Te quiero
Cada vez que te beso
Manuel García
Te quiero
Cada vez que te beso
Manuel García
“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”.
Em um instante de desalento escreveu o poeta russo Vladimir Maiakovski.
E Então, Que Quereis...?
Ouvir E Então, Que Quereis...?
Não encontrámos nada.
Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas
Composição: João Bosco / Emilio C. Guerra / Aldir Blac / Vladimir Maiakovski.
Foto ilustração: Felipe Lima - “Procura-se um homem feliz”, artigo de Marleth Silva.
“Quando maior for o coro, na sociedade civil considerada, em todas as suas instituições, da delegacia de polícia às salas de aula, das famílias ao centro de saúde para onde as vítimas da brutalidade são encaminhadas, dos escritórios de advocacia aos CLUBES DE FUTEBOL*, daqueles que se indignam contra a brutalidade crescente no modo como tratamos o outro, hoje no Brasil, maior será o espaço de resistência à penetração brutal. Onde se instala a indignação, diminui a motivação para tais práticas”.
Sonia Felipe e Jeanine Philippi, 1998
Por Cida Alves
Por acreditar e defender a ressocialização de pessoas que cometeram crimes, mulheres e homens bem intencionados não enxergam o real interesse por trás da contratação do ex-goleiro Bruno. Cartolas e empresários do futebol não estão nem aí para a ressocialização do Bruno. A única coisa que lhes interessam é ficar cada vez mais ricos, conseguir dinheiro a qualquer custo.
Ressocialização envolve a reinserção no mundo do trabalho. Todavia, em
alguns casos é necessária uma readaptação de função ou mudança de profissão
para que o exercício do direito ao trabalho não implique em risco a pessoas vulneráveis.
Um autor de violência sexual, que possui o diagnóstico de transtorno de
pedofilia, não deve ocupar postos de trabalho que lidam diretamente com
crianças ou que possuam poder e influência sobre elas.
Você concordaria que um pedófilo fosse professor ou cuidador de crianças?
Bruno não é um criminoso comum. E, jogador de futebol não é uma profissão qualquer. O ex-goleiro Bruno cometeu um crime hediondo, um dos feminicídios mais cruéis da história criminal brasileira. O requinte de crueldade e o motivo torpe do crime cometido por Bruno demonstram sua incapacidade de sentir empatia pela mãe de seu filho. Julgado e condenado, Bruno nunca fez uma demonstração pública de culpa e remorso ante o crime cometido. Pessoas com traços de personalidade como os citados acima jamais deveriam ser alçadas a postos de grande poder e influência, muito menos elevado à condição de modelo de sucesso para crianças e jovens. No Brasil, jogador de futebol é ídolo para crianças e jovens. Para as crianças que vivem a realidade da pobreza, ser um jogador de sucesso é um sonho. Para elas, o futebol significa a única oportunidade de “subir na vida”.
Como psicóloga e estudiosa da educação, sei como meninos constroem seus valores e crenças. É por intermédio da identificação com pessoas significativas afetivamente, que pouco a pouco as crianças vão incorporando valores, aprendendo comportamento e construindo sua identidade masculina. Infelizmente, em nossa sociedade patriarcal, os ideais de sucesso masculino estão associados a práticas e valores violentos. O menino aprende desde cedo que tem que usar de violência para resolver seus conflitos. Para não ser uma “mulherzinha” deve sempre imperar sua vontade sobre os demais e jamais demostrar fraqueza. Não chorar, não expressar seus sentimentos, mostrar sempre quem manda! Bruno, com sua masculinidade tóxica e seu crime hediondo, jamais deve exercer uma profissão que tenha o mínimo de poder de influência sobre processos identificatórios e socializadores na formação de crianças.
Povos como os da Alemanha já compreenderam que símbolos violentos e personalidades autoritárias e cruéis não devem ser glorificadas. No mundo todo, estátuas de genocidas são derrubadas, nomes de ruas e praças que homenageavam ditadores e torturadores são substituídos. Por quê? Porque além das violências concretas que provocam sofrimento físico e morte, existem as violências simbólicas que ofendem nossa mente, nosso espírito. Permitir que o cruel assassino de Elisa Samudio se posicione no centro das três traves de um gol em campo de futebol e que uma multidão torça por ele é para nós, mulheres brasileiras, uma insuportável violência simbólica. E mais! Permitir que o tratem como celebridade, com direito a fotos abraçando crianças e capas de jornais destacando seus feitos é uma demonstração clara de que a vida das mulheres não importa, que os feminicídios podem ser banalizados e naturalizados.
