“Acá, los miedos son elementales: se trata de dos madres que intentan proteger a sus hijos de un mal invisible. ‘Los hombres de la película no tienen ni idea de lo que está pasando realmente. Y las mujeres tienen esta conexión con sus hijos, pero también con la tierra y con la comprensión de lo que está sucediendo en el mundo metafísico’, agrega el productor Mark Johnson.”
30 de out. de 2021
Distancia de rescate - Claudia Llosa y Samanta Schweblin
16 de out. de 2021
O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de COVID-19 - Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
“Então, afetamos o futuro de nossos filhos. À medida que destruímos o meio ambiente, todos destruímos o futuro deles, mas acredito que não seja tarde demais.”
Começo da Vida 2 – Lá Fora
O
papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e
adolescentes durante e após a pandemia de COVID-19 - Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP)
Grupo de Trabalho Criança,
Adolescente e Natureza
Coordenação:
Luciana
Rodrigues Silva (SBP), Maria Isabel Amando de Barros (Instituto Alana,
relatora)
Membros: Daniel Becker, Dirceu Solé, Evelyn Eisenstein, Liubiana
Arantes de Araújo, Maria Isabel Amando de Barros, Ricardo Ghelman, Virgínia
Weffort
Crianças e adolescentes estão
experimentando e sentindo o impacto da Covid-19 de várias maneiras diferentes:
mudanças na relação com a escola, maior permanência em casa com as famílias,
aumento do tempo de uso de telas, assim como mudanças em sua saúde física,
emocional e bem-estar. Pesquisadores em todo o mundo ainda tentam estimar os
impactos emocionais, físicos e cognitivos do longo tempo de isolamento
decorrente da pandemia e do estresse dentro das famílias.
Uma metanálise que avaliou dados de 29
estudos, incluindo 80.879 jovens de todo o mundo, concluiu que as estimativas
de incidência de depressão e ansiedade infantil e no adolescente, durante a
pandemia de Covid-19 são da ordem de 25,2% e 20,5%, respectivamente. O estudo
concluiu ainda que a prevalência de sintomas de depressão e ansiedade durante
a Covid-19 dobrou, em comparação com as estimativas pré-pandêmicas. ¹
No
Brasil, uma pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
(FMCSV) indicou que, na pandemia, 27% das crianças de 0 a 3 anos voltaram a ter
comportamentos que tinham quando eram mais novas, segundo a percepção dos pais.²
Embora saibamos que regressões geralmente são transitórias, essa é uma
evidência importante do impacto do isolamento nas crianças pequenas.
Em
outro levantamento também realizado pela FMCSV, dessa vez em parceria com a
Universidade Federal do Rio de Janeiro, crianças da pré-escola, entre quatro e
cinco anos, apresentaram sinais de déficit no desenvolvimento da expressão
oral e corporal no período de suspensão das aulas presenciais, de acordo com a
avaliação dos educadores.³
Em relação aos adolescentes no Brasil,
uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre os impactos
da pandemia nessa população apontou que 48,7% têm sentido preocupação,
nervosismo ou mau humor, na maioria das vezes ou sempre. Houve aumento no
consumo de doces e congelados, bem como no sedentarismo: o percentual de jovens
que não faziam 60 minutos de atividade física em algum dia da semana antes da
pandemia era de 20,9%, e passou a ser de 43,4%. 4
Já bastante confinados antes da
pandemia, as crianças e adolescentes ficaram ainda mais sedentários e perderam
as poucas oportunidades que tinham de brincar, praticar atividades físicas e
conviver entre si, do lado de fora, vinculando-se com a natureza e com a vida.
Precisaremos de todos os esforços possíveis a fim de mitigar os impactos da
pandemia e fortalecer essa geração que irá enfrentar tantos desafios, incluindo
os impactos das alterações climáticas, a desigualdade social e econômica, e as
consequências das rápidas mudanças tecnológicas.
Há evidências sólidas de que criar e
possibilitar o acesso de crianças, jovens e famílias a espaços naturais
diversos e acolhedores pode contribuir muito para a recuperação de sua saúde e
bem-estar, bem como para o fortalecimento de vínculos e conexões sociais.
