É verdade, em
qualquer caso, que a ignorância aliada com o poder, é o inimigo mais feroz que a
justiça pode ter.”
“Es cierto, en
cualquier caso, que la ignorancia aliada con el poder, es el enemigo más fiero
que la justicia puede tener.”
James A. Baldwin.
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“El
filme, realizado por David Mac Mahon, Sarah Burns y Ken Burns, cuenta cómo en 1989 cinco menores fueron
condenados a penas que oscilaban entre seis y 13 años de prisión por
supuestamente haber violado a una corredora blanca.
A
pesar de que ningún testigo confirmó la tesis de la policía y las
pruebas de ADN los
exculparon, ellos sólo lograron salir de la prisión convertidos en adultos,
cuando Matías Reyes, violador reincidente, confesó el crimen.
En
opinión de Sarah Burns, una de las realizadoras, detrás de esta injusta
condena, que destrozó cinco vidas, se esconde una ciudad presa del racismo.
El
documental sobre el caso, bautizado por la prensa como The Central Park Five,
incluye entrevistas a los acusados y sus familias, antiguos alcaldes de Nueva York y a
periodistas” (EcuRed).
When They See Us (traducida al español
como "Así nos ven") de Netflix es la impactante minissérie que relata el
caso de los 5 jóvenes injustamente condenados en EE.UU. por una brutal
violación” (BBC Mundo News).
“Yo creo en la justicia, pero no creo en
poder judicial. Un poder judicial sumetido al poder politico, un poder judicial
que corrompe más que construye” (Pérez Esquivel en Clacso).
A roupa
da vítima, inclusive o uso ou não de calcinha, não provoca estupro e ponto
final. Foto: “O que você estava vestindo?”
exposição promovida pelo Centro Comunitário Marítimo, em Bruxelas, na Bélgica.
As
violências sexuais, como toda forma de violência, são manifestações humanas complexas e
multicausais. Afirmar que as crianças da Ilha de Marajó sofrem violências
sexuais por que não usam calcinhas, seguramente, é uma demonstração pública de
total ignorância em relação aos conhecimentos acumulados pela ciência sobre as
causas de violências contra crianças e adolescentes. Todavia, a fala da
ministra Damares não revela somente desconhecimento e despreparo, mas sim sua
visão misoginia e machista.
O comentário
da ministra é um claro exemplo do discurso que fortalece e sustenta a cultura
do estupro. Cultura que visa desresponsabilizar os autores de violências sexuais
por meio de justificativas como:
a) a
incapacidade do homem de controlar seus impulsos sexuais;
b) o uso de
roupas e\ou comportamentos “sedutores” são o que provocam o estupro;
c) a mulher
não deve se expor, circulando livremente em espaços público, dentre outro
absurdos similares.
Nesse
sentido, o blog Educar Sem Violência vem a público se solidarizar com as
mulheres amazonenses e seu cotidiano enfrentamento a toda e qualquer forma de
violência, incluindo a violência simbólica que o discurso machista, misógino e
racista da ministra Damares representa.
Cida Alves
“Por que os pais exploram? É
por causa da fome? Vamos levar empreendimentos para a ilha do Marajó, vamos
atender as necessidades daquele povo. Uns especialistas chegaram a falar para
nós aqui no gabinete que as meninas lá são exploradas porque não têm calcinha.
Não usam calcinha, são muito pobres. E perguntaram ‘por que o ministério não
faz uma campanha para levar calcinhas para lá?’. Nós conseguimos um monte. Mas
por que levar calcinha? Essa calcinha vai acabar. Nós temos que levar uma
fábrica de calcinhas para a ilha do Marajó, gerar emprego lá, e as calcinhas
saírem baratinhas para as meninas”, disse a ministra Damares.
Nota de Repúdio
Nós, mulheres
da Amazônia, ribeirinhas, pescadoras, camponesas, estrativistas,
parteiras tradicionais, quebradeiras de côco, erveiras, indígenas, negras, de
matriz africana, do campo, da floresta, das águas e das cidades, repudiamos e
desaprovamos publicamente a postura da Ministra Damares que devido a sua
ignorância e total desconhecimento da realidade dos povos amazônicos, se
reporta de forma indigna e desrespeitosa a condição de vida das mulheres
e crianças amazônidas. O conteúdo expresso ao se reportar sobre a
violência sexual praticada contra às mulheres, jovens e crianças traduz
de forma agressiva, machista, misógina e discriminatória a prática do
governo brasileiro ao tratar a questão da violência praticada contra
mulheres jovens e crianças no Brasil.
A manifestação
da Ministra, ao se referir às mulheres e às meninas da Amazônia, que sofrem
diariamente as consequências do descaso e ausência do estado brasileiro, em não
promover a distribuição de renda justa para aplicar em políticas públicas que
garantam a geração de trabalho, emprego e renda para as mulheres desta região,
demonstra o quanto o governo brasileiro está distante da realidade dos
povos amazônicos. Não bastasse a posição delinquente e preconceituosa do
governo brasileiro contra o povo nordestinos, agora presenciamos o discurso de
um Ministério constituído para resguardar os direitos das mulheres, vindo a
público se manifestar contra as mulheres do Norte, da Amazônia brasileira!
Diante dessa
triste e perversa realidade, as entidades, organizações, movimentos sociais de
mulheres, coletivos feministas dos nove Estados da Amazônia Brasileira, que
integram o Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, denunciam, junto às
autoridades, órgãos nacionais e internacionais, a violação institucional dos
direitos das cidadãs brasileiras que vivem nas florestas, no campo e nas
cidades amazônicas!
Exigimos
respeito e políticas públicas!
POR MIM, POR
NÓS, POR TODAS!
Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia/ MAMA