“’poesia nos ensina a subverter permanentemente o já visto’. Está em eterno confronto com o ‘perfeito’ imposto pela sociedade vazia de memória, consumista, que tudo descarta (MOISÉS, 2007, p. 37)”.
“’Resistir é substituir no eixo negativo que corre do passado para o presente; e é persistir no eixo instável que do presente se abre para o futuro.’ (BOSI, 2000, p. 226). ‘A poesia resiste à falsa ordem, que é, a rigor, barbárie e caos. O ser da poesia contradiz o ser dos discursos correntes.’ (BOSI, 2000, p. 169).
Projetando na consciência do leitor imagens do mundo e do homem muito mais vivas e reais do que as forjadas pelas ideologias, o poema acende o desejo de uma outra existência, mais livre e mais bela. E aproximando o sujeito do objeto, e o sujeito de si mesmo, o poema exerce a alta função de suprir o intervalo que isola os seres. Outro alvo não tem na mira a ação mais enérgica e mais ousada. A poesia traz, sob as espécies da figura e do som, aquela realidade pela qual vale a pena lutar (BOSI, 2000, p. 227).
Assim, percebemos que a poesia já é engajada só pelo fato de existir, pois, em uma sociedade como a nossa, em que o mais importante é o capital e o tempo é extremamente casto. Assim, aqueles que dedicam seu ‘precioso’ tempo para expressar - se já se mostram diferentes. Em um sistema frio, a expressão dos sentimentos contrapõe - se, trazendo calor. Em um universo caótico, a organização da poesia encanta”.
Fragmento do artigo "Poemas como forma deresistência, em A Rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade" de autoria de Isabela Maia Clemente e Thaís Moreno Fargnolli.
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