5 de abr. de 2020

Chega de Saudades - Laís Bodanzky




“Se ela andava no jardim,
Que cheiro de jasmim,
Tão branca do luar...
Eis tenho a junto a mim,
Vencida é minha, enfim,
Após tanto a sonhar...
Por que entristeço assim?
Não era ela, mas sim,
O que eu quis abraçar,
A hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar...” 

O poema simbolista de Camilo Pessanha que encerra o filme, veio parar ali direto de uma aula de cursinho, quando um professor leu o poema após uma minha desilusão amorosa. O poema que nunca mais esqueci, que é a farsa de uma lírica romântica, já que na verdade faz sucumbir todos os preceitos do romantismo clássico, jogando por terra os pilares do amor idealista e afirmando de modo tão subversivo quanto libertador a frugalidade e a efemeridade de um encontro amoroso que só faz sentido pela circunstância, caiu como uma luva para o momento da história. A SUBVERSÃO AMOROSA É A MAIOR REDENÇÃO DE CHEGA DE SAUDADE, QUERO CRER. O casal de jovens, na plenitude de sua beleza não possui ferramentas para manter vivo nenhum tipo de amor, não têm experiência para escapar das armadilhas do amor institucional, enquanto o outro casal, com barriga e rugas, sinais do tempo, possui ferramentas capazes de afirmar um amor original, seja lá de que moral for, quando tudo em torno conspirava terrivelmente contra” (Luiz Bolognesi  - Roteiro do Filme Chega de Saudade).






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