21 de nov. de 2009

Papéis conjugais e parentais na situação de divórcio destrutivo com filhos pequenos

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Sensibilizada pelo debate estabelecido no blog Educar sem violência a partir da postagem “O judiciário e a arriscada aposta em vínculos familiares idealizados e artificiais”, a pesquisadora Mariana Martins Juras, disponibilizou a sua dissertação para os interessados em aprofundar o tema da Síndrome da Alienação Parental. A sua pesquisa teve como orientadora conceituada Profª Drª Liana Fortunato Costa da Universidade de Brasília.

A dissertação de Mariana Martins Juras faz uma profunda reflexão crítica sobre a Síndrome da Alienação Parental. Considero que o seu trabalho é uma referência obrigatória para os profissionais que atuam com crianças, adolescentes e famílias.

Veja aqui o resumo e as considerações finais de sua dissertação. Os interessados em conhecer a dissertação completa é só enviar um e-mail que encaminho o texto em pdf.

15 de nov. de 2009

A tragédia das meninas do Hamas e a pequena conquista de duas mulheres de coragem



Foto: Getty Images

Nujood Ali (esq.) e Shada Nasser (dir.), advogada da menina, recebem o prêmio Glamour Women of the Year de 2008, em Nova York, 02 de novembro de 2009



A jornalista e escritora franco-iraniana Delphine Minoui conta em um livro a história de Nojoud Ali, uma menina iemenita de 10 anos que foi a um tribunal e obteve o divórcio do marido, mais de 20 anos mais velho que ela, com a ajuda e determinação do juiz.

Em entrevista, a autora explica que a história contada no livro Moi Nojoud 10 Ans Divorcee (Eu Sou Nojoud, 10 Anos e Divorciada, em tradução livre) é a prova de que, apesar da permanência destas práticas, que atentam contra os direitos mais elementares da infância e das mulheres, "há esperança" para as meninas que são obrigadas a se casar.

"Apesar de seu caso ser trágico, assim como, infelizmente, da metade das meninas do Iêmen, a coragem da pequena" foi o que incentivou Minoui a escrever o livro, conta.

A menina "quebrou um tabu e foi se refugiar em um tribunal para pedir o divórcio, depois que a casaram com um homem 30 anos mais velho, que abusava sexualmente dela".

"Teve a sorte de encontrar um juiz que aceitou ouvi-la, que se comoveu com sua história e prometeu ajudá-la, advertindo, no entanto, que a vitória não era certa", conta a escritora, cujo pai é iraniano e que vive no Líbano.

Cumprindo o prometido, "o juiz se mobilizou, contratou uma advogada especialista em direitos das mulheres, que divulgou o caso à imprensa e pressionou para que Nojoud recebesse o divórcio".

"Segundo estatísticas que encontrei na Universidade de Sana (capital do Iêmen), mais da metade das meninas no Iêmen se casa antes dos 18 anos e é comum ver menores de 11, 12 ou 13 anos carregando os filhos nos braços", narra.

De acordo com a jornalista, "isso faz parte da normalidade, não só no Iêmen, mas também em países como Afeganistão, Egito e outros da região", onde muitas vezes se impõe a lei do silêncio e transforma o tema em tabu.

No entanto, afirma que "o fabuloso por trás da tragédia de Nojoud é que há esperança, porque ela ousou fazer o que nunca ninguém tinha feito antes", como conta o livro, já traduzido para mais de 20 idiomas.

Para a jornalista, as dificuldades da vida das mulheres nesta região do mundo são devido a vários fatores, "entre eles, o religioso, já que, em muitos países, as leis são inspiradas na lei islâmica, ou sharia".

"Mas é um clichê atribuir a situação da mulher apenas à religião, já que existe também o fator tribal, onde prevalece a questão da honra, principalmente nas aldeias, onde e mal visto que uma menina cresça sem se casar", explica.

"Temem que brinque com outras crianças, que seja sequestrada por um homem, que tenha relações - não necessariamente sexuais - antes do casamento, por que estas coisas sujariam a honra da família, da tribo e do bairro", afirma a jornalista.

Outro fator para explicar os casamentos com meninas menores de idade é a pobreza.
"Tomemos o caso de Nojoud. Seu pai está desempregado, casou-se duas vezes e tem 16 filhos. Para ele, casá-la é livrar-se de uma carga, é uma boca a menos para alimentar", diz.

