Todo es música y razón,
Y todo, como el diamante,
Antes que luz es carbón”.
Dondoca é uma espécie em extinção
Por isso não provoque
É cor de rosa choque..."Rita Lee
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Fonte: QG em 4 de dezembro de 2015.
“Mulheres relatam violência trazida pelo desenvolvimento em Goiana e no Cabo”, diz o jornal. O culpado foi o desenvolvimento, o tamanho do vestido, o lugar em que ela foi se meter naquela hora da noite. Na notícia “mulher é morta” e não “marido mata”. A palavra “feminicídio” no jornal? Provavelmente se for pra criticar o termo. E seguimos sob o manto da naturalização da violência contra as mulheres.
“Desça daí, menina! Você vai cair!”. Começa assim. Quando o sexo entra em cena, o que nos ensinam vem na forma de obrigações e medos. A sorte é que a gente é desobediente. Um professor e promotor de justiça se referiu a Simone de Beauvoir como “baranga francesa”. Vereadores de Campinas, nervosíssimos, fizeram moção de repúdio à questão do Enem que cita a filósofa. Falaram que a inciativa de citar ela é “demoníaca”. Bom dia, 2015!
Tem também o apresentador, que se diz humorista, divulgando vídeo ironizando o tema da redação do Enem – “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” – num show de machismo e transfobia, sob os aplausos e risos empolgados de umas dúzia de estúpidos que estavam no programa e o aval de mais de 230 mil curtidas/compartilhamentos rede social afora, além de outros tantos mil comentários nauseantes.
As proibições das mulheres quando o assunto é sexo é proporcional à naturalização do estupro contra elas. Vale tudo se for pela violência, vale até pai estuprar a filha e, por lei, ser o pai legítimo do neto. Se for pra gente gostar, não vale nada. A gente só tem o direito de ser violentada mesmo. Em graus variadíssimos, mas no fim é isso. Os mesmos homens que acham ok babar em cima da menina de 12 anos e chamar ela de vagabunda safada vão achar um absurdo se a filha de 12 anos pensar em sexo.
Não, elas não amadurecem mais cedo, só tem preocupações e responsabilidades demais, enfiadas goela abaixo desde muito cedo. Tudo parece tão simples, tão cotidiano… O quarto impecável, lavar sempre as calcinhas no banho, arrumar os cabelos direito, não falar palavrão, sentar de perna fechada, se for correr que seja não muito rápido, brincar de casinha, vassoura, panela e filhinho boneco bebê loiro, ouvir histórias de príncipes encantados, não se sujar, não brincar sozinha com meninos, não sair sem sutiã, não atrasar depilação, não namorar muito, mas não deixar de namorar, pra garantir o casamento e os filhos, ser uma mãe exemplar (enquanto o pai pode passar só pra levar pra tomar sorvete)… É tudo ligado e costurado, não vivemos num mundo legal com estupradores aqui e ali, a cultura do estupro é estabelecida e não dorme.
Nesses dias, com a campanha do #primeiroassédio (parabéns, Think Olga!) foi cuspido na rua o que todas as mulheres sempre souberam: que todas nós, sem exceção, somos assediadas incessantemente durante toda a vida e a grande maioria desde muito cedo.
Roubando o poeta… um homem tem que ter “qualquer coisa além de beleza , qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora”. E como foi bonito ver a tristeza explícita de muitos homens ao perceberem o que de fato acontece com toda e qualquer mulher brasileira.
Homens na ação, repensando falas, atos, suas presenças na vida das mulheres, isso é bonito de ver e também aconteceu por esses dias. Que cresça!
O machismo do amigo dói tanto quanto todos os outros e é tão nefasto quanto, porque crescemos, vocês e nós, acostumados com ele. Já passou da hora de perceber que machista não é só o que bate na mulher. O machismo é acostumado com máscaras, está nas músicas que a gente aprende a amar, livros que admiramos, nos nossos professores, nossos pais. Repito o que disse dia desses, que do machismo ogro é fácil se desfazer. Aguardamos o dia em que o machismo seboso deixe de ser o must do intelectual charmoso.