O futebol é uma paixão nacional, os jogadores são modelos que inspiram crianças e jovens. O futebol também é uma instituição formadora, ele deve contribuir no fortalecimento de valores como justiça, igualdade, fraternidade e liberdade. Clubes e jogadores precisam enviar mensagens claras e firmes à sociedade, afirmando que o futebol não compactua com a violência contra as mulheres. Isso é fair play, um jogo limpo e justo de verdade!
Cida Alves – psicóloga, doutora em educação - Universidade Federal de Goiás em intercâmbio com a Universitat de Barcelona; cofundadora do Bloco NÃO É Não; administradora do blog Educar Sem Violência; e, há 24 anos trabalhando no SUS de Goiânia, acompanhando pessoas com sofrimento mental, em decorrência de situações de violência.
Em apoio ao Movimento #FeminicidaNãoMereceTorcida
______________
*As palavras em caixa alta não existem no texto original.
Fonte: FELIPE, Sônia T.; PHILIPPI Jeanine Nicolazzi. O corpo
violentado: estupro e atentado violento ao pudor. Um ensaio sobre violência e
três estudos de filmes à luz do contratualismo e da leitura cruzada entre
direito e psicanálise. Florianópolis: Ed. da UFSC. 1998.
Foto: Menino, chutando, um, bola futebol Foto Premium
Obediência, cumplicidade e perversão alimentam a necropolítica
por Arnaldo Cardoso
Ao completar sessenta anos do julgamento – iniciado em 11 de abril de 1961 – de
Adolf Eichmann, um tenente-coronel, burocrata do aparato de segurança da
Alemanha nazista, responsável pela logística da deportação de milhares de
judeus para campos de concentração, temos sido instados a relembrar – por força
das circunstâncias – suas perturbadoras revelações, particularmente aquelas
decorridas da análise da filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) a partir de
acompanhamento do julgamento como enviada da revista New Yorker a Jerusalém.
A tese de Arendt sintetizada no conceito de “banalidade do mal”, apesar das muitas críticas recebidas na época – por parecer relativizar a monstruosidade da ação de Eichmann – continua sendo invocada com frequência, diante da necessidade de iluminar/compreender situações do presente em que nos sentimos novamente lançados no coração das trevas.
A atual avassaladora pandemia que em pouco mais de um ano já causou a morte de 3 milhões de pessoas pelo mundo – 12% delas no Brasil – tem causado também horror, estupefação, revolta e desesperança em parte da população – do Brasil e do mundo – diante de atitudes de alguns governantes, lideranças políticas e sociais, empresários e cidadãos comuns, cujas nuances variam da obediência irrefletida à cadeias de comando, conivência pragmática ou ordinária, chegando à perversão.
O julgamento de Eichmann se estendeu por um ano, ouviu mais de 100 testemunhas, foi coberto por centenas de jornalistas paradoxalmente teve no banco do réu um homem mediano, um funcionário medíocre, incapaz de refletir sobre seus atos. Perfil obediente, sem iniciativa, sem senso de responsabilidade social, incapaz de empatia, são algumas das características com que Eichmann foi descrito pelos peritos. Em suas memórias se descreveu como “mero cumpridor de ordens superiores”.
Hannah Arendt, alemã, judia, fugida de campo de concentração em que teve seus pais executados, refugiada nos Estados Unidos onde desenvolveu profunda obra acadêmica repudiando todas as formas de totalitarismo, não viu em Adolf Eichmann um gênio do mal, viu um homem medíocre, incapaz de humanidade. Diante disto, o conceito de “banalidade do mal” passou a representar a mediocridade implícita na incapacidade de refletir, julgar em face de uma ordem produzida numa cadeia de comando.
Em seu livro “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal” Arendt apontou como ameaça às sociedades democráticas, a confluência da capacidade destrutiva e a burocratização da vida pública.