A educação também tem papel crucial e Minoui ressalta que o fenômeno acontece no Afeganistão ou no Egito, mas não no Irã - por exemplo -, onde a mulher tem acesso à educação.

"Mais de 90% das mulheres são escolarizadas e, com isso, já conseguiram a primeira etapa para sua liberdade e emancipação", opina.

Assim, "inclusive jovens de meios tradicionais, que vão ao colégio e à universidade, aprendem a refletir e a reivindicar seus direitos".

"Sem educação e sem consciência de seus direitos, quando um pai diz à filha que esta se casará amanhã, ela não sabe que tem direito de dizer não. A mulher é submetida e vê que a mãe e as irmãs maiores tiveram o mesmo destino", conta.

Mas há pessoas que lutam ativamente contra esta prática, mas, às vezes, a um preço muito alto. "As mulheres que trabalham nas ONG são ameaçadas de morte, são emitidas fatwas (éditos religiosos) contra elas, acusam-nas de serem manipuladas pelo Ocidente e muitas acabam por abandonar", conta.

Além disso, a jornalista fala que, muitas vezes, "as autoridades não fazem fada para que as meninas tenham acesso à educação ou aos serviços de saúde. A maioria delas dá à luz em casa e o planejamento familiar é nulo".

No entanto, "o caso de Nojoud, que apareceu na imprensa local e nas televisões, contribuiu para que as coisas comecem a mudar, mas de modo muito lento".

Depois de Nojoud, outras menores de entre 10 e 11 anos no Iêmen obtiveram o divórcio. "Isso é encorajador. Na Arábia Saudita, uma menina era casada com um homem 50 anos mais velho, mas a mãe soube do caso de Nojoud e pediu o divórcio para a filha, e conseguiu", afirma Minoui.

Notícia encaminhada pela psicóloga Márcia Kafuri: “Cida, tudo bem? Veja só a última que recebi. Não chega a ser ótima a notícia, mas é, sem dúvida, um ótimo começo o fato de reconhecer o problema e suas dimensões”.



A HISTÓRIA OCULTA DO MUNDO
A PEDOFILIA DO HAMAS


Um evento de gala ocorreu em Gaza. O Hamas foi o patrocinador de um casamento em massa para 450 casais. A maioria dos noivos estava na casa dos 25 aos 30 anos; a maioria das noivas tinham menos de dez anos.

O mundo desconhece uma das histórias mais nojentas de abuso infantil, torturas e sodomização do mundo vinda do fundo dos esgotos de Gaza: os casamentos pedófilos do Hamas que envolvem até crianças de 4 anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical.

A denúncia é do Phd Paul L. Williams e está publicada no blog thelastcrusade. org e é traduzida com exclusividade no Brasil pelo De Olho Na Mídia (ninguém mais na imprensa nacional pareceu se interessar pelo assunto).

Grandes dignatários muçulmanos, incluindo Mahmud Zahar, um líder do Hamas foram pessoalmente cumprimentar os casais que fizeram parte desta cerimônia tão cuidadosamente planejada.








"Nós estamos felizes em dizer a América que vocês não podem nos negar alegria e felicidade", Zahar falou aos noivos, todos eles vestidos em ternos pretos idênticos e pertencentes ao vizinho campo de refugiados de Jabalia.







Notícia encaminhada pela Izabela Barbosa,
advogada e coordenadora do Programa Liberdade Assistida da Secretaria Municipal de Assistência Social de Goiânia - GO.


12 de nov. de 2009

Invertendo a Rota recebe Prêmio da FINEP


Foto: Rai Reis
Malu Moura, coordenadora do Instituto Dom Fernando, da UCG, em Goiânia, recebe em Cuiabá prêmio da FINEP, “estamos muito felizes - especialmente por pautamos via premiação o tema infância e adolescência neste espaço de reconhecimento publico e produção de conhecimento, que de forma inédita fomos vencedores por meio de uma proposta de enfrentamento a violação dos direitos humanos junto a população infanto-juvenil de nosso Brasil”.


