Segundo
pesquisadores da UFG, na vigência do isolamento social quase 3 mil e 500 vidas
foram salvas.
Desde o
início da pandemia da covid-19, um falso dilema entre proteção à vida e
economia foi imposto à sociedade. Cabe perguntar: quem move a economia? A
economia não para em caso de adoecimento de milhares de trabalhadores e
trabalhadoras?
Diante dessa premissa, a Mesa Diretora do Conselho
Municipal de Saúde de Goiânia e o Comitê Goiano em Defesa dos Trabalhadores e
Trabalhadoras da Saúde e Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 manifesta seu
apoio a qualquer pessoa que exerça cargo de gestão pública que assumir a defesa
da vida como valor absoluto e adotar o princípio do diálogo com toda a
sociedade, trabalhadores e trabalhadoras da saúde, usuários e usuárias do
Sistema Único de Saúde (SUS), e não apenas do setor empresarial.
Bons exemplos de países que souberam lidar com a pandemia
não nos faltam. Não escutar a ciência e não reconhecer o isolamento social como
uma medida eficaz de controle do contágio por diversos países que têm tido
sucesso em conter a covid-19 provoca mortes evitáveis, promove o colapso do
sistema de saúde e enfraquece ainda mais a economia.
A pesquisa desenvolvida pelos professores doutores Thiago
Rangel, José Alexandre Felizola Diniz Filho e Cristiana Toscano, da
Universidade Federal de Goiás (UFG), apontou a expansão espaço-temporal da
covid-19 em Goiás. Caso o isolamento social, que hoje se restringe a 36%, não
aumentar, podem ocorrer até 162 mortes por dia no estado, e chegaremos a 6 mil
no final de julho. É importante destacar que a UFG tem acertado as projeções
feitas até o momento, inclusive o dia que atingiríamos 100 mortes pela
enfermidade em Goiás.
O estado
caminha para o pior cenário, em que poderemos ter 1.200 pacientes graves
disputando leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Se não aumentarmos
nossa taxa de isolamento social de 36% para 50%, em quatro semanas teremos o
colapso do nosso sistema de saúde, quando serão necessários até 3.778 leitos de
hospital por dia e, no fim de julho, a demanda subirá para 5.114 leitos. Esse
número representa 18 vezes mais leitos disponíveis hoje.
Além das vidas e da saúde, a verdade e a comunicação, muitas
vezes, podem ser afetadas em situações de emergência. Temos visto diversos
canais de comunicação, como as redes sociais, usados para a disseminação de
rumores, mensagens de ódio e distorção de informações científicas, criando
confusão e insegurança.
Precisamos
melhorar o acesso à informação da população e de trabalhadores e trabalhadoras
da saúde. Manifestamos também nossa preocupação com a ausência de uma ampla
campanha de comunicação, transparente e responsável, que ajude a sociedade
goiana a se proteger da melhor forma possível. Necessitamos urgentemente de
realizar análises periódicas da situação, elaborando um sistema para disseminar
informações úteis que conscientizem a população, as pessoas ligadas à gestão e
a imprensa. Somente por meio de práticas
mais eficazes de proteção à vida teremos segurança, dignidade e esperança.
Dalva Bittencourt, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Goiânia.
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Fotos: acervo
da Dalva Bittencourt e de Edivaldo Bernardo de Lima (Manifestação em defesa da vida organizada pela Mesa Diretora do Conselho Municipal de Saúde e o Comitê Goiano em Defesa dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde e Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 realizaram um ato público nesta segunda-feira, 1º de junho de 2020).
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