29 de set. de 2019

Amor e erotismo por Octavio Paz



“O amor é um sentimento que só pode nascer de um ser livre, que pode nos dar ou retirar sua presença”.

Octávio Paz




EROTISMO


O erotismo é uma poética corporal e a poesia é uma erótica verbal.

O erotismo não é mera sexualidade animal: é cerimônia, representação, sexualidade transformada: metáfora.

Sexo, erotismo e amor são aspectos do mesmo fenômeno, manifestações daquilo a que chamamos vida.
O mais antigo dos três, o amplo e básico, é o sexo. O sexo é o centro e o fulcro desta geometria passional.

O erotismo é exclusivamente humano.

O erotismo é invenção, variação, incessante; o sexo é sempre o mesmo.

Dupla face do erotismo: fascinação diante da vida e diante da morte.

O erotismo é, antes de tudo e sobretudo, sede de ser outro. E o sobrenatural é radical e supremo ser-se outro.

O sentido religioso de um poema como o Cântico dos Cânticos não pode separar-se do seu sentido erótico profano:

são dois aspectos da mesma realidade. Nos místicos sufis é frequente a confluência da visão religiosa com a erótica.

A comunhão é comparada às vezes com um festim ente dois amantes no qual o vinho corre com abundância.

Ebriedade divina, êxtase erótico.

Octávio Paz




Poesia e erotismo nascem dos sentidos, mas não terminam neles. Ao se soltarem, inventam configurações imaginárias – poemas e cerimonias.

Octavio Paz

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