O projeto de enfrentamento da exploração sexual infanto-juvenil em Goiás - “Invertendo a Rota”, da Universidade Católica de Goiás - UCG (2004 – 2007), foi o único vencedor na categoria Tecnologia Social do Prêmio FINEP - Região Centro-Oeste, entreque dia 5 de novembro de 2009, em Cuiabá - MT


O "Invertendo a Rota" foi coordenado por Benedito dos Santos, Maria Luiza Moura Oliveira e Mônica Barcellos Café. A equipe era composto pelos pesquisadores Maria Aparecida Martins, Karen Michel Esber, Noemi Assis, Núbia Ângelica de Jesus e Iraides Campos da Luz. Também participaram do projeto os alunos pesquisadores Ângelo da Paixão, Daiane de Oliveira Bronzi, Ellen Cristina Martins Lopes, Waneide Clemente A. Lopes, Patrícia de Melo e Vanirlene Ferreira Lima.

O Prêmio FINEP de Inovação é a maior premiação à inovação tecnológica do país, foi criado para premiar esforços inovadores realizados por empresas, instituições de ciência e tecnologia e organizações sociais brasileiras, desenvolvidos no Brasil e aplicados no País e no exterior.

Segundo Francisco Daltro, Secretário de Ciência e Tecnologia do Mato Grosso, "este Prêmio é uma ação multiplicadora, que estimula a todos que fazem inovação no País".


Comentário de Mônica Café

Invertendo a Rota foi um projeto de pesquisa-ação de enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes em Goiás bastante amplo no sentido de abarcar desde a abordagem dos adolescentes na rua, formação dos profissionais para onde estes adolescentes seriam encaminhados (escola, unidades de saúde, unidades de atendimento social), fortalecimento da Rede de Atenção a Criança, Adolescente e Mulheres em situação de Violência de Goiânia, formação da mídia a fim de que esta pudesse veicular notícias informativas sem o caráter de banalização da violência, responsabilização e atendimento ao autor da violência sexual.

Para mim, o melhor do Projeto foi as pessoas se identificarem com o nome "Invertendo a Rota" como protetores de crianças e adolescentes com os direitos violados, principalmente no que se refere à violência sexual. O curso de formação e os seminários temáticos aprofundando o tema junto com a organização de campanhas construíram esta identidade. Quando as pessoas me encontravam em algum espaço, me diziam: "sou também do Invertendo a Rota". Muitas vezes esta pessoa tinha apenas participado de algumas formações. Mas estava me dizendo que eu poderia contar com ela para o enfrentamento desta situação.



Mônica Café
Psicóloga, mestre em educação brasiliera - UFG
Goiânia-GO




10 de nov. de 2009

"Quando o silêncio é rompido"




Caro Sr. William,

(comentário da postagem O judiciário e a arriscada aposta em vínculos familiares idealizados e artificiais)


Sinceramente não compreendo como ao ler a descrição do medo e ansiedade vividos pela criança o Sr pode relatar tal fato com... “É preciso ter cuidado ao tomar lados, as vezes quem parece a vítima, é apenas o lobo em pele de cordeiro.”

O relato descreve de forma paulatina a tentativa de ajuda às crianças para um reencontro que envolvia muito sofrimento, é um texto descritivo!! E traz reflexões...não é uma peça do processo e portanto não deve ser tratado como tal!

O Sr. sugere um filme, eu gostaria de sugerir alguns livros e documentos ...

Sugiro especificamente os textos de Scodelario (2002), Araújo (2002) e Gabel (1997), Lamour (1997) Furniss (1993) para que possam compreender como se estabelece a Síndrome do Silêncio ...
Gostaria também de aproveitar o espaço para problematizar uma questão: quando o silencio é rompido, mesmo que num blog, ainda existem tentativas de silenciar a psicóloga desqualificando seu trabalho!

Gostaria que o debate pudesse ocorrer com base no conhecimento já construído e divulgado acerca da violência sexual... para isto não é preciso desqualificar a fala do outro, mas fundamentar a própria fala com algo que não seja o senso comum de uma sociedade até então adultocêntrica e patriarcal (vide Guacira Lopes Louro e Heleieth Saffioti)!

Segue abaixo minhas sugestões...

ABUSO sexual doméstico: Atendimento às vítimas e responsabilização do agressor. CRAMI -Centro Regional aos Maus Tratos na Infância. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 2002 (Série fazer valer os direitos; v. 1).

ARAÚJO, Maria de Fátima. Violência e abuso sexual na família. Psicologia em Estudo, Maringá,7(2), p. 3-11, jul.-dez., 2002

AZEVEDO, M.A. Crianças Vitimizadas: A Síndrome do Pequeno Poder. São Paulo: Iglu Editora LTDA, 1989.

