violência no Brasil

3,3% do PIB brasileiro são gastos com os custos diretos da violência, cifra que sobe para 10,5% quando inclui os custos indiretos e as transferências de recursos. Os custos diretos da violência representa três vezes mais do que o Brasil gasta com ciência e tecnologia (BRICEÑO-LEON, 2002).


 

As adversidades na infância podem gerar consequências na área da saúde também. Aqueles que passaram por abuso sexual, negligência ou disfunção familiar apresentam índices mais elevados de doenças cardíacas e diabetes. Eles também tendem a ter mais doenças pulmonares (390%), mais depressão (460%), hepatite (240%) e maior tendência ao suicídio (1.220%).

Dados parecidos são encontrados também no Brasil. Em pesquisa da Childhood Brasil, “Vítimas da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: Indicadores de Risco, Vulnerabilidade e Proteção”, que avaliou o contexto de risco, vulnerabilidade e os indicadores de proteção para meninas e meninos envolvidos em situações de exploração sexual, 60% dos entrevistados já pensaram em suicídio, sendo que 58,1% efetivamente já tentaram tirar a própria vida.  Dos que declararam já ter tentado suicídio, 20% o fizeram em razão da violência sexual sofrida.

Além disso, cerca de 30% das participantes meninas já passaram por pelo menos um episódio de gravidez. Da mostra total, 17% já perderam um ou mais filhos em abortos naturais (6%) ou provocados (11%). Apenas 5,8% delas vivem com seus filhos.

A pesquisa do NCAC leva em conta também as crianças que tiveram mães violentadas, algum membro da família usuário de drogas ou alcoólatra, prisioneiro, com diagnóstico de doença mental ou pais separados.

As crianças ou adolescentes que passaram por mais de seis tipos de adversidades ou maus-tratos na infância tendem a viver 20 anos a menos do que as outras pessoas. Os custos médicos das vítimas são 36% mais altos que os da média da população, especialmente em mulheres que foram abusadas física e sexualmente na infância.


Oficina de capacitação

O diretor executivo do Centro Nacional de Defesa da Infância dos Estados Unidos (NCAC), Chris Newlin esteve em Porto Alegre, em abril deste ano, treinando profissionais que trabalham com depoimento especial, promovido pela Childhood Brasil, com apoio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Entre os dias 20 e 23 de agosto, o especialista volta ao Brasil para participar de seminário e capacitação na metodologia de escuta qualificada, dessa vez em Recife.

Hoje o NCAC integra uma rede de mais de 800 centros nos Estados Unidos e já capacitou mais de 70.000 profissionais, em todos os estados americanos e outros 20 países, para o depoimento especial.

 

Fonte: site do Chidhood Pela Proteção da Infância em 9 de agosto de 2012.

12 de ago. de 2012

O que nossos gestos fazem com o outro?

 

Gesto 1

 

“Cada gesto, cada ato cotidiano

 

Gesto 2

 

está impregnado de valores, crenças e teorias.

 

Gestos 3

As nossas práticas refletem a nossa visão de Mundo” (Cida Alves).

 

Como tocamos o outro? Que sentidos ou palavras habitam nossos gestos? Costumamos reparar em como nossos corpos se expressam? Percebemos como os outros corpos reagem aos nossos gestos e ações?

Bem, a grande, a monstruosa bailaria Pina Bauscha criou uma coreografia para falar exatamente disso, da nossa forma de tocar o outro e o como nos sentimos com o toque do outro.

Nesse domingo deixo para você o trailler do filme “SONHOS EM MOVIMENTO” que registra o ensaio de adolescentes que nunca dançaram da peça Kontakthof (Pátio de encontros) de Pina Bauscha.

