31 de out. de 2011
Uma vergonha para o Estado brasileiro: milícias fazem o querem em nosso país
29 de out. de 2011
O menino e a borboleta encantada– Rubem Alves
“Mesmo em último caso, a palmada não é válida”, diz terapeuta familiar
Carlos Zuma* defende o debate em torno da “Lei da Palmada” e analisa o momento de transição dos modelos de educação dos filhos
iG: O que você acha do Projeto de Lei que proíbe castigos físicos, como beliscões e palmadas, para “corrigir” os filhos?
Carlos Zuma: Eu apoio a lei. Mas acho que o melhor ângulo de vê-la não é pela proibição do castigo em si. Prefiro defini-la como uma lei que garante o direito das crianças de serem educadas sem o uso de castigos corporais e tratamentos degradantes. Pelo direito que têm de serem educadas sem apanhar, sem serem humilhadas. Esse é o ângulo pelo qual prefiro vê-la. Uma lei é importante para dar parâmetros de comportamento e para os juízes poderem julgar os casos com base em uma legislação clara. Se isso não acontece, só lhes restam interpretações subjetivas e questões sobre qual o limite entre o mau trato e a boa educação. A lei é importante, portanto, para que não haja subjetividade.
Carlos Zuma: Não acredito que uma lei sozinha irá mudar comportamentos já arraigados em nossa cultura. Eu acredito que pode mudar, mas a lei sozinha não funciona: todo o debate em torno dela é que pode trazer a mudança cultural que precisamos. E temos evidências de mudanças já acontecendo. Nossos avós viveram a infância em uma época que era normal as crianças ajoelharem no milho e os professores usarem palmatória como método de educação e disciplina, mas já podemos ver como há uma posição contrária dos pais a isso hoje em dia. Temos, portanto, que ver o castigo físico da mesma forma. O grande problema mesmo é confundir a educação com esse castigo físico, o bater. Quando fazemos alguma campanha sobre o assunto, é impressionante o número de pessoas que questionam como vão educar se não podem bater nos filhos. Tem gente que acha que é uma coisa é sinônima da outra, mas não é.
iG: Ainda em relação à própria lei, haverá alguma maneira de distinguir uma “palmada educativa” de uma real agressão à criança? Você acha que é possível fiscalizar esse tipo de situação?
Carlos Zuma: Justamente porque é muito difícil distinguir uma coisa da outra, o melhor mesmo é determinar que não é necessário bater para educar. E, de fato, não é necessário. Existem gerações e gerações de pessoas que foram educadas sem nunca terem tomado um tapa, e isso não as tornou psicopatas. Claro que a maioria dos pais tem a melhor das intenções quando dão palmadas em seus filhos. Vemos que os pais querem educá-los para não se tornarem um bandido, um marginal, então dizem que preferem bater do que ver a criança apanhar da polícia ou da vida no futuro. A intenção dos pais é a melhor possível, mas as consequências, para as crianças, são sentidas para o resto da vida. E não é só o tapa que faz isso: é a humilhação também.
Carlos Zuma: Uma criança que não foi educada e disciplinada terá maiores chances, sim, de apanhar da vida. Não tenho a menor dúvida disso. Mas a melhor forma de educar e disciplinar não é batendo na criança. Eu não tenho a menor dúvida: crianças que não foram educadas pelos pais sofrem muito mais e levam muito mais tempo para se adaptar à realidade. Mas eu falo em educar sem o uso do castigo corporal. As pessoas não devem confundir uma coisa com a outra.
Carlos Zuma: Eu discordo que, em último caso, a palmada seja válida. Ao bater em seu filho, você pode conseguir que ele aja da maneira correta, mas se aquilo está educando-o ou estragando-o é questionável. Quando você bate, está dizendo: “olha, quando alguém te contraria, quando alguém faz alguma coisa que você não quer, é legítimo bater”. E então surge um aprendizado da violência como resolução de conflitos. Mas a violência é uma forma ruim de resolução de conflitos. Quando a proposta da Lei Maria da Penha surgiu, a mesma discussão veio à tona. Pouquíssimas pessoas discordam da necessidade de existir uma lei que proíba o marido de bater em sua esposa. O direito de uma pessoa não acaba porque ela está dentro de casa, seja esta pessoa um adulto ou uma criança.
Carlos Zuma: Não é para usar palmada nem tratamento cruel degradante, mas o castigo é válido, desde que esteja adequado à idade da criança e proporcional ao tipo de comportamento que ela teve. Você pode privar a criança de assistir televisão durante uma tarde porque ela fez uma coisa errada, por exemplo. A criança precisa saber que seus atos têm consequências. Com castigo e explicação, ela pode começar a entender que isso ou aquilo é errado.
Carlos Zuma: É muito complicado definir o que quer dizer “sem traumas”. Eu duvido que essas pessoas optariam por ser corrigidas como foram – apanhando – se pudessem ter escolhido. Também não é porque eu me vejo sem nenhum trauma hoje que as mesmas atitudes funcionarão para o meu filho. O momento é outro. Uma criança do passado pode ter absorvido melhor o que sofreu de castigo físico em uma época em que ajoelhar no milho era aceitável. Hoje isso não acontece.