Também Max Weber (1864-1920), intelectual alemão que se notabilizou pelo desenvolvimento do método da compreensão, que busca apreender o sentido da ação humana, já havia alertado sobre os riscos da proeminência da ação de tipo racional com relação a fins, pelo quanto isso poderia representar o fim da espontaneidade, do sufocamento da política pela técnica.
É grave ter de reconhecer que a tenebrosa experiência alemã e mundial imposta pelo nazismo esteja sendo invocada com tanta recorrência e certa pertinência para lidar com nosso presente.
Como não se indignar com a fala de um Ministro da
Saúde, alvo de críticas por incompetência diante da escalada de contágios e
mortes, ao declarar descontraidamente “simples assim: um manda e o outro
obedece”, ao lado do autor das ordens conflitantes com a realidade.
Se a leitura desse deprimente episódio nos remete às reflexões de Hannah Arendt sobre Eichmann, os outros casos com os quais fomos confrontados, como o do Secretário de Cultura plagiando estética nazista em comunicado à nação; auxiliares do governo participando alegremente de lives do Presidente da República com recorrentes símbolos nazistas como o copo de leite; o assessor especial para assuntos internacionais usando de linguagem cifrada de supremacistas brancos em audiência no Senado Federal, ou ainda manifestações espontâneas de empresários, lideranças religiosas e acadêmicas, bem como uma massa de “cidadãos de bem”, expressando entusiasmado apoio à performance daquele que é o personagem central de um inequívoco desgoverno, parecem escapar da formulação do conceito de “banalidade do mal” como foi formulado por Hannah Arendt para compreender o caso Eichmann. O que estamos vendo no Brasil parece variar entre formas de cumplicidade e adesão perversa, sem que haja uma organização burocrática ou mesmo uma ideologia arregimentando essa variedade de atores sociais.
Certamente há motivos para que a tentativa de encontrar modelos teóricos, conceitos e registros históricos que possam nos auxiliar na caracterização do que ocorre no Brasil, para além de reconhecer que sua ocorrência se dá num contexto mundial de reinvestidas da extrema direita, nos leve invariavelmente aos casos do fascismo italiano e do nazismo. Mas são muitas as diferenças e particularidades que escapam dos modelos.
Diante dessa falta do conceito, a adição de um adjetivo ao original pode
provisoriamente conferir-lhe especificidade, como discutido pelo historiador e
doutor em Filosofia Rafael Zacca, no artigo de 2018 “A indigência do ‘fascismo
tropical’”.
Num esforço de distinção, Zacca destacou as seguintes diferenças: i) “[para] a mentalidade histórica nazi-fascista a história (ainda que inventada e travestida de ciência) é importante na fundamentação dos símbolos nacionais a serem adorados pela população”, já para o “fascismo tropical” “o esquecimento é o cimento sobre o qual o autoritarismo pode se firmar”, ii) enquanto no fascismo e no nazismo a conclamação da nação é contra um inimigo externo, no “fascismo tropical” o inimigo escolhido é interno, e iii) quanto ao nacionalismo “é curiosa a posição dos fascistas tropicais: são nacionalistas e entreguistas ao mesmo tempo”.
Se dar o nome às coisas, já em 2018, se impunha como um passo importante para a compreensão do que se gestava no Brasil e assim orientar uma ação consciente para seu enfrentamento, os desdobramentos daquele momento nos dois últimos anos e a convergência da pandemia do coronavírus tornou tudo muito mais grave.
A dor hoje sentida pela morte dos mais de 350 mil brasileiros e brasileiras vítimas da Covid-19, já se prenunciava como marca de uma necropolítica que se instalava no país, de uma cultura de ódio e morte. Os assassinatos de Marielle Franco, Anderson Gomes e Moa do Katendê já eram sinais do que estava por vir.
No engrossar desse caldo de ódio e indiferença com a vida, em meio aos recordes diários de morte a sociedade brasileira hoje assiste às revelações da investigação em curso do assassinato de uma criança de quatro anos. Seu algoz é um médico, filho de militar aposentado já investigado pela Polícia Federal por envolvimento em corrupção, vereador da cidade do Rio de Janeiro em seu quinto mandato, ex-líder do governo do Bispo Crivella, apoiador enfático do governo Bolsonaro e que em suas comunicações sempre invocou o nome de Deus e um suposto “bem da nação”.