5 Afinal, as áreas verdes são soluções baseadas na natureza
não apenas para as questões ambientais, mas também para a melhoria da saúde
pública. Simultaneamente, aumentar o número de áreas verdes seguras e
conservadas, e distribuí-las de forma mais equânime no território, nos ajudará
a construir uma cidade mais segura, sustentável, resiliente, includente e
solidária.6
As atividades físicas, naturalmente
desenvolvidas em contato com a natureza, apresentam potencial para reduzir a
gravidade das infecções por Covid-19 pelos efeitos positivos dos exercícios
sobre a imunidade, hábitos de sono, pressão arterial, controle do peso,
glicemia e infecções respiratórias virais. Adicionalmente os benefícios para a
saúde mental são enormes, desde a redução do estresse contínuo e dos sintomas
de depressão e ansiedade, com reequilíbrio hormonal do cortisol e sua
repercussão no sistema imunológico e nas inflamações.7
Um amplo estudo nacional desenvolvido
no Canadá sobre as experiências e atitudes de crianças e jovens durante a
pandemia, no qual meninos e meninas foram ouvidos, relata que o brincar e o
acesso às áreas abertas e naturais - como ruas, praças e parques - foram
apontados como fatores de influência para vivências mais positivas durante o
período da pandemia, incluindo experiências escolares mais satisfatórias, maior
bem-estar, mais atividade física, menos tempo de telas e menos estresse. O
estudo também ressalta a desigualdade relacionada ao acesso a esses benefícios.
Crianças e jovens que vivem em apartamentos pequenos, longe de áreas verdes
qualificadas, são em sua maioria negros e indígenas e vêm de famílias de baixa
renda.8 No Brasil,
essa desigualdade também é evidente, com a maioria da população vivendo em
áreas urbanas, em contextos que vão desde crianças restritas aos playgrounds
dos edifícios até territórios vulneráveis e sem acesso a áreas verdes e
equipamentos públicos qualificados.
O reconhecimento do direito ao brincar
e ao convívio do lado de fora, ao ar livre, em contato com a natureza, está
fundamentado em diversos marcos legais ligados à infância e é reconhecido pela
Sociedade Brasileira de Pediatria como uma prioridade.9
Durante a pandemia, esse direito foi negado tendo em vista a necessidade de
prevenir a transmissão viral. Agora é o momento de rever estratégias e
trabalhar pela redução dos danos. Acreditamos que fomentar o acesso ao brincar
e ao convívio social ao ar livre, sem aglomerações e sempre usando máscaras,
ajudará a mitigar o longo impacto da pandemia na saúde e no bem-estar de uma
geração de crianças e adolescentes.
Recomendações para os pediatras:
– Orientar
que as crianças e adolescentes tenham acesso diário, no mínimo por uma hora, a
oportunidades de brincar, aprender e conviver com a - e na - natureza para que
possam se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social.
– Acolher
famílias apreensivas e impactadas com perdas, traumas e medos, e avaliar junto aos
pais e mães formas seguras de realizar atividades de lazer a céu aberto,
ressaltando o efeito terapêutico e curativo que esses momentos podem trazer:
procurar um local pouco visitado ou visitar parques e praças fora do horário
de pico; usar máscaras; higienizar as mãos com frequência; evitar aglomerações;
em caso de passeios em pequenos grupos com outras famílias e amigos, não
compartilhar alimentos, bebidas e utensílios.
–
Planejar com as famílias uma “dieta de natureza”, de forma que as crianças e adolescentes
possam retomar o hábito de brincar e conviver ao ar livre de forma cotidiana e
frequente: brincar no parquinho mais próximo pelo menos uma hora por dia; fazer
um passeio ou caminhada na rua/praça/orla da praia ou lagoa uma vez na semana;
fazer um piquenique num parque diferente uma vez ao mês, priorizando a alimentação
saudável; e, eventualmente, planejar viagens para locais onde as crianças
possam usufruir dos espaços abertos com autonomia, liberdade e segurança.
Recomendações para as famílias:
-
Priorizar toda e qualquer atividade de lazer e convívio social em
espaços abertos, ao ar livre e com elementos naturais como grama, areia,
terra, árvores e plantas, com os quais as crianças possam interagir dentro de
seu próprio ritmo e tempo.
- Sugerir e
incentivar que as escolas incluam aprendizagens ao ar livre nos protocolos de retomada
das aulas presenciais. O uso de espaços ao ar livre, como pátios, quadras e
jardins, se apresenta como uma forma de diminuir os riscos de transmissão do
coronavírus e, ao mesmo tempo, colabora na promoção de saúde e bem-estar dos
educadores e estudantes.10
–
Manter os cuidados protetivos: usar máscaras de forma adequada, lavar sempre as
mãos e/ou higienizá-las com álcool em gel, evitar aglomerações e festas e, em
caso de quaisquer sintomas, ficar em casa e testar os envolvidos.
Recomendação geral:
– Apoiar
iniciativas da sociedade civil e políticas públicas destinadas a aumentar o
acesso e o contato das crianças e das famílias, especialmente as mais
vulneráveis, com a natureza, o ar livre e a conservação das áreas naturais.
Referências:
01. Racine
N, McArthur BA, Cooke JE, Eirich R, Zhu J, Madigan S. Global Prevalence of Depressive
and Anxiety Symptoms in Children and Adolescents During COVID-19: A Meta-analysis.
