O
médico Ricardo Paes Sandré é investigado por assédio contra
subordinadas dentro do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em
Goiânia. Colegas relataram abuso de autoridade e que o profissional
insinuava querer manter relações sexuais com elas. A defesa diz que
todas as acusações são falsas.
“[Ele
disse] Eu estou aqui à disposição, eu abaixo a calça e é
rapidão”, declarou uma das denunciantes durante depoimento ao
Ministério Público. As gravações foram obtidas com exclusividade
pela TV Anhanguera.
O
Ministério Público ouviu o depoimento de 85 pessoas e instaurou um
Inquérito Civil Público para apurar o caso. “Ele falava: ‘você
está precisando é dar. Você tem que dar. Resolve todos os
problemas. Tem muito tempo que você fez? Não vai ficar com teia de
aranha aí’”, disse, em depoimento, uma das mulheres.
Ela
conta ainda que não denunciou o caso à época porque temia ser
processada por calúnia e difamação. Outra testemunha disse que o
médico andava armado e era amigo e parente de pessoas muito
influentes.
"Eu
considero ele uma das pessoas mais influentes do estado. Ele tem
privilégio de ser médico, genro do presidente [do TJ] e o irmão
dele era magistrado, então ele tem muita influência, tem muito
poder político", disse.
Segundo
os promotores, apesar das denúncias de assédio sexual, o médico
não é investigado por este crime, pois havia prazo de seis meses
para que as vítimas fizessem as denúncias e esse prazo expirou. O
MP-GO apura atos de improbidade administrativa.
As
investigações começaram em maio de 2017. O profissional é
concursado e ocupava a direção do Centro de Saúde do órgão. Com
as denúncias, ele deixou o cargo, mas segue como médico. Nesta
quinta-feira (17), a corregedoria do TJ começa a ouvir testemunhas
dos supostos assédios.
O
órgão disse que o presidente do TJ-GO declarou impedimento no caso
e não vai se pronunciar sobre o assunto. O processo é sigiloso e
está na fase de ouvir as testemunhas.
O
advogado Thomaz Ricardo Rangel, que defende o médico, diz que as
acusações são falsas. “Não houve nenhum assédio moral e nem
tampouco sexual. Nenhuma dessas acusações de fato aconteceu. É de
uma clareza solar que isso não aconteceu e há provas disso”,
disse.
Além
disso, ele afirmou que tudo isso está sendo feito para prejudicar o
médico após mudanças internas no tribunal e que não são de
responsabilidade do profissional.
“Existem
os médicos que trabalham na junta médica e os que atuam no centro
de saúde. Em uma viagem, um comitê de saúde viu que no tribunal do
Rio de Janeiro, médicos da junta médica também atendem no centro
de saúde e decidiram implantar aqui em Goiás. E isso desagradou e
atingiu o interesse de algumas pessoas lá dentro”, explicou o
advogado.
O
defensor disse ainda que vai apresentar as provas da inocência do
médico à Corregedoria do órgão.
O
Conselho Regional de Medicina (Cremego) disse que está apurando as
denúncias contra Ricardo Paes Sandré, mas que todo o processo
tramita em sigilo de acordo com o Código de Processo
Ético-Profissional.
Em
nota, o Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) informou que
recebeu uma comissão de médicos do TJ em outubro de 2007
"denunciando práticas em tese abusivas do médico em questão e
de imediato convocou uma Assembleia Geral Extraordinária para tratar
do assunto".
Após
reunião com o Tribunal de Justiça, o sindicato comunicou ao Cremego
todos os fatos para que o conselho apreciasse eventual ofensa ao
código de ética médica.
"Portanto,
todas as soberanas decisões tomadas pelos médicos do TJGO, nas
assembleias gerais convocadas pelo SIMEGO, foram prontamente
atendidas pelo sindicato", diz o comunicado.
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reportagem completa AQUI
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