No meio desse movimento tão emocionante de mulheres juntas berrando pelas vidas delas mesmas e de todas, suando liberdade, é crucial pra mim ressaltar a importância de os homens todos perceberem que é muito fácil apontar o dedo pro estuprador, difícil é perceber a ligação entre ele e si próprio, de se ver no lugar de algoz. Perceber que existe uma linha contínua, que tem numa ponta o estuprador e na outra ponta você, homem tranquilo, pessoa relax, que acha que não é machista e que, quando lê a notícia que o estuprador foi preso, fala que ele vai virar mulherzinha na prisão.
Não, amigo, mulherzinha não foi feita pra ser estuprada e, essa idéia, te faz cúmplice no crime.
Quando era pequena, grupos de amigos gritavam “Mulherzinha! Mulherzinha”, pro menino que levava porrada e perdia na briga. E nós, mulherzinhas, assistíamos com dor silenciosa. Dói ainda a reverberação dos gritos. Algumas até gritavam junto com eles, embriagadas de submissão goela abaixo. E se alguma se opusesse era ridicularizada. Esse era o meu lugar, o de opositora ridicularizada.
Pulo pra 2015, vivendo um um momento histórico, emocionante e esquizofrênico também. De um lado mulheres, juntas e vibrantes, do outro, um poder opressor que quer nos tirar direitos conquistados há tanto tempo e a tanto custo. O grito nosso era pela legalização do aborto, faz tempo, mas o xadrez político nos tira direitos e reafirma que as mais pobres, maioria negra, devem permanecer na linha de tiro.
Na voz de Ana Paula Portella*, socióloga, amiga e musa, “um retrocesso que pode nos custar mais 60 anos de luta. O governo brasileiro levou quase 60 anos para garantir o direito ao aborto seguro para as mulheres nos casos previstos em lei: os permissivos legais estão no Código Penal de 1940 e a Norma Técnica do Ministério da Saúde que instituiu os serviços é de 1999. Sessenta anos. E garantir a norma foi uma luta de anos, que envolveu dezenas de organizações e centenas de ativistas e profissionais feministas e muita gritaria mundo afora denunciando o Brasil por colocar a vida das mulheres em risco… Precisamos de seis décadas para garantir que o Estado brasileiro cumprisse a lei e agora o PL 5069 pretende que o Estado volte à situação de descumprimento… de ilegalidade, portanto. Isso é caso para as Cortes Internacionais de Direitos Humanos”.
Desculpa, poeta, mas mulher não foi “feita apenas para amar, pra sofrer…e pra ser só perdão”.
Não passarão!
* Ana Paula Portella itegrou o grupo técnico pra elaboração da primeira Norma Técnica do Ministério da Saúde, pra Prevenção e Tratamento dos Agravos resultantes da Violência sexual contra Mulheres e Adolescentes, de 1999. Versão atualizada da Norma Técnica.
" Quando meus olhos estão sujos da civilização, cresce por dentro deles um desejo de árvores e pássaros "Manoel de Barros
“Todas as tristezas podem ser suportadas se você as coloca numa história ou conta uma história a seu respeito.”
Hannah Arendt
Brasília - A gente sabe quando leva um tapa na cara e sabe dar nome a ele: agressão física. A gente sabe dar nome à violência quando alguém tira a vida de outra pessoa: homicídio. Sabe também falar “estupro” quando um desconhecido transa à força com uma mulher (quando é conhecido, dificilmente essa violência é reconhecida como estupro). Isso tudo na vida de milhares de mulheres é real, cotidiano e muito grave. Mas há outra realidade que é presente na vida não de algumas (milhares). Mas de todas. Sem exceção.
Dá um nó na garganta. Um frio na barriga. Uma confusão na cabeça. O chão some. Há de se fazer um esforço pra entender. Há um impulso em jogar a dor para seu colo assumindo uma culpa própria. Mas aos poucos vamos percebendo que é violência sim e só acontece porque somos mulheres. Essa percepção pode se dar mais cedo, mais tarde, pode nunca acontecer. Mas uma coisa é certa, uma mera campanha com hashtags na internet joga luz para aquilo que a gente leva para o travesseiro, junto com lágrimas antes de dormir. Leva para terapia. Ou, para as que já descobriram essa força, para o compartilhamento com outra ou outras mulheres que vão saber entender, acolher, refletir e confortar.
