“Infelizmente, atitudes como a da representação do Governo dos Estados Unidos beneficiam apenas os interesses da indústria de alimentos para bebês que movimenta cerca de US$ 70 bilhões no mundo, com crescimento estimado para este ano de 4%, principalmente pelo aumento das vendas nos países em desenvolvimento” (Nota à sociedade e aos médicos: Em defesa do aleitamento materno para todos os povos - Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Preocupada com a repercussão negativa da posição do
Governo dos Estados Unidos em nível local, a SBP, em sua nota pública, não só
crítica os acontecimentos em Genebra, mas cobra das autoridades brasileiras que
expressem seu compromisso com o tema.
LEIA AQUI A
ÍNTEGRA DA NOTA.
Dentre as ações defendidas pela SBP e que podem ser
implementadas pelo Governo brasileiro estão: promoção de campanhas informativas
sobre seus benefícios; criação de uma rede de apoio às mulheres que amamentam
em locais de trabalho e de estudo; e ampliação dos períodos de
licença-maternidade para 180 dias para trabalhadoras nos setores público e
privado.
MARKETING - A polêmica surgiu quando ao discutir os termos de nova resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto, os representantes dos Estados Unidos tentaram impedir a inserção de um trecho que recomendava aos governos que limitassem o marketing impreciso ou enganoso de métodos substitutivos da amamentação. Também tentaram excluir a recomendação pedia às autoridades nacionais para “proteger, promover e apoiar a amamentação".
Apesar de não terem alcançado êxito, para coibir a
aprovação de propostas contrárias aos interesses da indústria de fórmulas e
alimentos infantis, os representantes dos Estados Unidos teriam chegado a
ameaçar outros países com retaliações econômicas e políticas. “O posicionamento
dos Estados Unidos desconsidera quatro décadas de estudos científicos que
comprovam a importância do aleitamento na prevenção de doenças e na redução da
mortalidade infantil, entre outros pontos”, reitera a SBP em seu documento.
Historicamente, a SBP tem se engajado nas ações de
defesa do aleitamento materno no Brasil e no mundo. Por meio de seu
Departamento Científico que trata do tema e da capacitação dos 40 mil pediatras
brasileiros, a entidade tem procurado estimular a população a apoiar essa
prática saudável.
PREVENÇÃO - Estimativas
recentes sugerem que a amamentação, se fosse ampliada para níveis universais,
poderia prevenir cerca de 12% das mortes de crianças menores de cinco anos de
idade a cada ano, ou cerca de 820 mil mortes em países de média e baixa
renda. Além disso, o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade tem
sido um importante agente de prevenção de doenças e de promoção do
desenvolvimento saudável das novas gerações.
Além da população infantil, os
estudos apontam vantagens também para as mulheres que amamentam. “Os pediatras
esperam que o Brasil, às vésperas do Agosto Dourado, mês consagrado pelo Estado
Brasileiro à promoção do aleitamento, não siga o mau exemplo dos Estados
Unidos. Pelo contrário, é hora das nossas autoridades demonstrarem que o País
está comprometido com a saúde de todos e com a modernidade”, ressaltou a
presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva.
Fonte: site da SBP, em 10 de julho de 2018
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