29 de out. de 2009

Réplica e tréplica


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Texto extraído da lista de comentários do blog “Educar sem Violência”:


Oi Cida,

Obrigado pela pronta resposta. Sou administrador e pai em processo de alienação de minha filha.

Apesar de não possuir diploma na área, tenho estudado muito o tema nas várias esferas (psicológica, judicial e filosófica).

Você por ser mulher, não tem como saber o quão difícil é para um pai lidar com a cultura "pró matter" hoje intrincada no inconsciente coletivo de nossa sociedade.

É algo mais ou menos assim: Qualquer ato, mesmo que nocivo a criança praticado pela mãe é justificado como "amor de mãe". Os menores deslizes por parte de um pai, tornam-se casos de policia por negligência e/ou abuso.

Veja que não estou aqui negando a existência de tais atos e estes quando comprovados devem sim ser punidos, sejam praticados pelo pai, sejam pela mãe.

Hoje mesmo estamos discutindo na lista casos de mães que jogam seus filhos no lixo (http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/TRIBUNAL+PEDE+PARA+MAES+NAO+JOGAREM+FILHOS+NO+LIXO_66385.shtml?idConteudo=TRIBUNAL+PEDE+PARA+MAES+NAO+JOGAREM+FILHOS+NO+LIXO_66385.shtml).

É preciso acabar com esse mito de que amor de mãe vale mais do que amor de pai e passar a tratar da questão dos filhos de forma mais equitativa e equilibrada.

Infelizmente é grande o número de mulheres que não consegue separar a frustração da falência da relação homem-mulher e acabam transferindo para seus filhos um peso que estes não deveriam carregar.

Pai e mãe são importantes na vida dos filhos e em nenhuma circunstância, uma criança deveria ser incentivada, "preparada", ou orientada a como lidar com seu pai.

Sobre a questão de discernimento de uma criança de 9 anos, ouvi outro dia um paralelo interessante. O que responderia a uma criança de 9 anos, caso esta dissesse que não deseja mais ir a escola? Seguiria a vontade dela?

O exemplo apesar do contexto diferente é categórico ao demonstrar que criança ainda precisa fazer aquilo que os adultos consideram melhor para elas.

Pelo que entendi do texto, não apenas o juíz, mas a equipe multidisciplinar, entenderam que trata-se de um caso de Alienação Parental, colocando em suspeita a acusação.

Da mesma forma que uma denuncia de abuso deve ser investigada com os devidos cuidados de não separar o pais dos filhos, o reconhecimento de que existe Alienação Parental deveria colocar a todos em alerta em relação as atitudes da mãe e principalmente em relação as verbalizações das crianças.

No mais, reforço o que disse no primeiro texto. Não tomei posição em nenhum dos lados e acho que você justamente por estar envolvida no caso e pelo lado da mãe, deveria ser mais cuidadosa com os posicionamentos.

A internet tem um alcance que às vezes desconhecemos e não temos nós o direito de afetar a vida das pessoas com base apenas em impressões.

Para terminar lhe digo que independente do que esteja escrito no processo, em qualquer demanda jurídica existem sempre tr6es verdades.

A verdade da parte I, a verdade da parte II e a verdade dos fatos.

Então cuidado, pois mesmo escrito em petição e anexado ao processo, é preciso que haja provas contundentes.

Alegações sem prova, não tem ou não deveriam ter valor.

[]'s

William


Resposta:

Willian (?),

Como uma pacifista e uma democrata convicta, acredito que sempre deve prevalecer o respeito e a tolerância às diferenças. Nesse sentido, vou respeitar todas as opiniões que parecerem no meu blog, sem nenhuma censura. É essa a minha meta.

Mas não gosto de dialogar com alguém em uma relação desigual.
Não temo nenhum debate! Mas exijo que ele seja franco, leal e sem dissimulação.
Eu assumi a minha posição e mostrei a minha cara.

Todas as pessoas que acessaram o meu blog e que deixaram depoimentos se identificaram, deixaram o nome real com pelo menos um sobrenome. São pessoas comprometidas e estudiosas do tema dos direitos da criança e dos adolescentes.

Você não me conhece, não conhece a minha trajetória profissional, não sabe de meus compromissos e na primeira oportunidade que estabelece contato comigo usa expressões no mínimo indelicadas.

Veja o que você disse:
"Essas supostas sessões de preparação das crianças me pareceu muito mais uma lavagem cerebral do que um ato de amor".

Você não é uma terapeuta, não conhece as minhas técnicas de trabalho e como está muito distante dos fatos é normal que não tenha real dimensão da gravidade da situação!

Você encerra o texto com uma afirmação muito complicada:
"É preciso ter cuidado ao tomar lados, as vezes quem parece a vítima, é apenas o lobo em pele de cordeiro".

As vítimas na situação que relato são as crianças, em especial a mais velha. Com essa afirmação fica parecendo que você insinua que elas são o lobo da história.