JAMA Pediatr. 2021 Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2782796?resultClick=1.
doi:10.1001/jamapediatrics.2021.2482. Acesso em 17 de setembro de 2021.
02.
Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Primeiríssima Infância - Interações na
pandemia: Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em
tempos de Covid-19; 2021 Disponível em:
https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/primeirissima-infancia-interacoes-pandemia-comportamentos-cuidadores-criancas-0-3-anos-covid-19/
Acesso em 20 de setembro de 2021.
03. Para
78% dos professores, crianças da pré-escola têm expressão oral e corporal
afetadas durante a pandemia, diz pesquisa; G1; Educação; 29/03/2021 Disponível
em: https://g1.globo.
com/educacao/volta-as-aulas/noticia/2021/03/29/para-78percent-dos-professores-criancas-da-pre-escola-tem-expressao-oral-e-corporal-afetadas-durante-a-pandemia-diz-pesquisa.
ghtml/ Acesso em 20 de setembro de 2021.
04.
Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisa da Fiocruz aponta os impactos da pandemia na
rotina dos adolescentes brasileiros, 2020 Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-da-fiocruz-aponta-os-impactos-da-pandemia-na-rotina-dos-adolescentes-brasileiros/
Acesso em 10 de setembro de 2021.
05. Chawla
L. Benefits of Nature Contact for Children. J Plann Liter. 2015;30(4):433-452.
Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0885412215595441/
doi:10.1177/0885412215595441. Acesso em: 20 de setembro de 2021.5
06. Sugar
S. The Necessity of Urban Green Space for Children’s Optimal Development. UNICEF.
Disponível em: https://www.unicef.org/media/102391/file/Necessity%20of%20
Urban%20Green%20Space%20for%20Children%E2%80%99s%20Optimal%20Development.pdf/ Acesso
em: 20 de setembro de 2021
07. Sallis
JF, Pratt M. Multiple benefits of physical activity during the Coronavirus pandemic.
Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde. 14/09/2020 [acesso em: 20 setembro 2021]; 25:1-5.
Disponível em: https://rbafs.emnuvens.com.br/RBAFS/article/view/14268/
08. Maximum
City. COVID-19 child and youth study: the role of play and outdoor space; 2021
Disponível em: https://static1.squarespace.com/static/5a7a164dd0e628ac7b90b463/t/6053
601208bc3850abd83bcf/1616076821403/COVID-19+Child+and+Youth+Study_+PLAY+
AND+OUTDOOR+SPACE+REPORT+v2.pdf Acesso em 20 de setembro de 2021.
09.
Sociedade Brasileira de Pediatria, Instituto Alana. Manual de Orientação -
Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes; 2019
Disponível em: https://
criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2019/05/manual_orientacao_sbp_cen.pdf
Acesso em 20 de setembro de 2021.
10.
Instituto Alana. Planejando a reabertura das escolas: a contribuição das
pesquisas sobre os benefícios da natureza na educação escolar Disponível em: https://criancaenatureza.org.
br/wp-content/uploads/2020/08/Planejando-a-reabertura-das-escolas.pdf Acesso
em 20 de setembro de 2021.
Para mais informações:
O
documentário O Começo da Vida 2: Lá Fora, que conta com o apoio da Sociedade
Brasileira de Pediatria e está disponível nas principais plataformas digitais,
é uma grande fonte de informação e inspiração para mobilizar esforços por mais
natureza para as crianças e mais crianças na natureza. No site do filme, é
possível acessar diversos materiais de apoio direcionados às famílias, aos
educadores e aos profissionais de saúde.
12 de out. de 2021
Ensaio sobre a Convenção sobre os Direitos da Criança: Engravidar o mundo de futuro - Mia Couto
O melhor
prémio que tive enquanto escritor foi-me dado por uma criança. Por um menino
que teria uns 9 anos de idade. O pai tinha-o levado a uma sessão de lançamento
do meu livro "O gato e o escuro".
A obra foi apresentada como sendo um "livro para crianças", apesar da
minha resistência em aceitar que alguém escreve "para" crianças. O
facto é que o menino ali estava, à entrada do grande salão, com um exemplar
debaixo do braço. O pai pediu-me que assinasse o livrinho antes da sessão de
lançamento porque o menino, o Manuel, tinha que se deitar cedo. Ajoelhei-me
junto ao Manuel e fiz umas tantas perguntas idiotas que os adultos normalmente
fazem quando acreditam que estão a falar com crianças. O menino olhou-me
desinteressado e quase desapontado: eu era igual a todos os outros, os que,
vezes sem conta, já lhe haviam feito as mesmas perguntas. Coloquei-lhe então
uma outra questão:
- Este livro é sobre o medo do escuro. Será que tu tens medo?
