“Se ela andava no jardim, Que cheiro de jasmim, Tão branca do luar... Eis tenho a junto a mim, Vencida é minha, enfim, Após tanto a sonhar... Por que entristeço assim? Não era ela, mas sim, O que eu quis abraçar, A hora do jardim... O aroma de jasmim... A onda do luar...”
O poema simbolista de Camilo Pessanha que encerra o filme,
veio parar ali direto de uma aula de cursinho, quando um professor leu o poema
após uma minha desilusão amorosa. O poema que nunca mais esqueci, que é a farsa
de uma lírica romântica, já que na verdade faz sucumbir todos os preceitos do
romantismo clássico, jogando por terra os pilares do amor idealista e afirmando
de modo tão subversivo quanto libertador a frugalidade e a efemeridade de um
encontro amoroso que só faz sentido pela circunstância, caiu como uma luva para
o momento da história. A SUBVERSÃO AMOROSA É A MAIOR REDENÇÃO DE CHEGA DE
SAUDADE, QUERO CRER. O casal de jovens, na plenitude de sua beleza não possui
ferramentas para manter vivo nenhum tipo de amor, não têm experiência para
escapar das armadilhas do amor institucional, enquanto o outro casal, com
barriga e rugas, sinais do tempo, possui ferramentas capazes de afirmar um amor
original, seja lá de que moral for, quando tudo em torno conspirava
terrivelmente contra” (Luiz Bolognesi -
Roteiro do Filme Chega de Saudade).
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