Se você esta sendo injustamente acusado e é um pai amoroso, não cometa o erro de defender esse pai. Ele é um homem perigoso, e segundo relatos, normalmente anda armado. E mais, a mãe não fez denúncias vazias, ela conseguiu até mesmo uma foto que evidencia o contato corporal inadequado com sua filha, que na época era um bebê.

É importante que eu esclareça mais um detalhe:

A equipe multiprofissional que atende a menina e a família, desde 2003, não concorda com a alegação de alienação parental. O juiz não teve o cuidado de ouvir essa conceituada e experiente equipe.
Atualmente, essa equipe é uma das mais importantes referências no atendimento psicossocial de crianças e adolescentes do Estado de Goiás.

O foco atual do meu estudo é a violência física, nessa forma de violência a mulher geralmente é a principal agressora. Não tenho ilusões sobre o tão alardeado amor instintivo e incondicional das mães. Sei e testemunhei violências terríveis cometidas por mães.

Um Exemplo:
Uma adolescente que atendi, tinha todo o corpo marcado, pois sua mãe a cortava com facas e a queimava com peças de metal incandescente. Por duas vezes essa menina tentou o suicídio em função das recorrentes violências psicológicas que a mãe cometia.
Tal mãe acusava a filha de ter tirado o marido dela, pois o pai passou a abusar sexualmente dessa filha quando ela tinha 7 anos. Ele abusou também de outra irmã mais nova. Após anos de abusos, já na adolescência, essa menina consegue contar ao professor sobre as violências sexuais sofridas. Denunciado, o pai incestuoso, é afastado de casa. A mãe em vez de proteger e defender a filha resolve torturá-la com acusações e ameaças.

Tenho a plena consciência que nem todas as mães, nem todos os pais, são figuras parentais protetoras e compreendem o seu papel em relação aos filhos.

A partir do sua última postagem, pude compreender melhor por que você me atacou de forma tão incisiva. Se suas palavras são verdadeiras e você se sente um injustiçado, deveria se identificar com a luta da menina de 9 anos que foi chamada pelo pai de mentirosa. Se você quer lutar para que a justiça prevaleça não se alie nem defenda esse pai que é acusado de abusar sexualmente da filha ainda bebê.
Você não é igual a ele, com certeza deve ser um homem e um pai, muito, mais muito distinto dele.

Apoio a sua luta pela verdade, mas vai uma sugestão: escolha melhor os seus aliados e quem defende.

Um grande abraço

Cida Alves

Obs.: Agradeço a todos e todas que estão partipando do blog. Informo que de agora em diante postarei apenas textos devidamente assinados e identificados (Cida Alves).

2 comentários:

  1. Cida, lamento os comentários machistas vistos acima e sou da opinião que a descaracterização das verdaes das crianças, típicas em defesas de abusadores, tem um respaldo maior com a chegada ao nosso país da SAP ou Sindrome de Alienação Parental, que serve bem a desacreditar o guardião, as vítimas deabusos e até psicólogos e peritos contratados, sobretudo em fóruns que explicitamente DEFENDEm a alienação parental ou admitem funcionários não isentos e que se posicionam em tal defesa.
    Infelizmente ao sr. William denegrir a imagem da mãe de seus filhos , automaticamente TAMBÉM PRATICA a Sindrome de Alienação Parental, apenas a ele não se reconhece; a realidade de tal sindrome , NUNCA aprovada pela Associação Americana de Psicologia, apesar de existente há mais de 20 anos, JAMAIS DEVERIA PODER SER DIAGNOSTICADA ( o psicológo para realizar laudo, segundo o CRP tem que ter base técnica científica e tal alegada alienação , pelo que sei não tem). Como disse alguns sites americanos falam expressamente de quem foi o criador de tal Sindrome de Alienação Parental ou Alienação Parental, ou implantação de falsasa memórias, expondo realmente suas afirmações, que não são das melhores. Alias era um médico voluntário inclusive. Tais sites americanos expressam muito bem as consequencias da aplicação de tal sindrome nos tribunais, tanto que há proibições. Veja os sites que aparecem sobretudo crianças que cresceram sofrendo violência e abusos devido a alegação e deferimento da tal Sindrome de Alienação Parental ou que relatam quantas fugiram ou suicidaram. Elas cresceram e podem falar e relatar o que sofreram diante das decisões proferidas pelos juizes que as desacreditaram juntamente com os adeptos de tal sindrome. É lamentável. Minha família também sofre com tais alegações e pelo descrédito a palavra de cada uma das minhas filhas. Infelizmente.

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  2. Olá mãe do comentário acima.

    Não costumo publicar comentários anônimos, mas por considerar que ele trás importantes questões, decidi publicá-lo no blog.

    Para mim fica claro o seu sofrimento e sua luta para proteger as suas filhas.
    Sei que de longe posso ajudar muito pouco, mas quero que saiba: estou do seu lado.

    Gostaria muito que me enviasse um e-mail para que pudéssemos conversar mais, e quem sabe encontramos caminhos, alternativas para a situação de suas filhas.

    Aguardo o seu contato.

    Um abraço apertado

    Cida Alves

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