Pela primeira vez ele me olhou nos olhos. Demorou a reagir e respondeu com uma
pergunta:
- E tu tens medo do escuro?
Disse-lhe que sim. Ele gostou da sinceridade, deu meia volta e quando já se
afastava conduzido pela mão do pai, ele parou e disse-me à distância:
- Não tenhas medo. O escuro apenas é feito das coisas que nele colocamos.
Disse aquilo para me reconfortar. Mas ele apenas recitava uma frase que eu
tinha escrito no livro. O facto de um menino ter citado uma frase minha como se
fosse algo da sua autoria foi talvez o maior dos prémios literários que tive.
Nunca mais esquecerei esse momento.
Falo deste episódio para chegar a um outro ponto de partida: quase todos nós
deixamos de saber falar com as crianças. Primeiro, pela raridade do momento: as
poucas vezes que a elas nos dirigimos é para lhes falarmos. Não é para falarmos
com elas. Essa ausência de diálogo tem uma aparente justificativa: as crianças,
pensamos nós, pouco sabem e o que sabem, sabem mal. Não são ainda pessoas. São
um projecto de pessoa. Olhamos para baixo quando falamos com elas. Como se elas
fossem incompletas e estivessem à espera de legitimação para serem tratadas
como sujeitos. Até esse reconhecimento de idade elas não são senão objecto da
nossa atenção, mesmo que essa atenção seja positiva.
Em segundo lugar, não falamos com elas, porque o conteúdo da nossa
"conversa" com as crianças resume-se a três ou quatro perguntas
sempre iguais:
- Como te chamas?
- Quem é o teu pai? Ou a tua mãe?
- Em que escola andas?
- O que queres ser quando fores grande?
Esgotadas estas perguntas, resta um vazio. A razão deste vácuo não está na
criança. A falta de habilidade para o diálogo mora em nós, adultos: deixámos de
saber lidar com a infância que sobrevive dentro de nós. Mais grave ainda: temos
medo de revisitar essa criança que subsiste no nosso íntimo.
Quando construímos a categoria "criança" inspiramo-nos quase sempre
num critério meramente etário. Fica demarcada uma fronteira intransponível: de
um lado, "eles", as crianças; do outro, nós, vivendo no território da
maturidade, longe da infância.
Estamos marcados por preconceitos e ideias feitas que vão desde a tentativa de
menorizar os outros até à percepção da criança como uma entidade pura,
essencial e que, por isso, se encaixa bem numa gaveta existencial. A realidade
é outra, bem diferente: as crianças surpreendem-nos e revelam-se pessoas
inteiras, com capacidades ao mesmo tempo iguais e diferentes das nossas.
Algumas dessas capacidades nós, que nos chamamos de adultos, já as
perdemos.
Essa plasticidade de pensamento, essa capacidade de estarmos disponíveis e nos
espantarmos, são características que muito nos ajudariam a sermos melhor, num
mundo mais aberto à mudança.
Na verdade, não existe uma entidade denominada "criança" que possa
ser separada de forma definitiva do resto da humanidade.
Essa entidade é sobretudo de carácter relacional. Ela nasce das interações entre os diferentes grupos sociais, religiosos e culturais.
Não se é criança. Está-se criança. É evidente que a Convenção sobre os Direitos
da Criança teve que operar nessa generalização simplificadora. E é justo que
não se relativize aquilo que é central e essencial de modo a não cair na
armadilha dos relativismos culturais que nos atirariam para muita palavra e
pouca acção. Foi nessa dimensão universalista que se deram passos decisivos no
mundo inteiro. Em Moçambique essas conquistas são visíveis e constituem um
claro motivo de orgulho.
Contudo, existem alguns cuidados que nos devem guiar na avaliação do que foi
feito e do que falta fazer. Essa avaliação é muitas vezes conduzida de forma
apressada e para servir intenções políticas. E as conquistas tendem a ser
apresentadas de forma quantitativa: o número de escolas, o número de vacinas, o
número de crianças abrangidas por programas sociais. Falta examinar a
qualidade. Falta avaliar a adequação da escola em função da dinâmica do tempo
que vivemos.
As muitas escolas que foram edificadas são, na verdade, uma condição para que
se observe um dos direitos fundamentais da criança. Mas elas preparam as novas
gerações para um futuro que já se torna presente? Está a nossa sociedade
estruturada para se confrontar com a dinâmica demográfica que se avizinha?
Estamos acompanhando as exigências crescentes de uma sociedade maioritariamente
composta por gente com menos de 15 anos?
Noutros termos: quanto estamos construindo no ventre do presente uma sociedade
grávida de futuro? Esta é as perguntas mais sérias que podemos fazer quando o
tempo presente se senta no lugar do réu.
Fonte: UNICEF, Maputo, dezembro de 2014