Há de se perguntar, que sociedade é essa tão vulnerável (ou seria simpática?) à apelos de atores tão vulgares?
Para a sociedade brasileira sair do abismo em que se lançou, a contenção do vírus SARS-CoV2 afirma-se como o passo mais urgente a exigir a soma de esforços e superação de obstáculos, mas é certo que os outros passos não serão menos difíceis e decisivos.
E.T.: O julgamento de Adolf Eichmann durou um ano e terminou com sua condenação à pena de morte por enforcamento. A execução aconteceu em 31 de maio de 1962.
Arnaldo Cardoso, sociólogo e cientista político
Fonte: Jornal GGN em 13 de abril de 2021.
Foto: Divulgação Mídia Ninja
Deepak Sehgal , advogado de defesa de Minal Arora, no filme Pink.
Si me matan
cuando me encuentren
que digan siempre
que digan siempre
Que fui cantora
viviendo sueños
que como todas
crecí con miedo
Y aún así
salí solita
a ver estrellas
andar los días
Y aún así
salí solita
a ver
estrellas
a amar la vida
Si me matan
si es que me encuentran
llénenme de flores
cúbranme
de tierra
Que yo seré semilla
para las que vienen
que ya nadie nos calla
nada nos
contiene
Y que suenen los cantos
como un manto tibio
curándonos la herida
de lo que hemos perdido
Y que un grito cual trueno
nos arranque del duelo
nos han quitado tanto
nos quitaron el miedo
Que quede la esperanza
y el
azul del cielo
mirarnos a la cara
hermana yo te quiero
Escribí esta canción tratando de calmar la herida dolorosa y enorme que nos deja cada día la violencia de género en nuestro país y en el mundo. Es para mí un honor haber contado con todas las mujeres maravillosas que sumaron su corazón, su sensibilidad y su energía a este video.
Vernos conmovidas en nuestra propia sororidad nos enseñó mucho a todas, nos ayudó a recordar que no estamos solas y que sobre todas las cosas, hay esperanza. Ojalá que al ver esto te pase a ti también.
Sobre RNR: La Red Nacional de Refugios (RNR) es una organización civil con más de 20 años de labor a favor del derecho a vivir con dignidad, seguridad y libres de violencias. Si necesitas apoyo llama al 800 822 4460 o al 55 5674 9695. Están las 24 horas del día todo el año. En la RNR ¡Tu voz cuenta, nosotras te creemos! — https://rednacionalderefugios.org.mx
Assista AQUI
O amor romântico pode causar a morte do corpo
(feminicídio) e a morte da alma (consequências de violências psicológicas) da
mulher.
O amor romântico mata. Li essa frase esses dias em uma parede na faculdade e
isso me alertou para o fato de que sim, passei grande parte da minha vida
fantasiando um tipo de relacionamento que, se tivesse se materializado algum
dia, seria muito tóxico e me anularia completamente como sujeito.
Por quê?
O amor romântico é a primeira ideia que nos chega sobre o ideal de um relacionamento monogâmico e heterossexual. Desde muito novas, somos ensinadas sobre os passos a se seguir para nos tornarmos uma “boa mulher” no futuro. Essa mulher presume ter, como características natas, a fragilidade, a docilidade, a submissão e a dependência excessiva em relação a outrem.
Não é verdade que desde meninas escutamos que quando um garoto nos maltrata é “porque no fundo ele gosta da gente, só não sabe demonstrar…”; ou que temos que ser “conquistadas”, dizer sempre não, quando na verdade “queremos dizer sim”? Essas mentiras apenas contribuem para que desde cedo naturalizemos a violência e a violação de nossos corpos e que passemos a acreditar que o amor deve ser sofrido, difícil, ao mesmo tempo em que teremos que relegar nossas individualidades e até mesmo nosso bem-estar para que o mantenhamos.
Foto: Igualamos.wordpress
Nunca seremos completas sozinhas, muitos dizem.
