CARTA
DE GOIÂNIA – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) PÚBLICO E DE
QUALIDADE
A
saúde é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 e
regulamentado pelas Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080 e Lei
8.142/1990) e é um patrimônio da população brasileira.
Nos
últimos anos, o sistema público de saúde, assim como toda a
seguridade social, tem sofrido ataques e desmontes por decisões
políticas e de governo, que priorizam o privado em detrimento do
público atendendo às demandas dos setores e empresas privadas e não
as necessidades da população. Por isso reiteramos que saúde não é
mercadoria. Em acordo com a Carta “Sistema Único de Saúde –
Patrimônio do Brasil” publicizada pelo sindicato dos enfermeiros
do Estado do Rio Grande do Sul denunciamos “… a incerteza da
continuidade do SUS face ao projeto defendido pelas empresas por meio
da Federação Brasileira de Planos de Saúde (FEBRAPLAN). Este
projeto de novo sistema foi apresentado no 1º Fórum Brasil –
Agenda Saúde, e, segundo ele, em 2038 apenas 50% da população terá
acesso ao SUS, o sistema seria privatizado, obrigando a população,
já tão depauperada pelos retrocessos de direitos e outras mazelas a
contratar um plano privado ou pagar exames e consultas particulares
caso precise de atendimento de saúde.”. Esta situação é
agravada diante dos ataques constitucionais como a Emenda
Constitucional No 95/2016, que reduz e congela por 20 anos os gastos
em áreas sociais, a reforma trabalhista, a reforma da previdência e
a proposta concreta de desvinculação das receitas para a saúde,
que destruirão o SUS, a saúde como um direito e o próprio Estado
democrático de direito.
Os
argumentos de que o SUS não tem garantido o cumprimento de seus
princípios devem ser lidos a partir da análise sobre dados
concretos do subfinanciamento do sistema e do desmonte de políticas
e programas que organizam o mesmo. Toda a desconstrução do SUS
determinará o aumento de pessoas adoecendo e morrendo, inclusive
pessoas morrendo nas ruas sem nenhuma assistência e perspectiva de
socorro, resultado das políticas de austeridade e de retirada de
direitos sociais.
Portanto,
nós, delegados e delegadas e participantes da 10ª Conferência
Municipal de Saúde, ocorrida em Goiânia, no período de 13 a 16 de
março de 2019, manifestamos nosso repúdio as políticas de
austeridade implementas das a partir de 2016. Exigimos que o SUS e
também os recursos naturais sejam preservados e protegidos como
patrimônio do povo brasileiro, que o recurso do fundo do pré-sal
seja retornado para a saúde e educação, ampliando assim a fonte de
financiamento do SUS para além do que já está definido em lei.
Por
fim, exigimos auditoria da dívida pública prevista no Artigo 26 Das
Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988, que é
fundamental para se obter a necessária transparência sobre o maior
gasto do orçamento federal (juros e amortização da dívida), que
consomem todo ano quase a metade das despesas federais, comprometendo
também as finanças dos estados e municípios.
Portanto,
somos contra a reforma da previdência social, a Emenda
Constitucional No 95/2016 e as desvinculações de receitas
constitucionais da saúde. Queremos a revisão da reforma
trabalhista, a proteção do cerrado enquanto ambiente de vida e
saúde e defendemos de forma intransigente o SUS como um direito e
patrimônio dos goianienses, dos goianos e dos brasileiros.
Goiânia,
16 de Março de 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Adoraria ver publicado seu comentário, sua opinião, sua crítica. No entanto, para que o comentário seja postado é necessário a correta identificação do autor, com nome completo e endereço eletrônico confiável. O debate sempre será livre quando houver responsabilização pela autoria do texto (Cida Alves)