 

 

 

SONHOS EM MOVIMENTO

UM BELÍSSIMO FILME!!! Um filme que todo educador e terapeuta de crianças e adolescentes deveriam assistir. A postura das duas coreógrafas, e da própria Pina Bausch, é um exemplo vivo do que Paulo Freire diz sobre o conceito de AMOROSIDADE com o aprendiz. É visceral o engajamento e o compromisso das coreografas com o processo de aprendizagem e amadurecimento dos adolescentes.

O desafio delas é gigantesco, ensinar a árdua tarefa de desinibir e dar expressividade aos movimentos corporais de adolescentes que nunca dançaram. Mas com empatia, cuidado e persistência elas superam todas as expectativas!!! O processo de aprendizagem é tão intenso que os jovens aprendem muito mais que dançar, aprendem a conviver com as diferenças, aprendem a enfrentar os seus medos e vergonhas e aprendem a ter autoconfiança e coragem ao expor seus corpos e movimentos.

Brinde a mais “Leozinha” de Caetano Veloso interpretado por um dos bailarinos da companhia de Pina Bauscha

 

 

ATENÇÃO: ainda não consegui o link para download do filme SONHO EM MOVIMENTOS, mas assim que conseguir compartilho no Blog EDUCAR SEM VIOLÊNCIA.

10 de ago. de 2012

Tolerância ou intolerância, o que seus gestos ensinam às crianças?

 

Os gestos depõem as máscaras, pois revelam os reais sentimentos que as vezes foram ocultados por meio de belas e elaboradas palavras”

Cida Alves

 

O grito na educação

 

 


 

Os gestos, as ações alteram o real, por isso são sementes que fecundam civilidade ou barbárie” (Cida Alves)

 

Gestos sinceros que negam radicalmente à barbarie

Com essa postagem quero fazer a minha pequena homenagem a um grande e singelo homem. Um de meus heróis brasileiros, o senhor Hamilton dos Santos, um baiano de coração valente!

 

Motorista Hamilton Heroi de Salvador

O senhor Hamilton dos Santos me comoveu e comoveu todo o país com sua coragem absurda. No dia 02 de maio de 2003 esse humilde tratorista com lágrimas no olhos enfrentou uma decisão judicial e descumpriu a  injusta ordem que determinava que ele, como tratorista da prefeitura, derrubasse as casas pobres, no Bairro da Palestina, em Salvador, onde morava uma família com sete filhos. (veja mais AQUI).

Com homens e mulheres feitos da fibra e da coragem do senhor Hamilton dos Santos Auschwitz jamais seria possível!

 

Abaixo um fragmento do artigo “ANTÍGONA – A PULSÃO DE MORTE E O DESEJO PURO DE NÃO CEDER” de autoria de Evair Aparecida Marques que narra a cena em que o senhor Hamilton dos Santos profundamento compadecido com a situação dos moradores do Bairro da Palestina descumpri a ordem judicial.

 

“A imagem é impressionante. Ao vivo, diante da turba agitada e da lei, ele resiste (“sem temor, nem piedade”). A ordem é dada: “Cumpra-se a lei, derrube a casa do invasor!” A mãe desesperada chora diante de todos. Grande agitação popular. A câmera da TV focaliza o tratorista. A escavadeira com a “bocarra” aberta avança em direção à casa, para “engolir” tudo: o muro, a casa, o sonho da casa própria. Ele para. Desce do trator. O oficial de justiça o acossa: “Você sabe que esta obstruindo a ação da justiça? Sabe que pode ser preso por isso?”Ele vacila (no “entre-dois”). Sobe de novo no trator. A máquina mortífera avança até o limite do muro. A câmera mostra o rosto do proprietário do terreno, no seu carro, à espera do cumprimento da lei. Comoção. A população se agita, a mãe grita. A TV focaliza de novo o rosto do motorista. Um silêncio pesado percorre a cena. Uma lágrima desce pelo seu rosto ... (“Até”). Ele para. Desce do trator e entrega as chaves da máquina ao homem da lei” (MARQUES).