Carlos Zuma: A violência hoje em dia nos cozinha em fogo brando e nos acostumamos com ela. Sim, há uma violência contextual atualmente, o Estado não provê todas as necessidades básicas a muitas pessoas. Mas por isso vamos dizer que o tapa em uma criança não é violência? Isso não é argumento. Não é pela existência de uma violência contextual que irei minimizar essa outra violência, que é bater nos filhos. É violência da mesma forma e é errada. Precisamos garantir os direitos de todas as crianças e adolescentes, mas nem por isso irei permitir a violência dentro de casa com agressão física ou humilhante.
Carlos Zuma: Estamos em um momento de transição dos modelos de educação, modelos que deram certo em alguns aspectos e errado em outros. O problema é que muitas vezes, ao tentar corrigi-lo, vamos para o outro extremo: do autoritarismo para uma política do “tudo pode”. Os pais estão com pouco tempo para educar os filhos, se sentem muito culpados e não querem se ocupar em dar limites. Mas acredito ser uma transição pela qual estamos passando. Iremos encontrar formas claras de educar as crianças sem precisar bater nelas. Precisamos, para isso, refletir. O que fazemos com o nosso tempo? Temos condições ou não de proporcionar uma boa educação para as crianças que colocamos no mundo? Qual a qualidade do relacionamento que irei manter com meus filhos? É preciso ter essa reflexão, mais do que defender o direito de bater em uma pessoa.
Seu filho não obedece? 9 dicas para mudar isto
Educar sem bater é possível
Colaboração: Eleonora Ramos, coordenadora do Projeto Proteger – Salvador (BA).*Carlos Zuma - Psicólogo, terapeuta de família e casal, Fellow da Ashoka, secretário executivo do Instituto Noos.
25 de out. de 2011
Debate aberto sobre o Projeto de Lei nº 7672/2010.
Compartilhamos com você que no dia 27/10/2011, das 11 às 12 horas, será realizado um debate aberto sobre o Projeto de Lei nº 7672/2010.
Foram convidados para o debate:
Relatora do projeto de lei a Deputada Federal Teresa Surita
Debatedores nacionais:
Dr. João Amaral (Ceará)
Doutor. Professor Adjunto do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Médico pediatra especialista em Epidemiologia da Saúde da Criança.
Dra. Marilucia Picanço (Brasilia)
Dra. Evelyn Eisenstein (Rio de Janeiro)
Os interessados podem participar, via Internet, pelo link http://www.rute.rnp.br
Instruções:
1) Clique em mais informaçoes no anuncio da sessão que fica localizado no calendário dos proximos eventos
2) É necessário ter banda larga de internet de 512 Kbps, plugin Windows Media Player instalado no navegador ou Quick Time.
DIVULGUEM
Márcia Oliveira
Rede Não Bata Eduque
Obrigada
23 de out. de 2011
La gente que me gusta–Mario Benedetti
Um bonito presente enviado por minha querida amiga Vanderleida Rosa de Freitas e Queiroz Queiroz, que agora compartilho com todos e todas
Un hermoso regalo enviado por mi amiga querida Vanderleida Rosa de Freitas e Queiroz Queiroz, que ahora comparto con todos y todas.
21 de out. de 2011
Milésima recomendação do blog Educar Sem Violência
Em agradecimento à milésima recomendação do blog Educar Sem Violência envio a você, amig@ leit@r, duas belíssimas interpretações da inesquecível Maysa.
En agradecimiento a la milésima recomendación del blog Educar Sin Violencia te envio, mi amig@ lect@r, dos hermosas interpretaciones de la inolvidable cantante Maysa.
3ª Audiência Pública – PL 7672/2010 – Educação sem uso castigos corporais.
Caros amigos e parceiros,
Escrevo para convidá-los a participar da 3ª Audiência Pública – PL 7672/2010 – Educação sem uso castigos corporais.
Data: 25 de outubro de 2011 (terça-feira)
Horário: 14h30min
Local: Anexo II, Plenário 5 da Câmara dos Deputados
Tema: Discussão sobre a prática dos castigos corporais ou de tratamentos degradantes empregados na educação de crianças e adolescentes no nosso país.
Convidados:
Drª EUFRÁSIA MARIA SOUZA DAS VIRGENS - Defensora Pública da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;
Drª EVELYN EISENSTEIN - Médica Pediatra e Clínica de Adolescentes; Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ; e Representante do Brasil para a International Society for Prevention of Child Abuse and Neglect - ISPCAN;
Drª RACHEL NISKIER SANCHEZ - Médica Pediatra do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz e Diretora da Sociedade Brasileira de Pediatria;
Dr. CÉLIO DA CUNHA - Representante da UNESCO no Brasil; e,
A audiência será transmitida ao vivo pelo Portal e-Democracia http://edemocracia.camara.gov.br/
É preciso fazer um cadastro no portal para ter acesso.
Abraços,
Marcia Oliveira
Rede Não Bata Eduque