Nessa primavera feminina que inclui milhares de mulheres nas ruas contra o projeto do Cunha (PL 5069/2013), outros milhares de jovens escrevendo sobre violência contra mulher e respondendo questões sobre Simone de Beauvoir nas provas do ENEM, a internet ofereceu de forma criativa uma forma das mulheres colocarem para fora essa violência calada, sutil e velada. Começou com #meuprimeiroassedio, quando as caixinhas da memória afetiva foram abertas retomando aquelas histórias doloridas que, muitas vezes, nem se sabia entender como assedio. (Eu mesma me dei conta de meu primeiro assédio, que foi aos seis anos de idade, com quase 18 anos).
Nos últimos dias tem sido a vez de #meuamigosecreto, quando as mulheres denunciam comportamentos machistas e preconceituosos de pessoas de seu convívio. A campanha é ainda mais interessante porque carrega as contradições destes amigos. Os que se dizem feministas (e de esquerda), mas que se recusam a compartilhar as atividades domésticas e paternidade. Os que defendem o amor livre e direito da mulher ao domínio de seu corpo, mas dizem como a namorada tem de se vestir, se comportar. Ou têm relações fora do relacionamento, mas não admitem que ela tenha porque morre de ciúmes. Ou os que se dizem superfamília e cristão, mas quando a namorada engravida a coage a abortar. As contradições são inúmeras e você aí do outro lado tem alguma para apontar. Por trás dessas campanhas há algumas coisas que queria compartilhar.
Pode parecer óbvio e natural para muitas mulheres que estamos diária e cotidianamente submetidas a relações de opressão patriarcalista. Mas eu diria que para maioria não é. Por essa razão, quando uma mulher está passeando livremente por sua timeline no Facebook e se depara com uma campanha como essa, reconhecendo histórias familiares, elas se voltam para si. Buscam em seu histórico o que já viveram. Pode ser, para muitas, o primeiro momento em que se dão conta de que foram e são violentadas. Que aquela tristeza que sentem nessas situações se chama opressão. Que não é sua culpa. E por mais que seja corriqueiro, não deve ser assim.
Elas não precisam carregar isso para si a vida inteira. Podem falar, podem compartilhar e vai ter muita mulher para acolher sua história e sua dor. Por isso mesmo, essa ferramenta que pode ser entendida como brincadeira, pode ser também poderosa para mostrar que várias dorzinhas juntas somam-se, como tijolos, formando um enorme muro que precisamos olhar. E precisamos desconstruir.
Essas campanhas exigem coragem. Porque é enorme a chance de seu amigo secreto ou de seu assediador estar entre seus amigos nas redes sociais e todos saberem a quem você se refere. Acontece que nossos amigos secretos e nossos assediadores não são monstros. Não são loucos. Sobretudo, não são desconhecidos. Pelo contrário, dividimos histórias com eles, compartilhamos sentimentos profundos, sinceros e bonitos. Porque eles estão ao nosso lado, o tempo todo. Dividimos casa com eles. A cama, a mesa do trabalho, a sala de aula, a militância. Eles ocupam os espaços que nos definem. Por esta razão, dói falar. Dói se dar conta de que quem você ama, admira ou compartilha experiências, é o mesmo que te machuca, te humilha, te indigna, te diminui, te faz sofrer.
Quanto mais próximo, mais difícil enfrentar. Por isso, é compreensível o silêncio e imobilização de muitas mulheres. Não quer dizer, contudo, que tenhamos que aceitar e deixar passar. Há sim, de se desconstruir e isso começa com a exposição do que vivemos e sentimos. A dor, solitária, dá mão a outras dores e ganham visibilidade para que os opressores (nossos amigos, sim) vejam, se incomodem, se dêem conta de que nos fazem sofrer.
Para violência física é preciso uma resposta: punição. Cadeia. Então, para os opressores que estupram, que batem, que matam não podemos exigir nada menos que um Estado fortalecido e rígido na punição contra esses crimes e na proteção das mulheres. Mas e para os opressores que assediam e que são nossos amigos secretos que machucam? O primeiro passo: eles têm de saber que provocam dor. Eles têm de ver estampada em sua timeline a sua contradição. Isso incomoda, sim.