Precisamos nos entregar loucamente a alguém, e nós aprendemos muito bem como
amar, doar sentimentos sem esperar nada em troca. A princípio, não faremos
tanto esforço para a existência de uma reciprocidade: o príncipe no cavalo
branco corresponderá exatamente a todo o estereótipo Disney ao qual fomos
apresentadas desde pequeninas. Depois, ficará fácil naturalizar violências,
dependências, humilhações e inclusive aceitar migalhas de sentimentos e
atenção. Tudo para que o amor não se esfacele e cumpra com o dever do “felizes
para sempre”.
Posse e domínio, que culminam em violência e
agressão, sempre foram incessantemente confundidos como meros “ciúmes”. Ciúmes
sempre foram confundidos com uma das características inatas do amor. E o amor
romântico sempre pediu provas as quais nenhum verdadeiro amor é capaz de pedir.
“Eu faço isso porque te amo, então você deve fazer o que quero; você deve aceitar o que eu digo; você me deve obediência, pois possuo desde o seu corpo até a sua alma; você precisa provar que me ama; então não me denuncie quando eu bato em você; não ache ruim quando mando você trocar essa roupa que está muito curta; não me pergunte o porquê de eu proibir que você converse com determinadas pessoas; não me julgue quando ameaço tirar a guarda de seus filhos se você se divorciar de mim; não duvide do que eu sou capaz, e, se algum dia eu tirar a sua vida, será simplesmente por amor e porque motivos você me deu para que isso acontecesse”.
Mitos do amor romântico. Foto: Mujeres sin
fronteras
O amor romântico ganha respaldo na assimetria de poder
que existe entre os gêneros e que se transmite para a relação micro. Sofremos
com inúmeras dependências em relação ao nosso parceiro, como a econômica e a
psicológica. Somos pressionadas para manter o status social de senhora e, se o
relacionamento fracassou, a culpa sempre será nossa, pois não fomos boas o
suficiente para segurar o homem ou para que ele nunca nos encostasse a mão.
Para cumprir o preceito do eterno que o amor romântico anuncia, anulamo-nos
completamente como sujeitas autônomas e passamos a nos encontrar na prisão de
um relacionamento abusivo, cujas consequências podem culminar em feminicídio.
Afinal, para aquele homem tão bom que me dava flores e chocolates no início do relacionamento ter se tornado esse monstro, alguma coisa de errado deve ter comigo, não é mesmo?
Passamos a não enxergar toda a nocividade que permeia esse tipo de relacionamento, de repente estamos em uma teia da qual não conseguimos sair, voluntaria ou mesmo involuntariamente. Todos os abusos, todas as agressões, todas as violências serão cometidas e sofridas em “nome do amor”.
Porém
O amor encontra sua completude dentro de nós mesmas, e se materializa no amor-próprio. Só com o amor-próprio em alta, seremos capazes de então amar outrem. O amor não deve renunciar a nada, pois ele deve se manter íntegro para então ser compartilhado. O amor necessita de equilíbrio, e ele funcionará muito bem em um relacionamento quando não há relações de dominação/submissão, violência/passividade, exigências/renúncias, comandos/obediência, independência/dependência.
Duas pessoas independentes e emancipadas são capazes de manter um relacionamento de forma harmoniosa e essas pessoas podem, da mesma
forma, saber que, se a relação não está legal, ela não tem que se arrastar para
mantê-la, e nem choramingar as dores do mundo porque chegou ao fim.
Ou, sou a mulher da minha vida. 😉 Foto:
Pikara Magazine
Podemos ser senhoras de nossas vidas casando-se unicamente com a nossa autoestima, o nosso amor-próprio. Devemos afastar qualquer tipo de relacionamento tóxico, abusivo, que antes permeou o romantismo excessivo, a entrega exagerada e admiração descomedida, a dependência excessiva, a abnegação de si, a violência, a posse e o domínio como forma de amor e “proteção”.
Fonte: Desconstrução Diária em 31 de março de 2017.
Lo Que Yo Quiero con Kemberli García Barrera
Kemberli García Barrera, feminista, sicóloga,
maestra en Metodología de la Ciencia y encargada de la Unidad Especializada en
Igualdad y Equidad de Género de la Universidad Autónoma Metropolitana unidad
Cuajimalpa, platica en entrevista sobre qué es el amor romántico y su relación
con la violencia de género.
Politización
Foto: Adibs Feminista