 

Veja mais notícias sobre o tratorista Hamilton dos Santos nos links abaixo:

Hamilton dos Santos, brasileiro, casado, 53 anos, pai de família: profissão Cidadão - TEXTO COMPLETO

Um herói na periferia de Salvador

Tratorista se recusa a demolir casas na Bahia – Brasil

 


A imagem do “grito” foi enviada por Carollina Amorin, professora de Língua Inglesa, em 05 de agosto de 2012.

7 de ago. de 2012

"Dame 1 minuto de Paz" - Iban González.

 

Éste es el video premiado en el concurso “Dame un minuto de paz”  que encontre en el blog de PEPA HORNO GIOCOECHEA - 17 de julio de 2012.


 

Pepa Horno

 

 

Abajo las publicaciones de Pepa Horno Giocoechea sobre el de tema de los Castigos fisicos e psicológicos

 

 

“Spain: baning physical and humiliating punishment in the home”: in Durrant, J. and Smith, A. “Global Pathways to Abolishing Physical Punishment: Realizing Children's Rights” Routledge, 2010.

- “Eradication of physical and humiliating punishment: a long and profound social change” Human Rights NGO Forum in Stockholm, 2009.

- “Creciendo como padres y madres” Guía educativa para padres de Save the Children, 2008.

- “Global submission on physical and humiliating punishment to the UN study on violence against children”. Save the Children International Alliance, 2006.

- “A toolkit on positive discipline with particular enphasis in Central and South Asia” International Save the Children, Kathmandú, 2006.

- “Non violent discipline: a guide for training professionals” International Save the Children, Bangkok, 2006.

- “Amor, poder y violencia: un análisis comparative de los patrones de castigo físico y humillante” Save the Children, 2005.

- “Love, power and violence: a comparative analysis of physical and humiliating punishment patterns” Save the Children, 2005.

- “Educa, no pegues, manual para la formación” Fundación Paniamor, Costa Rica, 2005.

- “Ending physical and humiliating punishment: making it happen” advocacy leaflet and manual for action, International Save the Children Alliance, 2004.

- "Manual para la acción: poniendo fin al castigo físico y humillante” International Save the Children Alliance, 2005.

- “Ending corporal punishment Spanish campaign” Congreso Europeo de IPSCAN, Varsovia, 2003.

- “Educa, no pegues” un debate más allá de la bofetada” Cuadernos de Pedagogía, Febrero 2002.
.
- “Ending corporal punishment of children: making it happen” Informe de Save the Children UK. Sweden and Spain para el Comité sobre los Derechos del niño de Naciones Unidas, 2001.

- “Ending corporal punishment of children: from personal change to institutional change” Mesa redonda en el Día General sobre Violencia contra los niños en la familia y la escuela del Comité de Naciones Unidas sobre los Derechos del Niño, Septiembre 2001.

- “Una legislación en defensa de los derechos del niño: propuesta de reforma de los artículos 154 y 268 del Código Civil” Carmen del Molino, Pepa Horno y Ana Santos, Barcelona, 2000.

- “Educa, no pegues. Campaña española contra el castigo físico a los niños” en Congreso de Promoción de Buen Trato y Prevención de Maltrato Infantil, Bogota, 2000.

- Elaboración y coordinación de los materiales de difusión (el tríptico y la guía “Educa, no pegues”) de la Campaña “Educa, no pegues” para la sensibilización social contra el castigo físico en la familia, promovida por Save the Children, UNICEF, CEAPA y CONCAPA, 1999.

- Coordinación y elaboración de los materiales para monitores de ocio y tiempo libre de la campaña Educa, no pegues”. Save the Children y Federación Scout, Madrid 1999.

- “Educa, no pegues. Campaña contra el castigo físico a los niños en la familia”,Bienestar y Protección Infantil, Madrid 1999.

- “Educa no pegues. Campaña española contra el castigo físico a los niños en al familia” Congreso de UNAF, Madrid, 1999.


Más información sobre su obra en el site Pepa Horno Giocoechea