Há um tempo, vivendo e pensando o machismo, me veio uma conclusão um pouco simplória. Não há nenhum homem que não seja machista. Se em casa a formação foi feminista, da porta para fora há um mundo que não é. Se no mundo descobriram que há muito machismo que deve ser descontruído, em casa tiveram uma formação difícil de ser abandonada. O que diferencia, então, um homem do outro em relação a seu machismo? O quanto o reconhecem e o quanto estão dispostos a enfrenta-lo e muda-lo. Há, aos montes, os que não reconhecem e muito menos estão dispostos a enfrenta-lo. Eles estão por aí latindo contra a campanha. Usando de todas as argumentações desonestas para não colocar a crítica no colo. Desses, amigas, a gente tem que correr.
Mas há os incomodados e eles são muitos. Porque reconhecer também dói. Ver a carapuça servindo perturba. E talvez não haja nada mais incômodo na construção de quem somos do que nos depararmos com nossas contradições. Com o descompasso do que fazemos e dizemos. Do que defendemos e do que fazemos quando estamos fora da luz pública. Nesse exercício, seria produtivo que nossos amigos secretos respondessem a isso como um rapaz na minha timeline. “Minha carapuça serviu em vários. Não vejo essa campanha como escracho, mas como pedagógica”.
E é sim um processo pedagógico. Para destruir esse muro que nos separa de um espaço de menos dor, mais respeito ao que somos, mais coerência, os tijolos desse enorme muro devem ser tirados um a um. Isso só pode acontecer se o machismo for percebido, reconhecido e encarado. Mas, para isso, temos que falar. Temos que expor. Temos que incomodar. Ou como diz Hannah Arendt, todas as tristezas podem ser suportadas se você as coloca numa história ou conta uma história a seu respeito.
Nádia Junqueira é jornalista e mestre em Filosofia Política (UFG). / njunqueiraribeiro@gmail.com
Fonte: a redação, em 25 de novembro de 2015.
Foto capturada no Library of Congress
Eu vivi para ver a luta feminista ganhar força. Vivi pra ver 3 mil mulheres na Marcha das Vadias. Sou contemporânea à PL 478/2007 (estatuto do nascituro), que está travada até hoje porque mulheres foram às ruas para dizerem que nossos úteros são laicos e que as leis de nosso país não podem nos violentar.
Vivi pra ver uma mulher lutar contra a ditadura e chegar à presidência, uma cantora produzir um clipe feminista com mais de sessenta mulheres e uma mulher chegar ao espaço. Pra ver uma das provas mais importantes do país abordando a violência contra a mulher como tema.
Faço parte, portanto, de uma geração de mulheres que percebeu que nós precisamos falar por nós mesmas. E que nós podemos fazer isso. O mundo tem compreendido: nós não estamos para brincadeira.
Enquanto isso, no Congresso, um deputado esconde dólares na Suíça e continua livre – e atuante, o que é ainda pior.
Cunha sabe que corrupção não dá em nada quando se tem poder – e que ele provavelmente continuaria roubando dinheiro público descaradamente sem maiores consequências, protegido por uma justiça omissa e tendenciosa.
Sua grande infelicidade foi mexer com as mulheres em uma época de tamanha efervescência feminista. Talvez numa tentativa de desviar o foco dos próprios escândalos, ele apresentou a PL 5069, que dificulta o atendimento a mulheres vítimas de violência sexual e proíbe a prescrição da pílula do dia seguinte.
Milhares de mulheres foram as ruas desde então, em vários estados do país. Em São Paulo, o ato contou com quinze mil mulheres. No Rio de Janeiro, outras cinco mil foram às ruas. Em Salvador ocorrerá o segundo ato Fora Cunha. As redes sociais estão tomadas por campanhas de protesto.
Nós já provamos que somos uma geração que não desiste, que não esmorece e que não foge à luta. Mostramos que nossa atenção e sensibilidade servem também para protagonizarmos a guerra pela nossa própria liberdade. E ainda que o Brasil esqueça os dólares na Suíça, nós não esqueceremos a PL 5069. E é justamente ela – talvez um simples e infeliz desvio de foco do deputado – que o derrubará.
Tenho dito: Eduardo Cunha é um trabalho nosso.
Colunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.
Fonte: Diário do Centro do Mundo, 22 de novembro de 2015.
Evento também discutiu a Carta de Goiânia, instrumento que busca a concretização da proteção às crianças e o desenvolvimento saudável e livre de violências
Foi realizado nos dias 9 e 10 de novembro o Seminário Primeira Infância Livre de Violências. O evento, que é uma parceria da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia com diversas instituições, teve como objetivo sensibilizar sobre o impacto das práticas violentas no desenvolvimento das crianças e discutir políticas públicas e prevenção das violências na primeira infância. No total, 473 pessoas participaram do seminário, como pais, profissionais e estudiosos da área de psicologia na infância, família e assuntos semelhantes, além de profissionais nas áreas de comunicação, assistência social, educação, saúde, judiciária e segurança.
O Seminário contou com palestras, debates e reflexões a respeito do tema, com a presença de profissionais da área da saúde, professores, representantes da área jurídica e de instituições de defesa da infância, para discutir a Carta de Goiânia, documento que pretende fortalecer ações de políticas públicas que buscam proteção de crianças das violências, com propostas para promover o desenvolvimento das crianças.
A abertura oficial aconteceu na terça-feira, 10 de novembro, e contou com a presença de representantes do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, Conselhos Tutelares, da Pastoral da Criança, Conselho Regional de Psicologia, do Ministério Público, do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), professores e os deputados Adriana Accorsi e Rubens Otoni, além de representações do governo estadual e da senadora Lúcia Vânia.
Território do Brincar
O primeiro dia do seminário foi marcado pela apresentação do filme “Território do Brincar”, resultado de um trabalho de pesquisa para sensibilização sobre a cultura da infância brasileira que foi produzido pelo Instituto Alana, organização que busca garantia de condições para uma boa vivência da infância.
Em seguida à exibição do filme, o psiquiatra Daniel Emídio de Souza e a coordenadora do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Goiás Katleem Lima debateram a respeito da importância do ato de brincar para o desenvolvimento das crianças.
Debates
Uma das mesas de debates discutiu o tema “Caminhos do cuidado e da prevenção das violências na primeira infância”, contando com a presença da Professora Doutora Lucia Cavalcanti de Albuquerque Williams, da Universidade Federal de São Carlos, que apresentou a importância da família na prevenção às violências na infância, com a apresentação de casos de famílias que eram consideradas de risco.
Durante os debates também foram apresentadas as políticas do Programa Primeira Infância Melhor, do Rio Grande do Sul, que foi lançado em 2003 e atende mais da metade dos municípios do Estado, com intervenções a famílias em situação de risco e vulnerabilidade social, para educar e cuidar das crianças, e do Instituto da Primeira Infância, Organização Não-Governamental (ONG) dedicada à promoção do desenvolvimento na primeira infância.
A segunda mesa de discussões tratou dos desafios da proteção à primeira infância no Brasil, coordenada pela Representante da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência e técnica do Núcleo de Vigilância às Violências da SMS Railda Martins. Um dos temas discutidos foi a respeito da saúde e dignidade da criança, com uma palestra da pediatra Rachel Niskier, do Núcleo de Apoio aos Profissionais que atendem Crianças e Adolescentes vítimas de Violência no Rio de Janeiro.
Carta de Goiânia
A Carta de Goiânia, que foi lida e apresentada durante o Seminário, é um instrumento para que se busque a concretização primeira infância livre de violências. Durante o evento, houve uma mesa para que se fizessem reflexões e sugestões a respeito do conteúdo da Carta. A Carta contempla vários aspectos a respeito da busca e fortalecimento de políticas para a proteção e cuidado das crianças para o desenvolvimento saudável e livre de violências.
Miqueias Coelho
Abaixo as apresentações:
"Crianças - crescer e se desenvolver com saúde e dignidade: tarefa de todos"
Dra. Rachel Niskier – Pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz, coordenadora do Núcleo de Apoio aos Profissionais que atendem Crianças e Adolescentes vítimas de Violência (NAP - IFF/Fiocruz) e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria – Rio de Janeiro
"Crianças Queimadas"
Vereadora Cristina Lopes Afonso – fisioterapeuta especialista em queimaduras