BLOOM, Shelah S. VIOLENCE AGAINST WOMEN AND GIRLS A Compendium of Monitoring and Evaluation Indicators. USAID East Africa Regional Mission, 2008.

COHEN, C. Sáude Mental, Crime e Justiça. São Paulo: Edusp, 2006.

Falando sério sobre a escuta de crianças e adolescentes envolvidos em situação de violência e a rede de proteção. Conselho Federal de Psicologia, Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (Orgs), 2009.

FURNISS, Tilman. Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar. Tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2. reimpr. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

GABEL,M. Crianças Vítimas de Abuso Sexual . São Paulo: Summus Editorial,1997.

LAMOUR, Martine. Os abusos sexuais em crianças pequenas: sedução, culpa, segredo. In: GABEL, Marceline (org.). Crianças vítimas de abuso sexual. Tradução: Sonia Goldfeder. São Paulo: Summus, 1997, p. 43-61.

SCODELARIO, Arlete Salgueiro. A família abusiva. In: FERRARI, Dalka Chaves de Almeida; VECINA, Tereza Cristina Cruz (org.) O fim do silêncio na violência familiar: teoria e prática. São Paulo: Agora, 2002, p. 95-106.

Espero que apos considerar estas leituras possamos continuar o dialogo.





Ionara Vieira Moura Rabelo
Psicóloga
Goiânia (GO)






Doutoranda em Psicologia pela UNESP-ASSIS (2008) e pesquisadora do Nucleo de Estudos sobre Violência e Gênero (NEVIRG), mestrado em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (2003), possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (1994), graduação em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física de Goiás (1992). Faz parte do grupo de trabalho sobre treinamento de gênero que colabora com o INSTRAW- United Nations. É professora adjunta da Universidade Paulista (UNIP- Campus Flamboyant/Goiânia), no momento licenciada para cursar Doutorado, pesquisadora colaboradora da Universidade Católica de Goiás. É psicóloga do Núcleo de Prevenção à Violência e Promoção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Goiânia(licenciada para estudos fora do muícípio). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social e Saúde atuando principalmente nos seguintes temas: processos psicossociais, gênero, saúde coletiva, reforma psiquiátrica e psicologia da saúde. (fonte: currículo lattes)

8 de nov. de 2009

" Parabéns pela sua luta apaixonada"


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Saudações Cida,


Quero parabenizá-la por nos mostrar como esse recurso tecnológico-comunicacional que é a internet, pode contribuir para libertar a palavra, com todas as implicações que esse recurso possui para questionar as violências em atos e decretos que rodeiam o cotidiano em geral e o da atuação profissional em particular.

A leitura do drama vivido por essa criança, que nos chega por meio de seu testemunho, retira-o do anonimato e o coloca na arena pública, pra que possamos refletir e canalizar nossas ações para intervir e compreender o lastro das violências que o acompanham. Além da violência em ato, a violência implícita nos decretos legais. E para apreender a abrangência das questões trazidas pela posição firme dessa criança em garantir sua dignidade, só mesmo qualificando seu modo de agir (sua posição no mundo) como ética, que não se confunde como qualquer norma moral ou jurídica, porque fundada no princípio inalienável de afirmação do agir autônomo, ou seja, do agir ético que é o próprio fundamento do agir livre.

A despeito de qualquer ato arbitrário (do jurídico, do adulto ou da norma familiar) afirma em seu agir a recusa de encontros que venham a aumentar o seu padecer. Para nós fica o registro desse relato intenso, da arbitrariedade institucional do decreto e, finalmente, do valor de trazer para a arena pública um drama que deve ser refletido e diante do qual devemos nos posicionar.

Parabéns pela sua luta apaixonada e por se posicionar duramente diante de tudo que reduz a dignidade do viver, ao mesmo tempo em que mantêm a ternura e delicadeza de seus gesto e sorriso, os alimentam relações de companheirismo e amizade. Continue libertando a palavra que revela atos perceptíveis, pouco perceptíveis e imperceptíveis das violências que nos cercam e nos envolvem no cotidiano.

Luiz do Nascimento Carvalho
Professor UFG (Psicólogo)

* Luiz do Nascimento Carvalho possui graduação em Psicologia (2001) e mestrado em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (2005). Professor assistente I (Dedicação exclusiva) da Universidade Federal de Goiás-Campus Catalão (CAC/UFG). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas psicologia e direitos humanos, processos psicossocias do desenvolvimento e da sexualidade humana. (fonte: currículo lattes)