11 de nov. de 2017

Coisa de Peto - Jonathan Raymundo





Coisa de Preto

Coisa de Preto é a bruxaria contida num conto de Machado de Assis
Um samba escrito pela caneta de Mauro Diniz
Coisa de preto é a poesia de Cartola
Os dedos a bailar sobre o violão de Paulinho da Viola
Ah, só podia ser preto - Romário, Imperador, Ronaldinho.
Responder ao racismo com Lamentos em forma de chorinho
Pixinguinha, preto rei, rei dessa coisa escura
Renato Gama autodidata senhor da soltura
Coisa de preto é manter-se grande diante de quem mata
É se precisar ameaçar com canhão pelo fim da chibata.
Coisa de preto é viver com alegria
Inventar a matemática, arquitetura, medicina, agricultura e filosofia
Ser parte da primeira civilização
Ser senhor do Blues, do Samba, do Reggae, do Pop, Soul, do Jazz
Ter um mundo racista curvado aos seus pés
Pelé, Abdias, Martinho da Vila, Elza Soares
Coisa de preto é Dandara mandando racista pelos ares
Palmares...respeite e pise devagar na ponta do pé
Coisa de preto é a beleza da casa de candomblé
Coisa de Preto é fazer deuses sobreviverem em navio cruel
É manter amor a Terra diante de um povo que a desdenha pelo céu
Coisa de preta é Jovelina partideira
Milton, Djavan, Tim, Alcione e Candeia
Veja a noite Yurugu, fique atento
É preta a senhora dona do vento
Veja, estejas pronto e ouvindo
Pois é coisa de preto branco pendurado pelo pescoço na Revolta de São Domingos.


Jonathan Raymundo - historiador

 




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